CPI ouve sindicalistas sobre a situação dos carvoeiros

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Carvoarias, que investiga as condições de trabalho dos profissionais te...

11/12/2001 - 17:56
 

CPI ouve sindicalistas sobre a situação dos carvoeiros

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Carvoarias, que investiga as condições de trabalho dos profissionais terceirizados que atuam na indústria extrativa de Minas Gerais, ouviu, nesta terça-feira (30/10/2001), os sindicalistas que denunciaram a situação dos carvoeiros. O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas do Estado de Minas Gerais, José Maria Soares, disse que está satisfeito com a instauração da CPI, pois as condições de trabalho dos carvoeiros são péssimas e precisam ser corrigidas. "Constatamos várias irregularidades nas áreas que são aproveitadas pela indústria carvoeira. Os trabalhadores não possuem uma condição mínima para desempenhar o serviço com dignidade. Eles são explorados e não podemos compactuar com a situação", declarou Soares. Dentre os problemas constatados estão a falta de moradia e alojamentos adequados, as condições ruins dos sanitários e do transporte dos trabalhadores, e a jornada excessiva de trabalho, além de mortes e acidentes.

Soares disse que já solicitou providências aos órgãos públicos que podem interferir na situação. O presidente da Federação dos Trabalhadores afirmou, ainda, que a Acesita Energética, empresa que atua na extração do carvão na Região do Vale do Jequitinhonha, vem retaliando todas as pessoas que expõem o problema para a sociedade. "A empresa entrou com uma ação civil pública contra a Federação e o Sindicato, que representam os homens que trabalham na indústria extrativa do carvão", declarou Soares, que desafiou a Acesita Energética a desmentir as suas acusações. "Estou convocando publicamente a empresa para provar que não são verídicas as minhas afirmações. Não quero prejudicar a empresa, mas não posso permitir que os trabalhadores sejam espoliados", disse. Ele entregou à Comissão fitas de vídeo e fotos nas quais estão gravados depoimentos de trabalhadores e são mostrados os locais usados para a extração do carvão.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Extração de Madeira e da Lenha de Capelinha e Minas Novas, Terezino Cordeiro de Azevedo, afirmou que a Acesita não respeita os trabalhadores. "As pessoas que trabalham na indústria do carvão merecem condições dignas para poder exercer a função com hombridade. A situação é precária e precisamos mudar o quadro", declarou Azevedo. A deputada Elbe Brandão (PSDB) mostrou a cópia de um relatório da Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais (DRT-MG) sobre uma fiscalização feita em agosto nas áreas de extração de carvão. Ela apontou que os problemas denunciados pelos sindicalistas não se encontram no relatório. "O resultado da fiscalização não corrobora as denúncias. As condições que os sindicalistas afirmam existir não estão comprovadas no documento", declarou. Ela questionou os representantes das federações dos trabalhadores sobre o fato. José Maria Soares, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas, disse o documento dá margem a dúbias interpretações. "Não acompanhamos a fiscalização, pois não fomos convidados e nem tomamos conhecimento da averiguação. Acho estranho, porque representamos a classe envolvida e tínhamos que conhecer as normas e critérios dessa fiscalização", declarou Soares. O sindicalista completou: "A Acesita e a Delegacia Regional do Trabalho já fizeram quatro reuniões para se discutir o problema e não comparecemos em nenhuma delas. É uma falha não sermos comunicados para ir a essas reuniões". Terezino Cordeiro também não concorda com o conteúdo do relatório. "Nele não constam os acidentes de trabalho que já ocorreram", declarou.

O deputado Doutor Viana (PMDB) disse que as empresas fogem das obrigações trabalhistas e, por isso, contratam empreiteiras para conduzirem os trabalhos. "Os empreiteiros não têm qualificação para assumirem certas responsabilidades. Precisamos encontrar a verdade de qualquer maneira", insistiu. O presidente da Comissão, deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), apresentou dois requerimentos. O primeiro convida para participarem da reunião da Comissão, no próximo dia 6 de novembro, os auditores fiscais do Trabalho Joaquim Elégio de Carvalho, Ulisses Cândido Brandão, Marcelo Gonçalves Campos, João Paulo Mendes de Almeida, Adib Teymene, Ramsés Régis Duarte, Valéria Guedes Mendes e Ruth Beatriz Vilela, para prestarem esclarecimentos acerca do Relatório de Inspeção Rural realizada entre 27 a 31 de agosto de 2001. O segundo requerimento solicita à Acesita Energética a relação das empresas que prestam serviços terceirizados na área de carvoejamento em Minas Gerais, com indicação precisa da área de atuação de cada uma delas. Emenda do deputado Fábio Avelar (PTB) acrescentou na relação as sub-empreiteiras.

Presenças

Participaram da reunião os deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da Comissão; Fábio Avelar (PTB), vice-presidente; Doutor Viana (PMDB); Dinis Pinheiro (PL); e a relatora Elbe Brandão (PSDB).

 

 

 

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