Comissão discute segurança no hipercentro da Capital

"Não é tão fácil a solução para esse problema, mas ela existe", afirmou o deputado Miguel Martini (PSB), ao se referi...

11/12/2001 - 17:56
 

Comissão discute segurança no hipercentro da Capital

"Não é tão fácil a solução para esse problema, mas ela existe", afirmou o deputado Miguel Martini (PSB), ao se referir à falta de segurança no hipercentro de Belo Horizonte, que compreende 86 quarteirões em torno da Praça Sete de Setembro. A discussão da insegurança na região, a seu pedido, foi realizada em audiência pública pela Comissão de Direitos Humanos, nesta terça-feira (6/11/2001). Segundo informações da Polícia Militar, circulam pelo hipercentro mais de 1,5 milhão de pessoas diariamente, há muitas agências bancárias e de 30 a 38 prostíbulos. De acordo com os participantes da reunião - PM, sociedade civil organizada e empresários -, é necessários somar esforços tanto do governo, quanto da comunidade e do Legislativo para solucionar o problema.

O deputado Miguel Martini (PSB) falou sobre o esforço que a Polícia Militar de Minas vem fazendo para conter a violência no centro da Capital e apontou três fatores que, segundo ele, contribuem para a proliferação de atos violentos na região: a lotação das delegacias que, segundo ele, obrigam delegados a escolher quem vai ser preso; a miséria; e os menores infratores em grande quantidade espalhados não só pelo centro da cidade, mas por toda a Capital. A soma de esforços da PM, da Prefeitura de Belo Horizonte, do governo estadual e da Assembléia Legislativa é, na visão do deputado, um passo muito importante para a resolução do problema. "Não acredito em problemas sem solução. O poder público tem que funcionar", concluiu.

Ação do Consep - Os índices de assaltos na Praça da Rodoviária, na Praça da Estação e no Viaduto Santa Tereza diminuíram consideravelmente, segundo o presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública do Hipercentro (Consep), Lincoln Pereira Nascimento. De acordo com ele, isso se deve ao desenvolvimento de projetos do Consep em prol da segurança pública, como o "Plano Estratégico e Metas de Segurança Pública" que vem sendo desenvolvido no hipercentro. Lincoln Pereira julgou necessária a designação de um representante da Casa para acompanhar os trabalhos de revitalização da segurança pública sugeridos pelo Conselho. Ele acredita, no entanto, que exista desmotivação dos profissionais da Segurança Pública e que isso seja um agravante.

PROBLEMAS SOCIAIS SÃO DESTACADOS

As pichações dos monumentos e patrimônios da cidade, principalmente na região central; a miséria que assola a população de rua; e a possível implosão do Edifício Central são, segundo o presidente do Mercado Central, Ercílio Caldeira Pereira, fatos que comprovam a violência moral e social na cidade. Os pichadores não são punidos corretamente, segundo Ercílio. Ele afirmou que a PM fica, às vezes, inibida de tomar certas decisões, seja pela incerteza da detenção desses infratores, seja pela agressão que sofrem. A falta de oferta de trabalho, de abrigos na Capital e de incentivo social e econômico para a zona rural são, de acordo com o presidente, fatores que contribuem para o aumento da marginalidade e que precisam ser solucionados. "Você é o que é porque existe uma sociedade. Ajude a conservá-la para não ser destruído", disse.

O anseio de empresários da região em solucionar o problema foi exposto pelo presidente da Associação de Lojistas da região do hipercentro, Hamilton Ferreira. Nos últimos cinco anos, afirmou Ferreira, houve aumento considerável de prostituição na região - o que, ainda de acordo com ele, é ambiente propício para a realização de roubos e pequenos furtos. "As pessoas não denunciam por vergonha ou até mesmo por prudência", falou. O Consep e a PM estão contribuindo muito para a busca da solução, mas ele afirma que é necessária e importante a adesão da Alemg no combate à violência.

Trabalho disfarçado - A vice-presidente da Associação de Condomínios do Centro, Nilza Dorotéia, relatou casos de violência testemunhados no centro da cidade e, como sugestão para solução mais rápida do problema, julgou mais eficaz a adoção de disfarces pelos policiais militares. Desta forma, opinou, seria facilitada a tarefa de descobrir quem são os infratores e onde são encontrados. Cobrar do governo a construção de um presídio de segurança máxima foi outra questão mencionada por Nilza Dorotéia.

POLÍCIA MILITAR FALA DA OCUPAÇÃO DO VIADUTO DE SANTA TEREZA

A ocupação do Viaduto de Santa Tereza e de outros pontos da região central assolados pela violência, de acordo com o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, tenente coronel Gilberto Cabral Costa, foi eficiente a ponto de dizimar os atos violentos que antes eram cometidos nos locais. "Os índices de criminalidade nesses locais, hoje, estão reduzidos praticamente a zero", afirmou. A PM, segundo o comandante, cumpre seu papel, mas é necessário que mais forças sejam somadas.

O comandante da 6ª Companhia da Polícia Militar, capitão Aílton Cirilo, disse que a ocupação desorganizada na zona central dificulta o trabalho da Polícia, o que, conseqüentemente, contribui para o atraso no controle da segurança pública. De acordo com dados fornecidos pelo coronel, circulam pelo hipercentro mais de 1,5 milhão de pessoas diariamente; há muitas agências bancárias e de 30 a 38 prostíbulos. Isso, segundo ele, é um fator que evidencia a necessidade da segurança no centro. A reunião seguiu com debates.

Presenças - Compuseram a Mesa os deputados Edson Rezende (PT), presidente da Comissão; Luiz Tadeu Leite (PMDB); e Miguel Martini (PSB), autor do requerimento que originou a reunião; além dos seguintes convidados: o presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública do Hipercentro (Consep), Lincoln Pereira Nascimento; o presidente do Mercado Central, Ercílio Caldeira Pereira; o presidente da Associação de Lojistas da região do hipercentro, Hamilton Ferreira; a vice-presidente da Associação de Condomínios do Centro, Nilza Dorotéia; o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, tenente coronel Gilberto Cabral Costa; e o comandante da 6ª Companhia da Polícia Militar, capitão Aílton Cirilo.

 

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