Aberto Fórum Técnico de Alternativas Energéticas

Foi aberto nesta quinta-feira (18/10/2001), no Plenário, o Fórum Técnico "Alternativas Energéticas". O 1º-vice-presid...

11/12/2001 - 17:57
 

Aberto Fórum Técnico de Alternativas Energéticas

Foi aberto nesta quinta-feira (18/10/2001), no Plenário, o Fórum Técnico "Alternativas Energéticas". O 1º-vice-presidente da Assembléia, deputado Alberto Pinto Coelho (PPB), abriu os trabalhos dizendo que o Brasil vive um colapso energético e que as medidas de racionamento causam um reflexo negativo na conjuntura socioeconômica. O deputado destacou a participação do Legislativo mineiro na defesa do sistema energético nacional, por meio da realização do Movimento "Minas em Defesa das Águas" e disse que o objetivo do Fórum é encontrar saídas para a crise, viabilizar parcerias e o incentivo ao financiamento de pesquisas. Para ele, a interrupção de investimentos é um dos fatores decisivos para a atual crise.

O secretário de Estado de Minas e Energia, Luiz Márcio Ribeiro Vianna, fez um breve histórico das medidas tomadas pelo governador Itamar Franco, como a derrubada, na Justiça, do acordo de acionistas que dava aos sócios minoritários da Cemig o poder de veto sobre investimentos. Segundo o secretário, o Governo Estadual tirou projetos da gaveta, iniciando a construção de cinco usinas hidrelétricas, além do investimento feito em outras sete usinas, totalizando R$ 3,2 bilhões. Com essas medidas foram acrescentados ao parque de geração 2,5 mil megawatts. Ele criticou a redução de 20% no consumo imposta pelo "apagão", o que levou à redução da receita do Estado; defendeu a geração distribuída de energia, com pequenas instalações; e citou as energias eólica e solar como algumas das alternativas de desenvolvimento para o setor.

Os debates foram coordenados pelo 2º-vice-presidente da Assembléia, deputado Ivo José (PT).

CONJUNTURA ENERGÉTICA BRASILEIRA

O secretário de Energia Afonso Henriques Moreira Santos, do Ministério das Minas e Energia, disse que é preciso mudar o nome "energia alternativa". Segundo ele, alternativa indica estranheza e o nome dessas fontes energéticas deveria indicar algo comum, ordinário. Afonso Henriques criticou o enfoque centralizado do modelo de planejamento. "Não pode uma questão de interesse coletivo ser baseada em critérios técnicos individuais. É preciso fracionar as decisões", comentou. Para o secretário, a questão ambiental colocada como empecilho à criação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) não procede, pois onde elas foram construídas houve preservação da Mata Atlântica. "Não temos que ficar apontando culpa, mas, sim, construir o novo, viabilizar parcerias e atingir uma nova mentalidade. Nada será feito apenas com os princípios conservacionistas", concluiu.

Bautista Vidal, ex-secretário de Tecnologia Industrial do Ministério de Indústria e Comércio, disse que qualquer análise deve levar em consideração a conjuntura internacional. "O mundo vive um momento perigoso. Temos o colapso ambiental e o colapso dos combustíveis fósseis. A crise de energia é mundial e corremos o risco de chegar a um desastre total", declarou. Ele citou a possibilidade de exploração de óleos vegetais como um dos meios de resolução da crise, uma vez que se trata de um substituto para óleo diesel. Vidal disse que o Brasil possui grande potencial de desenvolvimento energético para se tornar o maior produtor do mundo, e precisa assumir esse papel, sob pena de ser esmagado numa futura "guerra" de energia. Ele criticou a falta de financiamento para as pequenas centrais, dizendo que só há interesse nas grandes obras. De acordo com o ex-secretário, a nação está à deriva, deixando o barco correr de maneira imprudente. Ele ainda qualificou o "apagão" como ridículo e vergonhoso.

PEQUENAS CENTRAIS ELÉTRICAS

As Pequenas Centrais Elétricas (PCHs) foram tema do último painel da manhã desta quinta-feira (18) e os palestrantes ressaltaram as dificuldades de financiamento e de licenciamento ambiental para construção das PCHs. O diretor Técnico e Comercial da Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, José Antônio da Silva Marques, disse que as legislações federal, estadual e municipal sobre meio ambiente não são claras. Segundo ele, muitas vezes os conflitos de interpretação atrasam o processo de licenciamento de uma obra em três ou quatro anos, enquanto ela leva um ano.

As dificuldades com a área de meio ambiente também foram ressaltadas pelo diretor-geral do Departamento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas, Cícero Machado de Moraes, e confirmadas pelo professor Carlos Barreira Martinez, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da UFMG. O professor ressaltou que o problema ambiental sempre vai existir, porque está ligado ao aumento da população. Ele observou, porém, que as empresas que constroem as PCHs em geral não têm interesse em prejudicar o meio ambiente, porque vivem dele. Carlos Martinez defendeu a ampliação do número de técnicos dos órgãos ambientais.

O professor também fez um histórico das PCHs no Brasil e disse que alguns problemas do setor são a falta de linhas de financiamento em bancos de desenvolvimento, as taxas de juros e as condições dos contratos de comercialização da energia por produtores independentes. Segundo ele, os contratos têm prazo curto e o retorno desse investimento deve ser de longo prazo para diminuir os custos para o consumidor. As alternativas, segundo ele, são o financiamento por bancos de desenvolvimento, contratos de médio e longo prazos e a garantia de retorno do investimento até o pagamento do empréstimo. A vantagem é a criação de uma "classe" de geradores independentes.

Cícero Machado de Moraes, de Poços de Caldas, falou sobre a experiência do município, onde uma autarquia opera o sistema desde 1955. Segundo ele, o Departamento Municipal fornece atualmente mais de 50% da energia requerida porque, com o racionamento, cresceu a geração. O restante da demanda é atendido pela Cemig e Cesp. Ele disse que em 2000 a geração foi de 27,8 megawatts, ressaltou que até 2004 o objetivo é a auto-suficiência e contou que a exigência de desverticalização das empresas de energia levou o Departamento a criar uma empresa de distribuição. Eles estão construindo, atualmente, em parceria com empresas privadas, a quinta PCH. As associações com grandes empresas para construir PCHs e para participar de leilões são motivo de orgulho para o diretor-geral.

O diretor da Força e Luz Cataguazes-Leopoldina também falou sobre as vantagens das PCHs, como o investimento e prazos menores; o uso de mão-de-obra local e regional; a dispensa de licitação e a possibilidade de utilizar equipamentos com fabricação local. O custo baixo também foi lembrado pelo secretário executivo do Centro Nacional de Referência das PCHs, Geraldo Lúcio Tiago Filho, que fez um histórico das Pequenas Centrais Hidrelétricas no Brasil. O último palestrante foi o diretor-presidente da Rischbieter Indústria e Comércio Ltda., Karl Rischbieter.

Mesa - Além dos palestrantes, compuseram a mesa o deputado Agostinho Patrús (PTB), que coordenou os debates; e o presidente do Crea/MG, Marco Túlio de Melo.

 

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