Guarda compartilhada é defendida em debate

A guarda única de filhos por pais separados foi debatida, com representantes de entidades ligadas ao Direito de Famíl...

11/12/2001 - 17:56
 

Guarda compartilhada é defendida em debate

A guarda única de filhos por pais separados foi debatida, com representantes de entidades ligadas ao Direito de Família, pela Comissão de Direitos Humanos nesta quarta-feira (14/11/2001). O grande número de pais que enfrentam esta questão foi destacado pelo deputado Edson Rezende (PT), presidente da Comissão, que afirmou serem necessárias as presenças materna e paterna na vida dos filhos, que não têm culpa da separação dos pais.

A realização da reunião foi considerada uma atitude corajosa da Comissão pelo presidente da Associação Pais para Sempre, Rodrigo Dias, que apresentou números para ilustrar o que definiu como "indústria do divórcio", geradora de "muito dinheiro para poucos à custa de muito sofrimento, principalmente para as crianças". De acordo ele, no ano passado, em Belo Horizonte, foram 6.300 separações, consensuais e litigiosas, que envolveram, diretamente, 20.100 pessoas, entre pais e mães, filhos e operadores de Direito, e movimentaram mais de R$ 8 bilhões. O presidente da Associação Pais para Sempre criticou as visitas quinzenais fixadas a pais e mães que perdem a guarda dos filhos por juízes, por não garantirem a "convivência familiar", garantida no artigo 227 da Constituição Federal, e disse que, para a Associação, trata-se de um direito mínimo. Ele apelou a pais para que não disputem os filhos na Justiça. Segundo Rodrigo Dias, os filhos não pertencem ao pai ou à mãe, estando apenas sob sua responsabilidade.

A guarda compartilhada de filhos por pais separados, defendida pela Associação Pais para Sempre, representa um "avanço histórico", na opinião do juiz da Vara da Infância e da Juventude da Capital, Geraldo Claret de Arantes, pois "pessoas queriam se eximir da paternidade e, agora, querem assumi-la". Ele disse que, como ocorria na Roma antiga, os filhos ainda são considerados propriedades dos pais, que fazem deles "objetos de troca, de vingança, de disputa". Para o juiz, a guarda não significa posse, mas proteção. Ele considerou que a "convivência familiar" deve se estender a toda a família, não se limitando aos pais.

Segundo Sofia Rabelo, representante do Instituto Brasileiro de Direito de Família, "o conceito de família está se modificando e o Direito, conjunto de normas e organização da sociedade, tenta acompanhá-lo". A interferência do Estado para proteger crianças e adolescentes envolvidos no conflito da separação dos pais foi considerada válida por ela, que disse, ainda, que a "separação deve ocorrer entre os pais e não entre pais e filhos". De acordo com a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança, Maria Lúcia dos Santos Miranda, ainda há muitos pais se eximindo das responsabilidades para com os filhos. A guarda compartilhada será bem sucedida com uma mudança de cultura, na opinião da presidente do Conselho.

Mônica Viana, representante do Instituto de Mediação e Arbitragem do Brasil, considerou "pai" e "mãe" funções essenciais na vida dos filhos, que "devem localizar as duas funções em dois corpos". Para ela, raramente é melhor que crianças tenham acesso a apenas um dos pais, "somente em casos doentios". Como ocorre nos tribunais, o último a fazer uso da palavra foi o juiz da 5ª Vara de Família, Alberto Aloísio Pacheco de Andrade, para quem dar o veredito "é muito difícil". Ele disse que não há rigor, mas bom senso dos pais na fixação das visitas aos filhos. Para o juiz, não existe a "indústria do divórcio", já que a separação não se dá por culpa de operadores de Direito, mas por motivos pessoais do casal, tratando-se, portanto, de um "fluxo normal". Ele ressaltou que "quem entra em um tribunal, só tem a perder".

Na reunião, foi aprovado o parecer de 2º turno do deputado Durval Ângelo (PT) sobre o Projeto de Lei (PL) 1.613/2001, do governador de Minas Gerais, que dispõe sobre prevenção contra incêndios e pânico no Estado. O relator opinou pela aprovação da proposição, que objetiva dotar o Corpo de Bombeiros das condições legais necessárias ao pleno exercício da ação fiscalizadora, na forma do vencido no 1º turno.

Foram aprovados, também, dois requerimentos. Do deputado Edson Rezende (PT), solicitando, ao governador do Estado, providências urgentes, devido à exigüidade do prazo que expira segunda-feira (19/11), no sentido de atender o pleito do capitão da Polícia Militar reformado, Marcos Flávio de Castro Vale, que visa promoções aos graus superiores. O deputado Carlos Pimenta (PDT) requereu o envio de ofícios ao secretário de Estado de Segurança Pública, Márcio Barroso Domingues, e ao comandante-geral da Polícia Militar do Estado, coronel da PM Álvaro Nicolau, solicitando uma viatura policial nova, com a máxima urgência, para a Comarca de Grão Mogol.

Presenças

Participaram da reunião os deputados Edson Rezende (PT), presidente da Comissão, Durval Ângelo (PT), vice-presidente, Luiz Tadeu Leite (PMDB), Marcelo Gonçalves (PDT), Doutor Viana (PMDB), Dalmo Ribeiro Silva (PPB) e Dimas Rodrigues (PMDB), além dos convidados: juiz da Vara da Infância e da Juventude da Capital, Geraldo Claret de Arantes; presidente da Associação Pais para Sempre, Rodrigo Dias; presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança, Maria Lúcia dos Santos Miranda; Sofia Rabelo, representante do Instituto Brasileiro de Direito de Família; Mônica Viana, representante do Instituto de Mediação e Arbitragem do Brasil; e juiz da 5ª Vara de Família, Alberto Aloísio Pacheco de Andrade.

 

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