Denúncias de corrupção na Santa Casa de Belo Horizonte

"Há fortes indícios de existência de corrupção na administração da Santa Casa de Belo Horizonte". A denúncia foi apre...

11/12/2001 - 17:56
 

Denúncias de corrupção na Santa Casa de Belo Horizonte

"Há fortes indícios de existência de corrupção na administração da Santa Casa de Belo Horizonte". A denúncia foi apresentada pelo diretor do Sindicato dos Médicos, Marcelo Mascarenhas, à Comissão de Saúde, na reunião desta quinta-feira (8/11/2001), realizada a requerimento do deputado Marco Regis (PL), presidente da Comissão. Segundo Mascarenhas, houve favorecimento no processo de terceirização do serviço funerário a uma empresa criada dez dias antes do início dos procedimentos e ligada a administradores da Santa Casa. Mascarenhas afirmou que os administradores são altamente remunerados. Foram, ainda, apontadas diversas irregularidades administrativas na instituição, sendo que a principal se refere ao não pagamento da bolsa aos 130 médicos residentes. O pagamento está atrasado desde agosto, mês pelo qual os residentes receberam apenas 50% do valor integral. O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) solicitou a sistematização das informações para que as denúncias sejam formalmente encaminhadas ao Ministério Público.

Mascarenhas disse que a Santa Casa não irá resolver os problemas e modificar a situação sem que haja transparência nas contas e democracia na administração. "O que acontece no hospital é um exemplo da situação da Saúde no País. Os administradores só se preocupam com as finanças, e não com a qualidade. Estão colocando o capital acima do ser humano e isso não é filantropia, mas pilantropia ", declarou. O 2º-secretário da Comissão Estadual de Residência Médica (Cerem), Leonardo Veloso, falou que na primeira vistoria realizada pela Comissão, a situação era assustadora. De acordo com ele, havia falhas nos estágios obrigatórios e os médicos residentes cumpriam uma carga horária excessiva e sem o acompanhamento do preceptor. Veloso sugeriu o desconto direto dos valores relativos às bolsas no repasse das verbas do Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa em Saúde (Fideps), pelo qual a Santa Casa recebe mensalmente R$ 475 mil, valor superior à soma das bolsas, que é de cerca de R$ 1 mil por residente.

O vice-presidente da Associação Mineira dos Médicos Residentes, Ricardo Miguel, falou que a residência na Santa Casa possui um histórico de formação de recursos humanos para a Saúde que deveria ser preservado. Ricardo Miguel informou que os recursos do Fideps são repassados pelo Ministério da Saúde para o Fundo Municipal de Saúde, que repassa para as instituições. O representante da Comissão de Residência Médica da Santa Casa (Coreme), Ricardo Barsaglini Leite, disse que os problemas educacionais detectados na visita do MEC à instituição foram equacionados, mas que a área administrativa não se propõe ao diálogo. Barsaglini disse que a residência está correndo risco de extinção pela inabilidade administrativa dos administradores. "É um desrespeito da administração para com os médicos residentes. Eles não fornecem nenhuma explicação para o atraso no pagamento", comentou.

Requerimentos - Foi aprovado requerimento do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) solicitando a realização de audiência pública para obter esclarecimentos sobre o Programa de Residência Médica da Santa Casa de Belo Horizonte, tendo em vista as denúncias apresentadas na reunião da Comissão de Saúde. Para a audiência serão convidados o provedor da Santa Casa e representantes do Ministério Público, Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde, Conselho Regional de Medicina, Sindicato dos Médicos, Associação Médica de Minas Gerais, entidades de Residência Médica e Conselho Estadual de Saúde.

Outro requerimento aprovado, da Comissão de Saúde, solicita o encaminhamento de ofício ao provedor da Santa Casa de Belo Horizonte no sentido de que se proceda a regularização imediata do pagamento das bolsas aos médicos residentes da instituição.

A Comissão de Saúde aprovou, ainda, requerimento do deputado Marcelo Gonçalves (PDT) solicitando a realização de reunião conjunta com a Comissão de Transportes, Comunicação e Obras Públicas, para debater o Projeto de Lei (PL) 1.171/2000, de sua autoria, que dispõe sobre a manutenção do serviço médico de urgência nos terminais rodoviários de propriedade do Estado. Para a reunião, pede que sejam convidados o secretário de Estado da Saúde, o secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte, o diretor de Operação de Via do DER/MG e o engenheiro Otacílio Magalhães Lage.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Marco Regis (PL), José Braga (PMDB), Adelmo Carneiro Leão (PT), Carlos Pimenta (PDT) e Elaine Matozinhos (PSB).

 

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