CPI do Preço do Leite ouve donos de indústrias de laticínios

Audiência pública da CPI do Preço do Leite, com a participação de diversos representantes de indústrias de laticínios...

11/12/2001 - 17:57
 

CPI do Preço do Leite ouve donos de indústrias de laticínios

Audiência pública da CPI do Preço do Leite, com a participação de diversos representantes de indústrias de laticínios, foi realizada nesta terça-feira (16/10/2001), dando continuidade à série de reuniões que a Comissão está realizando com o objetivo de colher subsídios para as investigações. A produção do leite longa vida; o futuro fechamento da fábrica da Parmalat em Itamontes e o fechamento de fábricas da Nestlé na região de Montes Claros; além do preço pago, pela indústria, aos produtores foram alguns dos aspectos abordados na reunião. A CPI foi criada para apurar os mecanismos de formação do preço do leite na indústria e no comércio e investiga indícios existentes de cartelização.

O presidente da Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR) e da Itambé, José Pereira Campos Filho, afirmou que a empresa processa 3 milhões e 500 litros de leite por dia, sendo a terceira maior indústria de laticínios do País. Segundo ele, nos últimos 10 anos, houve uma mudança no perfil da produção do segmento, o que gerou grandes desvantagens, obrigando o produtor a modernizar suas atividades para competir no mercado externo. José Pereira disse que o leite longa vida responde por apenas 6% da produção da indústria. Ele afirmou que a empresa paga ao produtor, pelo litro de leite, aproximadamente R$ 0,35 e que o valor médio de venda para os supermercados é de R$ 0,86, dependendo da compra.

O presidente da Vigor, Carlos Alberto Mansur, disse que a indústria tem uma baixa participação no mercado mineiro, mas compra 50% do leite em Minas Gerais. Ele afirmou que o preço pago pelo litro de leite em embalagem longa vida é de R$ 0,23, em média.

Anúncio do preço - Já o gerente de Assuntos Políticos da Nestlé, Pedro Simão Filho, afirmou que a participação da empresa na produção de leite longa vida é baixa e que a companhia trabalha com mais de 1,2 mil produtos. Segundo ele, 50% do leite são captados em Minas e a quantidade de leite comprado já cresceu 15%, se comparada ao ano passado. Pedro Simão salientou que a empresa anuncia 30 dias antes o preço pago a todos os produtores, "o que é uma oportunidade de o produtor saber se o preço lhe interessa ou não". Ele disse que os baixos preços pagos aos produtores devem-se à crise energética e afirmou, ainda, que o preço cresceu 13% nos últimos meses. "Em média, pagamos entre R$ 0,28 e R$ 0,36 por litro ao produtor e R$ 0,26 pela embalagem", afirmou.

O gerente nacional de Política Leiteira da Danone, Fernando Friederichs, disse que a empresa adquire 500 mil litros de leite por dia e aproximadamente 50% são captados em Minas e que o preço da embalagem varia entre R$ 0,23 e R$ 0,24. O presidente da Cemil, Mozart Pacheco, afirmou que a empresa só trabalha com leite longa vida, sendo todo ele adquirido em Minas Gerais e que o preço da embalagem é responsável por 27% de todo o custo.

PARMALAT JUSTIFICA FECHAMENTO DE INDÚSTRIA EM ITAMONTES

O diretor da Parmalat, Jorge Parente, criticou a falta de política governamental em relação ao setor leiteiro e afirmou que apenas 7,5% da compra do produto são feitas no Estado. Questionado pelo relator da CPI, deputado Luiz Fernando Faria (PPB), sobre o futuro fechamento da indústria em Itamontes, ele justificou o fato pela complexidade do mercado, ausência de modernidade empresarial, a falta de apoio do governo estadual e grande concorrência. Segundo ele, em média, o preço pago ao produtor é de R$ 0,34, sendo o item vendido por R$ 0,84 aos supermercados. Justificativa no mesmo sentido foi feita pelo representante da Nestlé ao deputado Márcio Kangussu (PPS) quanto ao fechamento de fábricas na região de Montes Claros.

Faemg - O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Gilman Viana Rodrigues, que está acompanhando todas as reuniões da CPI, questionou o baixo preço pago aos produtores e a manutenção do preço aos consumidores. Segundo ele, o consumo do leite será incentivado com a diminuição do preço. O relator, deputado Luiz Fernando Faria (PPB), solicitou, por meio de requerimento, a indústrias beneficiadoras e transformadoras de leite, as planilhas de custos do mix de produtos lácteos e informações sobre o volume de leite adquirido para a fabricação de cada um desses componentes. Ele indagou sobre o diferencial pago pela Nestlé ao produtor, tendo recebido de Pedro Simão Filho a informação de que o preço varia de acordo com volume e gordura produzida, entre outros aspectos.

RELAÇÃO ENTRE INDÚSTRIA E SUPERMERCADOS

"A CPI deve tratar de toda a cadeia do leite, não apenas do leite longa vida", opinou o deputado Antônio Andrade (PMDB). Ele solicitou das indústrias participantes da reunião desta terça-feira informações sobre a participação das empresas (ou sobre a existência de convite às mesmas) em reuniões para definição de preços pagos aos produtores de leite, nos últimos 24 meses. Na oportunidade, todos os representante afirmaram desconhecer convite nesse sentido.

O presidente da Comissão, deputado João Batista de Oliveira (PDT), perguntou sobre o preço pago a produtores e o vendido nos supermercados, indagando sobre a margem de lucro das indústrias. Questão no mesmo sentido foi feita pelo deputado Cristiano Canêdo (PTB). João Batista de Oliveira afirmou, ainda, que o leite vendido em supermercados e padarias tem diminuído o preço após o início dos trabalhos da CPI. O deputado Márcio Kangussu (PPS) questionou a relação entre indústrias e supermercados. O presidente da Itambé, José Pereira Campos Filho, afirmou que 70% do produto é vendido aos supermercados e que cada um possui uma forma de negociação para compra.

REQUERIMENTOS APROVADOS

Ainda durante a reunião, foram aprovados outros três requerimentos. O deputado Paulo Piau (PFL) pede que seja ouvido o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Stefan Bogdan Salej, e que seja convidado a participar dos trabalhos da Comissão o presidente da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, do município de Governador Valadares, Wellington Siveira de Oliveira Braga. Já o deputado Márcio Kangussu (PPS), em requerimento, solicita que sejam convidados a prestar esclarecimentos sobre o comércio de importação de leite em pó e derivados os representantes da empresa Alterosa Armazéns Gerais.

Presenças - Participaram da reunião os deputados João Batista de Oliveira (PDT), presidente; Paulo Piau (PFL), vice-presidente; Luiz Fernando Faria (PPB), relator; Antônio Andrade (PMDB), Cristiano Canêdo (PTB), Márcio Kangussu (PPS), Dimas Rodrigues (PMDB), Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB) e Mauro Lobo (PSB). Além dos convidados já citados, participaram da reunião o promotor Amauri Artimos da Matta, da Promotoria de Justiça do Procon Estadual da Área de Alimentação; o diretor comercial da Cotochés, João Maroca Russo; o presidente da Vigor, Carlos Alberto Mansur; o gerente administrativo da Dona Vaca, Roneyson Brito de Oliveira, prefeitos, vereadores e proprietários rurais de diversos municípios.

 

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