Balanço energético, tendências tecnológicas, comercialização

Um grupo de apenas cinco países é responsável pela metade de toda a demanda mundial de energia. Os Estados Unidos res...

11/12/2001 - 17:57
 

Balanço energético, tendências tecnológicas, comercialização

Um grupo de apenas cinco países é responsável pela metade de toda a demanda mundial de energia. Os Estados Unidos respondem por 25% da demanda; enquanto China, Rússia, Japão e Alemanha, somados, ficam com 24,5%, segundo estudos feitos em 1999. Naquele mesmo ano, o Brasil participou com 2,2% da demanda mundial de energia, o equivalente a 1/11 do consumo norte-americano. A informação é do engenheiro de Tecnologia e Normatização da Cemig, Lourival Muniz Werneck, que participou, na tarde desta sexta-feira (19/10/2001), do penúltimo painel do Fórum Tecnico "Alternativas Energéticas", que abordou o tema "Balanço energético estadual, tendências tecnológicas e comercialização de energia". O debate foi coordenado pelo deputado Bilac Pinto (PFL).

De acordo com Lourival Werneck, a matriz da demanda mundial de energia revela um amplo predomínio das fontes não-renováveis, ao contrário da matriz brasileira, que apresenta maior participação de energia proveniente de fontes renováveis. Na matriz mundial, em primeiro lugar aparece o petróleo, seguido, de longe, pelo gás natural e pelo carvão mineral, que perdeu o segundo lugar há dois anos. Bem abaixo, aparece a hidroeletricidade, que em pouco tempo deverá perder o quarto lugar para a energia nuclear, cuja demanda continua a crescer em ritmo acelerado. Finalmente, em sexto lugar e com pequena participação na matriz energética mundial, aparecem outras fontes renováveis, como energia proveniente da madeira, solar, eólica e geotérmica. No período de 20 anos entre 1979 e 1999, a participação das fontes renováveis aumentou pouco, passando de 7,3% para 8,5%.

Matriz brasileira - Já a matriz energética brasileira mostra 57% da demanda suprida por fontes renováveis, com um amplo predomínio da energia hidráulica, em primeiro lugar, seguida pelo petróleo e pelo gás natural. Em terceiro lugar aparecem derivados da cana-de-açúcar, como bagaço e álcool, que superaram, em 1996, a fonte representada pela lenha e carvão vegetal, hoje em quarto lugar. Em quinto lugar, aparecem o carvão mineral e o coque; restando uma participação residual para as demais fontes de energia. Um aspecto interessante na matriz brasileira, segundo Lourival Werneck, é a evolução da dependência do País com relação ao petróleo importado: a produção nacional tem crescido e a importação diminuído, e, pelas projeções da Petrobras, o País deverá ser auto-suficiente em petróleo dentro de cinco anos.

Matriz mineira - A matriz energética de Minas Gerais apresenta um percentual ainda maior de energia proveniente de fontes renováveis, que chegam a 65% do total. A lenha, que já foi o mais importante energético do Estado, hoje ocupa o terceiro lugar. Lourival Werneck ressaltou, em sua exposição, o fato de Minas consumir 14% da energia produzida no País, apesar de ter um PIB inferior a 10% do nacional, o que se deve à presença de indústrias eletrointensivas. No Estado, o setor industrial é responsável por 58% da demanda de energia, percentual maior que o do Brasil como um todo. Ele destacou, também, a necessidade de o Estado explorar melhor seu potencial de produção de álcool, uma vez que 47% do álcool consumido é importado de outros estados.

Tendências tecnológicas - O segundo expositor do painel foi André Martins de Carvalho, técnico da Cemig, que falou sobre tendências tecnológicas. Segundo ele, as projeções apontam para um crescimento, na matriz mundial, da energia produzida a partir da biomassa e de óleos vegetais e das energias eólica, solar e geotérmica. A tendência é de que caia a importância do carvão mineral e do petróleo como fontes de energia; enquanto as fontes nuclear, hidráulica e gás natural devem continuar participando em proporções semelhantes às atuais.

