Emenda sobre venda de estatais será promulgada nesta segunda, dia 29

O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Antônio Júlio (PMDB), vai promulgar nesta segunda-feira, dia 29, às ...

11/12/2001 - 17:57
 

Emenda sobre venda de estatais será promulgada nesta segunda, dia 29

O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Antônio Júlio (PMDB), vai promulgar nesta segunda-feira, dia 29, às 16 horas, a Emenda Constitucional nº 50, que estabelece critérios para a alienação de ações de empresas controladas pelo Estado. Estarão presentes à solenidade de promulgação o governador Itamar Franco, os presidentes da Cemig, Djalma Morais, e da Copasa, Marcelo Siqueira. A Emenda 50 determina que a instituição, cisão ou extinção de sociedades de economia mista e de empresas públicas, bem como a alienação de ações e qualquer alteração na estrutura societária dessas empresas, em Minas Gerais, vai depender de autorização específica da Assembléia, com aprovação de lei pelo voto de no mínimo 48 deputados. No caso da Cemig e da Copasa, a mudança dependerá também de aprovação da população, por meio de um referendo popular. O ato da promulgação acontecerá no Plenário, e contará ainda com a presença dos presidentes das entidades sindicais Sindeletro, Marcelo Correia, e Sindágua, Solon Pereira, entre outros sindicalistas e autoridades.

A Emenda 50 resulta da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 50, de autoria do próprio governador, encaminhada à Assembléia em março deste ano e aprovada no último dia 17 de outubro, em Plenário, por decisão unânime dos 51 deputados presentes à reunião. A redação final da PEC 50/2001 foi aprovada na terça-feira (23/10/2001), também em Plenário. De acordo com a Constituição do Estado, a promulgação de emenda constitucional é prerrogativa do Presidente do Legislativo.

Ao longo de sua tramitação, a proposta recebeu emendas, sendo incorporada alteração sugerida pelo deputado Rogério Correia (PT), que foi o relator da matéria na Comissão Especial que a analisou. Segundo essa alteração, aprovada na Comissão e ratificada pelo Plenário, deverá ser de 3/5 dos membros da Assembléia Legislativa (48 parlamentares) o número de votos favoráveis para aprovação da lei que autorizar a cisão de sociedade de economia mista e de empresa pública, a alienação de ações que garantam o controle direto ou indireto dessas entidades pelo Estado ou alteração em sua estrutura societária. Originalmente, a PEC estipulava que a lei específica deveria ser aprovada por maioria absoluta dos membros da Assembléia.

O texto aprovado prevê, ainda, a exigência de que o adquirente, em caso de desestatização de empresa prestadora de serviço público, mantenha um serviço de qualidade sem perder de vista os objetivos sociais inspiradores da constituição da entidade. Pelo texto aprovado, o nome das empresas (Cemig e Copasa) é substituído pela citação dos serviços públicos que desempenham - geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e prestação de serviço de saneamento básico.

JUSTIFICATIVA DO EXECUTIVO

Na justificativa que acompanhou, à época, o encaminhamento da PEC 50/2001, o governador Itamar Franco alegou que a proposta "não pretende consagrar a indisponibilidade das ações que assegurem o controle pelo Estado das empresas estatais, nem privar o Poder Executivo e o Poder Legislativo do exercício normal de suas atribuições institucionais, mas exigir, por meio do instrumento da lei complementar, que está dotada de um quorum qualificado, a discussão em profundidade de eventuais privatizações, protegendo a sociedade mineira contra erros e precipitações irremediáveis".

O Executivo fez, na justificativa, a defesa da presença do Estado no que diz respeito aos recursos hidroenergéticos. Segundo o governador, além dos empecilhos jurídicos "da mais alta relevância", os resultados das privatizações já ocorridas não são bons. "A maior queixa que se tem ouvido dos especialistas no setor é que a privatização não induziu novos investimentos, principalmente no parque gerador. Ora, como a economia do País tem, inobstante grandes dificuldades, crescido, a falta de investimentos na geração de energia é questão emblemática, na medida em que corremos o risco de enfrentar crise idêntica àquela vivida pelo Estado da Califórnia, que detém a maior economia dos Estados Unidos e cujo modelo energético é rigorosamente idêntico ao adotado pelo governo federal".

Na opinião do governador, também expressa na justificativa caso a Cemig venha a ser privatizada, o seu novo controlador - que, na avaliação do Executivo, certamente será uma empresa estrangeira - não terá nenhum comprometimento com o Estado, seja quanto à eletrificação das áreas carentes e dos programas sociais hoje desenvolvidos pela Cemig, seja no que diz respeito ao parque industrial mineiro. "O seu compromisso será, seguramente, com o lucro, pois este é o objetivo da empresa privada". Quanto à Copasa, o governador informa que a empresa atua em regiões onde a atividade é lucrativa e em outras, principalmente as cidades de pequeno porte, em que o fornecimento de água, bem como a coleta e o tratamento de esgoto, são serviços altamente deficitários. "Com efeito, mais de 80% das cidades mineiras têm menos de 20 mil habitantes, ou seja, nessa grande maioria, o serviço é deficitário e deve ser compensado com o superávit oriundo dos grandes centros", acrescenta.

 

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