Clientes do Bancob-Creditec denunciam irregularidades
Clientes do Bancob-Creditec da cidade de Serranos
apresentaram denúncias contra a instituição financeira nesta
quarta-feira (24/10/2001), durante reunião da Comissão de Defesa do
Consumidor. Segundo eles, a agência encerrou suas atividades no
município, em setembro último, causando grandes prejuízos aos
clientes que tiveram seus recursos retidos.
O presidente do Bancob-Creditec, Claudemir Raimundo
Costa, e o gerente técnico do Departamento de Organização do Sistema
Financeiro do Banco Central, César Natalino de Assis, foram
convidados mas não compareceram à audiência pública. O último
justificou a ausência afirmando ser orientação interna do banco só
participar de reuniões quando a convocação for feita por alguma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ou determinação judicial. O
deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), que pediu a reunião,
apresentou requerimento de protesto pela ausência de representantes
do Banco Central, aprovado pelos deputados. Segundo o deputado, o
Banco Central demostrou ineficiência e desconsideração com os
clientes ao não impedir o fechamento da Creditec. Ele afirmou,
ainda, ser dever do banco fiscalizar os atos da instituição.
O prefeito de Serranos, Élvio Antônio da Silva,
disse que a Creditec funcionou por quase três anos na cidade, era o
único posto bancário e aplicava toda a economia do município. Para o
vereador Humberto Cássio Lima, o Bancob é o responsável pela linha
de crédito, tendo a propaganda e os cheques em seu nome. Segundo
ele, o Bancob não pode culpar a cooperativa pela falência. Ele
disse, ainda, ter informações de que o dinheiro foi emprestado a
juros baixos para alguns membros da diretoria do banco. "Nenhum
balancete foi apresentado, não houve explicações convincentes para o
bloqueio do dinheiro", salientou.
A cliente da Creditec, Maria Fátima de Paiva Souza,
concordou com as palavras do vereador e disse que o Bancob alega
ajudar apenas na compensação. "Os gerentes locais também foram
enganados, os diretores foram os responsáveis e agiram de má fé, só
passamos a compreender o funcionamento de uma cooperativa depois que
fomos lesados", disse. Segundo outra cliente do banco, Zélia de
Azevedo Carvalho, nem os gerentes estavam informados sobre o sistema
de cooperativas. Ela disse que desde o fechamento da agência eles
não receberam orientações para ressarcimento do dinheiro, sofrendo
danos materiais e morais. "Se nada for feito, esta impunidade vai
cair no esquecimento", afirmou a também cooperada do banco, Débora
Carvalho de Sousa, que teve bloqueado todo o seguro por morte de um
parente. Os clientes disseram que outras cinco cidades, Arantina,
Bocaina de Minas, Passa Vinte, Lambari e Três Corações também passam
pelos mesmos problemas.
Requerimento apresentado pelo deputado Agostinho
Patrús (PTB) solicita informações ao Banco Central sobre o
encerramento das atividades do Bancob-Creditec, especialmente no que
se refere ao patrimônio da instituição financeira, sua situação
jurídica, realização do ativo e outras que se fizerem necessárias. O
requerimento foi aprovado. "É necessário cobrar uma responsabilidade
do Banco Central, ele é o responsável pela fiscalização", salientou.
Para a presidente da Comissão, deputada Maria José Haueisen (PT),
este é mais um absurdo na esfera financeira do País e precisa ser
denunciado pela imprensa.
O deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB) apresentou
outro requerimento, também aprovado, pedindo que sejam encaminhados
todos os documentos relativos ao enceramento das atividades do
Bancob-Creditec na cidade de Serranos ao Ministério Público Federal,
a quem compete apurar eventuais crimes previstos na Lei Federal n º
7.492/86, a "Lei do Colarinho Branco", que define os ilícitos penais
no mercado financeiro. "Se for comprovado que o Banco Central foi
omisso, ele poderá ser acionado judicialmente", afirmou.
Presenças: Participaram da
reunião os deputados Maria José Haueisen (PT) - presidente,
Agostinho Patrús (PTB), Bené Guedes (PDT), Antônio Carlos Andrada
(PSDB) e outros clientes do banco.
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