CPI ouve representantes de empresas de laticínios

"O Brasil é auto-suficiente na produção leiteira e ainda importa leite, mesmo em condições desfavoráveis". A afirmaçã...

11/12/2001 - 17:56
 

CPI ouve representantes de empresas de laticínios

"O Brasil é auto-suficiente na produção leiteira e ainda importa leite, mesmo em condições desfavoráveis". A afirmação, do relator da CPI do Preço do Leite, deputado Luiz Fernando Faria (PPB), foi uma das conclusões a que chegaram os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito formada para, no prazo de 120 dias, apurar os mecanismos de formação do preço do leite na indústria e no comércio e investigar indícios existentes de cartelização. De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Leite da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Rodrigo Santana Alvim, o Brasil importou cerca de 50 mil toneladas de leite até outubro deste ano. O presidente da CPI, deputado João Batista de Oliveira (PDT), disse que o País tem condições de exportar leite pelo preço de US$ 1,6 mil a tonelada, mas importa a mesma quantidade por US$ 1,9 mil dos países que integram o Mercosul. Para ele, tais importações estão ligadas a acordos comerciais.

Segundo o deputado Kemil Kumaira (PSDB), o governo federal não importa leite, mas também "não tem manobra para impedir que o leite importado concorra com o nacional, não tem norma para defender o produto nacional". Para ele, trata-se de um problema político, econômico e social. O parlamentar afirmou que Minas Gerais é responsável por 30% da produção leiteira do País, mas o ICMS do leite cobrado pelo governo estadual é maior que em outros estados. Na opinião do representante da Empresa Alterosa Armazéns Gerais e da Representações Aliança, Salomão Teixeira de Souza, esse ICMS deveria ser eqüalizado em todo o País. O deputado Luiz Fernando Faria lembrou que a alíquota do leite no Rio Grande do Sul é igual a zero, mas "a indústria absorve esse benefício que deveria ser do produtor rural".

A Nutrir Nutrimentos Industriais S.A. não importa leite em pó desde 1999, segundo o presidente, Peter Jordan. De acordo com o presidente da Nutril Alimentos S.A., Uno Marques de Oliveira, as últimas importações realizadas pela empresa foram: 203 toneladas de leite em pó em 1997; 3,4 mil toneladas de leite em pó modificado em 2000; e 2.815 toneladas de soro de leite em 2001. Os presidentes disseram que os produtos eram importados, principalmente, da Argentina e do Uruguai, países que integram o Mercosul.

A denominação "leite em pó modificado" foi abordada pelo deputado João Batista de Oliveira, que considerou ser uma "falsificação legal". Para ele, "leite modificado não é leite". Embora Uno Marques de Oliveira tenha explicado que o leite, regulamentado por meio de decreto de 1952, do Ministério da Agricultura, possui uma porcentagem menor de proteína na sua constituição, mas de alto valor biológico, o presidente da CPI disse tratar-se de propaganda enganosa. Segundo ele, o consumidor não tem o hábito de ler rótulos de produtos e, se os lê, não os interpreta. O presidente da Nutril Alimentos S.A. disse que o leite modificado tem preço acessível às camadas populares e a mesma validade dos demais leites em pó.

As licitações, como, por exemplo, a realizada pela Prefeitura de São Paulo, que exigiu que as empresas tivessem a capacidade de fornecer mil toneladas de leite por mês, foram criticadas pelo presidente da Comissão. Para ele, "as licitações acabam sendo dirigidas, pois excluem 90% das indústrias nacionais". O deputado João Batista de Oliveira sugeriu que a Prefeitura fizesse consórcio, tendo as mil toneladas de leite fornecidas por várias "empresas pequenas".

Requerimentos

Na reunião, foram aprovados nove requerimentos, sendo quatro do deputado Bilac Pinto (PFL). O parlamentar solicitou às empresas Itambé, Nestlé, Vigor, Danone e Parmalat as planilhas de custo de todos os produtos derivados do leite referentes aos meses de fevereiro (safra) e outubro (entresafra) deste ano; e ao Carrefour Comércio e Indústria Ltda. o original do documento Acordo Nacional para Fornecimento, conforme solicitação feita em reunião da Comissão de que participaram representantes da empresas. Ele requereu, também, que sejam convidados a participar da reunião de 27 de novembro a presidente da Associação Mineira de Municípios, Adriane Barbosa, os presidentes das Associações Microrregionais de Municípios e o prefeito de Curvelo, Maurílio Guimarães, e a participar da reunião destinada a ouvir os presidentes das Comissões Parlamentares de Inquérito do Leite dos Estados de Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, presidentes das Comissões de Agropecuária dos Legislativos estaduais.

O deputado Luiz Fernando Faria (PPB) solicitou que sejam requisitadas às empresas de produtos lácteos Nestlé, Itambé, Embaré e Leite Glória/Parmalat informações sobre o volume produzido e a capacidade instalada de produção de leite em pó nos últimos três anos; e ao Laboratório de Análise de Referência Animal (Lara), do Ministério da Agricultura, cópias dos laudos de exames laboratoriais de leite e produtos lácteos realizados no período de 1997 a 2001. O parlamentar requereu, também, que sejam requisitadas às empresas importadoras de leite em pó presentes na reunião desta terça-feira (20/11/2001) cópias das notas fiscais de importação referentes aos anos de 1999 a 2001; e ao representante da Empresa Alterosa Armazéns Gerais e da Representações Aliança, Salomão Teixeira de Souza, a relação das empresas que realizaram importação de leite em pó por intermédio de sua empresa, bem como das quantidades negociadas, de 1997 a 2001. Do deputado Paulo Piau (PFL), o requerimento foi para que seja ouvido, em reunião da CPI do Preço do Leite, o proprietário do Laticínio Taigors, Joselito Gonçalves Batista.

Presenças

Participaram da reunião os deputados João Batista de Oliveira (PDT), presidente da Comissão, Paulo Piau (PFL), vice-presidente, Luiz Fernando Faria (PPB), Cristiano Canêdo (PTB), Kemil Kumaira (PSDB), Márcio Kangussu (PPS), Bilac Pinto (PFL), Doutor Viana (PMDB), Jorge Eduardo (PMDB), Carlos Pimenta (PDT) e José Milton (PL), além do presidente da Nutril Alimentos S.A., Uno Marques de Oliveira; do presidente da Nutrir Nutrimentos Industriais S.A., Peter Jordan; do representante da Empresa Alterosa Armazéns Gerais e da Representações Aliança, Salomão Teixeira de Souza; do superintendente da Conabe em Minas Gerais, Marcelo Junqueira Ferraz; presidente da Comissão Técnica de Leite da Faemg, Rodrigo Santana Alvim; do promotor de defesa do consumidor Amauri Artimos da Mata; e do representante do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado Marcílio Magalhães.

 

 

 

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