Questão tributária é abordada pela CPI do Preço do
Leite
A questão tributária foi o tema da reunião da CPI
do Preço do Leite realizada, nesta terça-feira (30/10/2001), com a
participação do secretário de Estado da Fazenda, José Augusto Trópia
Reis, e do secretário-adjunto da Indústria e Comércio, Marcos
Lamounier Bicalho, representando o secretário Omar Resende Peres. A
principal discussão foi a respeito da renúncia de 12% de ICMS sobre
produtos comercializados interestadualmente, aplicada por alguns
Estados. Essa renúncia acaba beneficiando produtores "estrangeiros",
que competem igualmente ou com vantagens em relação aos mineiros, no
nosso mercado. "Minas está sozinha, defendendo a moralidade; é
preciso haver mecanismos que favoreçam os produtores locais", opinou
o deputado Cristiano Canêdo (PTB). Os deputados da CPI afirmaram que
não podem aceitar o prejuízo que recai sobre o produtor.
Segundo Trópia Reis, a questão tributária incidente
sobre o setor de laticínios privilegia o estado-produtor. Ele
afirmou que o produtor mineiro paga 12% de ICMS interestadual e 7%
para a comercialização em Minas. De acordo com ele, se todos os
Estados respeitassem essa regra, os produtos de cada unidade da
Federação teriam vantagem competitiva nos respectivos mercados
locais. Trópia Reis explicou que as indústrias de laticínios do
Centro-Sul e Sul do País têm competitividade favorecida nos mercados
locais; já as indústrias do Norte, Nordeste e Centro-Oeste adotam o
ICMS local e interestadual de 7%.
Na opinião de Trópia Reis, outra situação existente
em Minas é a produção de leite maior que a demanda. Tendo em vista
esse quadro, informou sobre o Decreto nº 41.984, que dá
possibilidade ao produtor de leite de aproveitar créditos de ICMS
das etapas anteriores do processo, mas está sendo reformulado por
provocar protestos nos segmentos não beneficiados, de acordo com o
secretário.
Bônus - Os deputados
propuseram, no que diz respeito ao tratamento tributário, a criação
de bônus aos produtores mineiros, como demonstração de apoio ao
contribuinte do setor. "Esse bônus vai coibir a sonegação, aumentar
a arrecadação e ajudar quem está na falência", afirmou o deputado
Antônio Andrade (PMDB). Segundo Trópia Reis, o setor de laticínios
responde por apenas R$ 15 milhões da arrecadação do Estado, apesar
de sua importância na economia do Estado - o que, acrescentou,
comprovaria a existência de sonegação. Ele disse que a grande malha
rodoviária de Minas Gerais dificulta a fiscalização, mas que o
Governo, para amenizar o problema, está colocando computadores e
antenas de satélite nos carros de fiscalização.
DEPUTADO MENCIONA ALTA CARGA TRIBUTÁRIA
O secretário-adjunto da Indústria e Comércio,
Marcos Lamounier Bicalho, disse que a Secretaria é contra a "guerra
fiscal" e concorda com a política tributária proposta pela
Secretaria da Fazenda. O deputado Paulo Piau (PFL) falou sobre a
esperada reforma tributária, afirmando que Minas Gerais perdeu, nos
últimos cinco anos, 700 mil produtores de leite, apesar de continuar
sendo responsável por 1/3 (um terço) da produção total no País. Ele
cobrou das Secretarias quais as ações de estímulo ao produtor de
leite. O deputado apresentou dados segundo os quais Minas Gerais e
Rio de Janeiro possuem as maiores cargas tributárias do País.
Respondendo ao deputado Paulo Piau, Trópia Reis
disse que a Secretaria tem exercido fiscalização dirigida nas
grandes redes de supermercados para estornar o crédito do ICMS
indevido e comentou proposta do governo de que o queijo minas seja
incluído na cesta básica, tendo alíquota reduzida para 7%. Marcos
Lamounier Bicalho afirmou que a Secretaria da Indústria e Comércio
tenta atender às reivindicações dos empresários, citando a mudança
da data de fruição do benefício fiscal da Itambé. O presidente da
Comissão, deputado João Batista de Oliveira (PDT), sugeriu a isenção
de imposto para o leite pasteurizado. "Os produtores poderão vencer
as licitações e se igualarem àqueles de outros Estados".
Paulo Piau se disse preocupado com a evasão das
indústrias de laticínios de Minas Gerais para outros Estados da
Federação. Trópia Reis justificou o problema explicando que alguns
burlam as regras e Minas, para reverter o quadro negativo, tem
cobrado a diferença na entrada do produto no mercado local. "A
guerra fiscal está no fim; desta forma, não será mais vantajoso para
as indústrias instalarem-se fora do Estado de origem".
REQUERIMENTOS APROVADOS
Foram aprovados cinco requerimentos. O deputado
Antônio Andrade (PMDB) pediu informações sobre a participação das
empresas Leite Glória, Mococa, Coonai, Matinal, Central Paulista e
Leite Shefa - ou sobre a existência de convite às mesmas - em
reuniões para a definição de preços pagos aos produtores de leite,
nos últimos 24 meses. O relator da CPI, deputado Luiz Fernando Faria
(PPB), convocou o proprietário da rede de supermercados Irmãos
Bretas e Filhos Ltda a comparecer à CPI, tendo em vista sua
ausência, ou de seu representante, às reuniões realizadas em Juiz de
Fora e Patos de Minas. Convocação do presidente da Associação
Brasileira das Indústrias de Leite Pasteurizado (Abilp) foi feita,
ainda, em requerimento do deputado Cristiano Canêdo (PTB). Já o
deputado Márcio Kangussu (PPS) solicitou que a Nestlé, a Itambé, a
Parmalat, a Cotochés e a Vigor apresentem informações estatísticas
sobre o preço pago ao produtor de leite.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados João Batista de Oliveira (PDT), presidente;
Paulo Piau (PFL), vice-presidente; Luiz Fernando Faria (PPB),
relator; Antônio Andrade (PMDB), Cristiano Canêdo (PTB), Kemil
Kumaira (PSDB), Márcio Kangussu (PPS), Dilzon Melo (PTB) e Ermano
Batista (PSDB), além dos secretários e assessores do Executivo, bem
como o promotor promotor Amauri Artimos da Matta, da Promotoria de
Justiça do Procon Estadual da Área de Alimentação.
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