Deputados e prefeitos discutem a "Lei Robin Hood"

Prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais de diversas cidades de Minas Gerais reuniram-se com deputados, nes...

11/12/2001 - 17:56
 

Deputados e prefeitos discutem a "Lei Robin Hood"

Prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais de diversas cidades de Minas Gerais reuniram-se com deputados, nesta quinta-feira (8/11/2001), a pedido do deputado Ivair Nogueira (PMDB), para discutir a "Lei Robin Hood". Este ano, a Assembléia Legislativa debateu sobre a Lei em Comissão Especial que procedeu a estudos sobre a legislação relativa ao rateio da parcela da arrecadação do ICMS pertencentes aos municípios. Os trabalhos da Comissão foram encerrados no dia 10 de outubro.

O que diz a lei - A Constituição de 1988 determinou que dos 25% da receita do ICMS que são destinados aos municípios, 75% serão distribuídos na proporção do Valor Adicionado Fiscal (VAF) e 25% serão rateados segundo critérios legais, adotados pelos próprios Estados federados. No final de 1995, depois do projeto tramitar na Assembléia Legislativa, o então governador Eduardo Azeredo sancionou a Lei 12.040, que instituiu tais critérios para Minas Gerais, que levam em conta a população dos municípios, seus gastos com saúde, educação e meio ambiente, entre outros. Essa lei, chamada "Robin Hood" por beneficiar municípios mais pobres, foi depois alterada por outras quatro proposições, também aprovadas pela Assembléia. Essas inovações foram consolidadas no final do ano passado pela Lei 13.803/2000, atual "Lei Robin Hood", que determina a distribuição de 25% de toda a arrecadação do ICMS de Minas para os municípios que mais aplicarem em educação, produção de alimentos, patrimônio cultural, meio ambiente e saúde, entre outros setores. Originalmente, 10% desses 25% seriam distribuídos pelo critério do VAF, sendo depois gradualmente incorporados aos percentuais destinados aos novos critérios e, hoje, restam ainda 4,632% dos 10% originais a serem transferidos.

O relatório da Comissão Especial que estudou o assunto propõe a redistribuição do percentual de 4,632% que atualmente é rateado com base no VAF do município e inclui, nas suas conclusões, a proposta de um projeto de lei de revisão da Lei 13.803, sancionada em dezembro de 2000, e que consolida a legislação originária da Lei Robin Hood. Ele sugere redistribuir a parcela do ICMS pertencente aos municípios através de três grupos: critérios econômicos, relacionados ao VAF da Constituição (75%), produção de alimentos, meio ambiente, receita própria, municípios mineradores e compensação financeira aos municípios de Mateus Leme e Mesquita; critérios sociais solidários, como área geográfica, população, educação, patrimônio cultural, saúde, cota mínima; e critérios de compensação solidária, ICMS solidário (redistribuirão do percentual que era distribuído pela Lei Robin Hood com base no VAF).

Ainda segundo o relatório final, os critérios de compensação solidária são a redistribuição do percentual do critério do VAF que excedia o mínimo constitucional, instituindo uma compensação per capita para os municípios cujos índices consolidados de critérios econômicos e sociais ficaram abaixo da média per capita acrescida de 40%. É restringida a participação nos critérios sociais solidários aos municípios que estavam abaixo da média per capita dos créditos econômicos acrescida de 40%.

Prefeitos protestam

O prefeito de Contagem, Ademir Lucas, disse que a atual proposta da Lei é "autofágica e canibalista", uma vez que nenhuma prefeitura do Estado tem folga financeira. Para ele, a municipalização de setores, como a educação, a saúde, o turismo e a segurança pública, promovida pelo Estado, exige muito mais dos municípios, e se a proposta for levada adiante vai sacrificar muitas cidades. "Os municípios não têm mais nada para oferecer. Já que setores foram municipalizados, que sejam, então, repassadas verbas do orçamento para a municipalização", afirmou. Ademir Lucas é a favor da retirada de recursos do Estado e não de outros municípios que acabam tendo sua renda per capita diminuída. Ele sugeriu, ainda, que a Lei Robin Hood seja prorrogada pelo período de um ano para que, neste tempo, sejam feitas discussões mais profundas sobre o processo de arrecadação de ICMS.

"O município que tem arrecadação maior não está errando e muito menos cometendo um crime", afirmou o prefeito de Nova Lima, Vítor Penido, que tem a mesma preocupação de Ademir Lucas: os cofres públicos municipais. Na visão de Penido, não houve critérios para discussão do projeto. Muitos prefeitos, segundo ele, em vez de exigirem recursos retirados de outros municípios, deveriam "fazer uma retrospectiva de sua administração".

Em 1995, quando a Lei foi votada, o deputado Geraldo Rezende (PMDB), segundo ele mesmo, foi o único que votou contra. A diferença de renda per capita entre as cidades, que já existia e que se aprofundou, foi um dos motivos que o levaram a votar contra a Lei. De acordo com o deputado, dos 853 municípios de Minas, 82 têm sua receita reduzida em virtude da Lei e, 770, lucram. "Se não tem saída, por enquanto, o melhor é deixar as coisas como estão e, no próximo ano, que o presidente da Casa provoque discussão profunda sobre o assunto", concluiu.

A Associação Mineira de Municípios (AMM) também está propondo, segundo afirmações de seu representante, estudo aprofundado do assunto. Para a Associação, se houver modificações na Lei, que elas não sejam prejudiciais aos municípios menos favorecidos.

O deputado Ivo José (PT) falou dos trabalhos que a Comissão Especial da Lei Robin Hood desenvolveu e afirmou que mudanças não podem ser feitas sem que antes o todo seja analisado. "Não podemos fazer as coisas sem análise e isso servir de desestímulo para municípios que investem em saúde e educação", disse.

Presenças - Participaram da reunião, além de prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais, os deputados Antônio Júlio (PMDB) - presidente da Alemg, Ivo José (PT), Geraldo Rezende (PMDB), Hely Tarqüínio (PSDB), Luiz Menezes (PPS) e Mauro Lobo (PSB).

 

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