Administração Pública discute carreira para setor tecnológico

Minas Gerais precisa dar uma guinada no setor tecnológico, pois os órgãos estaduais que desenvolvem o conhecimento es...

11/12/2001 - 17:56
 

Administração Pública discute carreira para setor tecnológico

Minas Gerais precisa dar uma guinada no setor tecnológico, pois os órgãos estaduais que desenvolvem o conhecimento estão no ostracismo, segundo o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), autor do Projeto de Lei (PL) 1.774/2001, que estrutura os quadros especiais de pessoal da administração pública estadual, autárquica e fundacional de várias instituições. O projeto foi o tema de uma audiência realizada, nesta quarta-feira (28/11/2001), pela Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa, que lotou o Auditório da Assembléia.

O deputado Sávio Souza Cruz, que foi secretário de Estado de Administração e Recursos Humanos, disse que há um esvaziamento do quadro de funcionários de pesquisa, pois não há reposição dos profissionais que deixam as instituições. Além disso, não há um esquema de qualificação profissional e falta também estímulo para que o funcionário desempenhe da melhor forma o seu trabalho, segundo ele. O deputado salientou, ainda, a questão salarial. "O Plano de Carreira atual está defasado. O salário dos pesquisadores é inaceitável e temos que rever essa situação reconstruindo elementos que dignifiquem a área da pesquisa tecnológica em Minas", afirmou. Segundo ele, o impacto financeiro do projeto para o Estado está estimado em R$ 1,4 milhão.

Salários baixos dificultam contratações

A presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec/MG), Magdala Alencar Teixeira, disse que a aprovação do projeto é importante para reestruturar o órgão. "O momento é muito propício para discutirmos a questão. Estamos encontrando dificuldade em contratar pessoas, pois não podemos oferecer salários compatíveis com a importância das funções. Precisamos renovar o quadro de funcionários mas não temos como fazê-lo", declarou a presidente. Segundo ela, em 1990 o Cetec tinha 131 pesquisadores; em 1999, cerca de 63 e hoje possuímos somente 60 pessoas", afirmou. Segundo a presidente do Cetec, a demanda de serviços para o órgão cresce vertiginosamente. "Estamos recebendo vários pedidos de pesquisa por parte de empresas estatais e privadas e precisamos nos desenvolver para acompanhar a situação. Temos que ser sinônimo de referência na área de pesquisa", afirmou Teixeira.

A presidente da Associação dos Servidores do Cetec, Patrícia Faleiro Pimentel, defendeu a criação de uma política pública para o setor tecnológico. "Há muito tempo estamos esperando que alguma coisa seja feita para que não definhemos como órgão. Creio que o projeto irá resgatar em parte a dignidade perdida em alguns anos", declarou. Patrícia Faleiro afirmou que a fundação não realiza concurso público há 12 anos e que isso acarretou uma grande defasagem de pessoal.

Feam - O gerente de Recursos Humanos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Frederico Leite Nascif, disse que a situação é a mesma do Cetec. "O nosso plano de carreira atual é totalmente inadequado. Os funcionários da Feam não possuem perspectivas de futuro, pois não existe uma proposta para se melhorar o salário dentro do órgão. Cerca de 80% dos nossos funcionários possuem nível superior e, apesar da capacitação, os salários não são condizentes", afirmou Nascif. Para o gerente, o projeto precisa ser aprovado ainda este ano. "Temos que regulamentar a nossa situação até o final do ano, senão será frustrante. O ponto chave da questão é fornecer possibilidades de progressão aos nossos profissionais", declarou.

O deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL), relator da proposição, destacou que a audiência pública é fundamental para a análise correta do projeto. "Tenho consciência de que é preciso mudar a situação do setor científico e tecnológico mineiro, pois a questão é de grande relevância para o Estado. Meu intuito é ouvir os servidores e saber as principais problemas os quais enfrentam", disse.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Eduardo Brandão (PL), presidente da Comissão; Cristiano Canêdo (PTB), Sargento Rodrigues (PDT), Sebastião Navarro Vieira (PFL), Márcio Kangussu (PPS) e Sávio Souza Cruz (PMDB), Amilcar Martins (PSDB), entre vários convidados.

 

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