André Carvalho apontou, também, o crescimento da importância das pequenas centrais e da geração local de energia, o que está sendo possível devido ao amadurecimento de várias tecnologias na década de 90. "O novo é a biomassa e a geração em pequena escala, a partir de diversas fontes", declarou. Quanto ao custo de geração, ele informou que, com a evolução tecnológica, hoje o custo de geração de energia a partir da biomassa está próximo ao da geração hidráulica, e que o custo da energia eólica também vem caindo rapidamente. Outra fonte que deve crescer em importância é o "biodiesel", produzido a partir de óleos vegetais.

Comercialização de energia - O último expositor do painel foi Álvaro Eustáquio de Oliveira, analista da Superintendência de Relacionamento Comercial com Clientes Corporativos da Cemig, que listou as condições para a autoprodução de energia: autorização da Aneel, contrato de conexão à empresa distribuidora ou à transmissora, contrato de uso do sistema de distribuição e do sistema de transmissão, e ser agente do mercado atacadista de energia. Ele falou, ainda, sobre os custos a serem assumidos pelo autoprodutor, sobre as condições para comercialização de excedentes e sobre contratos de aquisição de excedentes com a Cemig. Segundo ele, a Cemig tem se empenhado para possibilitar a conexão dos cogeradores ao seu sistema de distribuição, até como forma de se enfrentar a atual crise energética por que passa o País.

Ação da Alemg - Finalizando o painel, o coordenador do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro), Marcelo Correia, elogiou o papel que a Assembléia Legislativa de Minas vem tendo na questão energética. Para exemplificar, ele lembrou episódios como a CPI da Cemig, o envolvimento dos deputados em debates sobre tarifas de energia, sobre saúde e segurança do trabalhador eletricitário, sobre desverticalização e privatização da Cemig, além do próprio Fórum Técnico "Alternativas Energéticas". Marcelo Correia destacou, ainda, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 50/2001, esta semana, que dificulta a privatização de empresas estatais como a Cemig. "É importante o Poder Legislativo estar discutindo o futuro da energia num Estado que fez uma opção por ter uma empresa pública à frente do setor", concluiu.

FINANCIAMENTO

"Hoje o país investe mais em pesquisa do que em qualquer outra época", afirmou a assessora especial do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ivonice Aires Campos, a respeito de financiamentos de projetos na área de fontes alternativas de energia. Segundo a assessora, as empresas brasileiras investem muito pouco dinheiro em pesquisa e a Petrobras é uma das poucas que investem maciçamente em projetos. Ela informou que em 2001 o Governo Federal investiu cerca da R$ 270 milhões em pesquisas no setor energético, e para o ano que vem está prevista uma quantia ainda maior. Ivonice Aires Campos foi a primeira expositora do tema "Financiamento de Projetos", o último do Fórum Técnico, na tarde desta sexta-feira (19), sob a coordenação do deputado Márcio Cunha (PMDB).

Ivonice disse ainda que existe um projeto de lei que visa apoiar as inovações tecnológicas e pesquisas e que deve futuramente seguir para apreciação do Congresso. "Se aprovado, deverá ajudar aqueles pequenos projetos e invenções" disse. Ivonice Campos disse que o Ministério da Ciência e Tecnologia concede empréstimos a fundo perdido de 50% do valor dos projetos, e o restante é negociado.

Além da coordenadora, o debate contou com a participação do gerente do Departamento do Setor Terciário do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Ismael Fernando Poli Villas Boas. Segundo o gerente, a atuação do Banco no financiamento é bastante diversificada, investindo em projetos de R$ 200 até alguns milhões, com pagamento para até seis meses após a implantação do projeto. Os juros, afirma Ismael, são diferenciados - 2.5% ao ano para grandes empresas e 1% para pequenas e médias empresas. "No BDMG, não existem fundos perdidos, pois a idéia é que estes recursos retornem ao Banco para futuramente financiarem outros recursos", concluiu.

Participou, também, do Fórum o secretário de Meio Ambiente de Sete Lagoas, João Batista da Silva, que fez uma breve exposição sobre a necessidade de financiamentos para diminuir a poluição causada pelas 16 empresas da cidade. "Se conseguirmos trocar algumas turbinas das indústrias, diminuiremos bastante a poluição do ar na cidade", afirmou.

 

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