Deputados intermediam acordo entre Unisa e
ex-funcionários
Ex-empregados da União de Borrachas S/A (Unisa) e
representantes da empresa estabeleceram negociações, nesta
quarta-feira (5/12/2001), em audiência pública da Comissão do
Trabalho, da Previdência e da Ação Social. A Unisa apresentou uma
proposta inicial para solucionar o impasse criado com a
reivindicação do pagamento dos créditos trabalhistas, que
contabilizam quase R$ 8 milhões, pendente desde a falência da
empresa, decretada em 1996.
A proposta da Unisa consistiu em disponibilizar
para o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Borracha
(Sintibor) seis imóveis que, de acordo com o diretor da Unisa,
Cristiano Costa, encaixam-se na categoria de bens que não se
encontram em processo produtivo. O sindicato, contudo, fez uma
contraproposta, de que, além dos imóveis, também fosse
disponibilizado R$ 1 milhão. A Unisa retificou sua proposta,
oferecendo ao Sindicato, além do que já havia sido proposto, valor
em dinheiro que a empresa possui em juízo, mais o que ela tem a
receber da Companhia de Artefatos de Borracha S/A (Carbo).
A Carbo arrendou a Unisa por um período de mais de
três anos; os ex-donos reassumiram a empresa e não pagaram os
direitos trabalhistas a nenhum dos 873 ex-empregados. De acordo com
Cristiano Costa, a Carbo deve aproximadamente R$ 360 mil. Esse valor
será repassado aos trabalhadores, segundo o acordo.
Divergência
O ex-funcionário da Unisa e gerente da empresa
Carbo, Vítor Hugo Nery Santiago, afirmou que "o que existe hoje na
Carbo pertence à Unisa". Ele disse que a Carbo tem a receber mais de
R$ 1 milhão em duplicatas que estão em poder da Unisa, e que o valor
que ela tem a repassar à empresa é de apenas R$ 50 mil. O
representante da Unisa afirmou que a Carbo realmente já fez
pagamentos, mas que ainda deve a quantia que entrou na proposta aos
ex-funcionários. Ele afirmou, ainda, que a empresa procurará
resolver o problema de retenção das duplicatas.
De acordo com o presidente do Sintibor, Paulo
Antônio da Silva, esta foi a melhor proposta que a Unisa apresentou
em seis anos, e por isso aceitaram. Ele indagou sobre os valores que
vierem a ser repassados para a Unisa por parte da Carbo. Cristiano
Costa disse que o que a empresa receber da Carbo será repassado ao
Sintibor.
Consolidação
O deputado Rogério Correia (PT), autor do
requerimento que deu origem à audiência, disse que resta agora a
consolidação do acordo entre as partes no Judiciário. "Esse avanço
não é tudo o que gostaríamos que fosse, mas, para seis anos de
espera, significa muito", afirmou.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PPB) - presidente, Bené
Guedes (PDT) e Rogério Correia (PT); além do comissário na
Concordata Suspensiva da Empresa Unisa, Paulo Pacheco de Medeiros
Neto; do promotor de Justiça da 2ª Vara de Fazenda Pública de
Falência e Concordata, Aldecir Resende Bollesi de Plá e Sant Anna;
da advogada do Sintibor, Patrícia Rios Cardoso; do diretor da Unisa,
Cristiano Costa; do ex-funcionário da Unisa e gerente da Empresa
Carbo, Vítor Hugo Nery Santiago; e do presidente do Sintibor, Paulo
Antônio da Silva.
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