Comissão discute exploração mineral em Caeté e Sabará

O licenciamento para exploração da lavra de minério de ferro nos municípios de Caeté e Sabará pela Brumafer Mineração...

11/12/2001 - 17:57
 

Comissão discute exploração mineral em Caeté e Sabará

O licenciamento para exploração da lavra de minério de ferro nos municípios de Caeté e Sabará pela Brumafer Mineração Ltda foi o assunto discutido pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, em audiência pública, nesta terça-feira (16/10/2001). Representantes de instituições ambientais, da mineradora e de Caeté expuseram os impasses em torno da retirada de minério de ferro, pela empresa, da Serra da Piedade, tombada como patrimônio cultural. A comunidade denuncia que a empresa está explorando o local, o que seria proibido por causa do seu tombamento, além de apontar o impacto ambiental da atividade e os prejuízos ao lençol freático.

Os deputados presentes à reunião falaram da importância da apuração dos fatos denunciados pelas comunidades de Sabará e Caeté, uma vez que a Serra da Piedade é referência territorial e ambiental da população. Fábio Avelar (PTB), vice-presidente da Comissão, que coordenou a reunião; Maria José Hauesein (PT) e Miguel Martini (PSB), autores do requerimento que originou a audiência; e Doutor Viana (PMDB) e João Pinto Ribeiro (PTB) foram unânimes na defesa da investigação das denúncias. "O desejo do lucro desconsidera os valores de preservação da vida", disse Miguel Martini, ao defender a necessidade de conter os abusos que possam ser cometidos pela empresa. A Brumafer, segundo ele, alegou ter cancelado o empreendimento no local, mas não há documento legal que comprove o fato.

CASO DE CAETÉ É DEBATIDO

Rubens José de Oliveira, representante da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), falou dos processos encaminhados à Feam para a realização do empreendimento pela Brumafer e autorizados pelas prefeituras de Caeté e Sabará. A prefeitura de Caeté, de acordo com ele, pediu anulação da autorização e isso resultou na impugnação de uma audiência pública onde havia sido decidida a liberação do empreendimento. A reunião ocorreu na sede da fundação. "Está para ser marcada uma nova audiência. Vamos começar do zero e, nessa segunda fase, analisaremos o caso de Sabará, apenas", afirmou.

A presidente da Câmara de Caeté, Rosane da Consolação Viana, esclareceu que a Feam deveria anular a audiência pública realizada anteriormente e marcar uma nova, para prosseguir com a discussão, a partir do momento em que a prefeitura reviu sua decisão. A vereadora explicou, ainda, que a atual administração municipal é que solicitou a impugnação da liberação - consentida pelo ex-prefeito do município e encaminhada ao Copam (Conselho de Política Ambiental). A audiência anulada ocorreu em julho deste ano. Rosane afirmou, ainda, que o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) registrou impacto negativo nos cursos de água que abastecem a cidade em virtude da exploração da Brumafer e que a Serra da Piedade, símbolo de Caeté, não pode ser devastada.

O presidente do Codema de Caeté, Ronaldo Pereira da Silva, questionou o fato de a Brumafer dizer que está operando em uma serra chamada Serra do Brumado, que, segundo ele, não existe em território mineiro. "O órgão estadual de fiscalização responsável pela liberação do empreendimento considerou o que os prefeitos declararam ser a Serra do Brumado, que nem existe", afirmou.

O tombamento, em seus termos gerais, e, em particular, o da Serra da Piedade, foi mencionado, ainda, pelo diretor de Proteção e Memória do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), Pedro Ghaeta Neto. Ele disse que essa é a forma mais radical de preservação cultural e que não conhece, por outro lado, projetos que tenham a intenção de intervir na área tombada da serra.

COMUNIDADE E BRUMAFER TAMBÉM FALAM

A população também se mostrou alarmada quanto à exploração da serra pela Brumafer. Jair Dias, representante do Movimento "SOS Serra da Piedade", fez referência aos 360 mil metros cúbicos de rejeitos por ano liberados pela empresa em piscinas de decantação; ao aumento do risco de assoreamento; ao risco para a saúde e ao grave impacto visual. "Não estamos rejeitando uma atividade que é importante para a economia, mas o modo como ela está sendo desenvolvida", disse.

O consultor de Comunicação Social da Brumafer, Simão Lacerda, falou sobre os princípios da empresa e disse haver equívoco nas afirmações contra os trabalhos da mineradora. "Mesmo se a Brumafer quisesse, ela não poderia atuar na serra, que é tombada", falou. Lacerda afirmou também que a Brumafer não causa danos ao meio ambiente e executa projetos de reconstituição das áreas trabalhadas. Empregos diretos e indiretos e renda para os cofres públicos são gerados, de acordo com o consultor, com as atividades da Brumafer. Ele questionou se haveria "interesses por trás das perseguições que a empresa vem sofrendo" e pediu que "deixem a Brumafer trabalhar em paz".

PROMOTOR DA COMARCA APRESENTA PROPOSTA

A solução para o caso, segundo o promotor de Justiça da Comarca de Caeté, Celso Pena Fernandes Júnior, está na limitação da área da serra tombada. Essa mudança deve contar com o apoio do Legislativo. "É preciso definir o limite de proteção da Serra da Piedade e isso deve partir da Assembléia de Minas Gerais", disse.

Visita - A Comissão aprovou, ainda, requerimento do deputado Miguel Martini (PSB), solicitando visita a Caeté, mais especificamente à Serra da Piedade, e à área envolvida de Sabará. A audiência seguiu com fase de debates, quando o público participou com perguntas dirigidas à Mesa.

Presenças - Além dos convidados acima, participaram da reunião os deputados Fábio Avelar (PTB), que a presidiu; Maria José Haueisen (PT), Doutor Viana (PMDB), João Pinto Ribeiro (PTB) e Miguel Martini (PSB).

 

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