Convidados falam sobre criação do Conselho de Acupuntura

A Comissão de Saúde ouviu, nesta quinta-feira (11/10/2001), explanações de convidados para subsidiar a discussão do P...

11/12/2001 - 17:57
 

Convidados falam sobre criação do Conselho de Acupuntura

A Comissão de Saúde ouviu, nesta quinta-feira (11/10/2001), explanações de convidados para subsidiar a discussão do Projeto de Lei (PL) 1.348/2001, do deputado Márcio Cunha (PMDB), que autoriza o Poder Executivo a criar o Conselho Estadual de Acupuntura e Terapias Orientais. A relatoria do PL está a cargo do deputado José Braga (PMDB). As exposições também serviram como amparo à discussão de outros dois projetos, também do deputado Márcio Cunha, que estão em tramitação na Casa: PL 1.347/2001, que autoriza o Poder Executivo a criar o Serviço de Acupuntura e Terapias Afins nas unidades de saúde e nos hospitais mantidos pelo poder público ou a ele vinculados; e PL 1.349/2001, que institui o Dia do Acupunturista.

O presidente do Instituto Mineiro de Acupuntura e Massagem (Imam), Paulo César Barbosa Noleto, disse que as terapias orientais não possuem nenhum vínculo com a medicina ocidental e que a acupuntura é apenas um dos recursos técnicos utilizados pela medicina tradicional chinesa - que possui, também, metodologias à base de laser, eletro-estimulação, cromoterapia e pressão digital. Ele informou que, no Brasil, existem cerca de 60 mil profissionais de acupuntura não-médicos.

Reserva de mercado - Paulo Noleto acusou a Sociedade Médica de Acupuntura de tentar conquistar o direito de reserva de mercado, ao pleitear a prática da acupuntura para si. Segundo Noleto, essa tentativa é aviltante, agride o bom senso e prejudica a população, elitizando o acesso ao método. "A medicina ocidental não pode incorporar a acupuntura, pois esta possui formação e terapêutica próprias. São paradigmas diferentes", afirmou. O presidente do Imam criticou, ainda, a presença de interesses mercantilistas na saúde, dizendo que há lobby da comunidade médica e das multinacionais produtoras de medicamentos. "O projeto irá regulamentar e fiscalizar a prática da acupuntura", concluiu.

O presidente do Sindicato de Medicina Oriental de Minas Gerais (Simor), Wellington Moreira Diniz, informou que a acupuntura possui metodologia própria de diagnóstico e tratamento e que essas diferenças devem ser respeitadas. Ele acusou o Conselho Federal de Medicina (CFM) de extrapolar o âmbito de suas atribuições, ao reivindicar a aplicação das técnicas orientais para os médicos, o que qualificou com uma tentativa ditatorial.

"A acupuntura é uma técnica barata, dentro de nossa realidade. A aprovação do projeto é uma demonstração de reconhecimento e respeito aos profissionais da área", comentou, ainda, o coordenador de Cursos Técnicos e Especialização em Acupuntura, Leonardo Monteiro. Ele ressaltou a necessidade de moralização das práticas orientais de medicina no País. De acordo com Leonardo, o modelo ocidental tem um custo que está fora da realidade nacional, levando a uma crise na assistência médica pública. O coordenador informou que os cursos técnicos de acupuntura possuem duração de dois anos e que a preparação inclui todas as matérias básicas necessárias ao exercício qualificado da profissão. Informou, ainda, que os diplomas emitidos são reconhecidos pela Secretaria de Estado da Educação. Eduardo Brasil, diretor de Relações Institucionais do Conselho Brasileiro de Auto-regulamentação da Acupuntura, disse que a técnica, além de aumentar a arrecadação de ICMS, miniminiza o custo da saúde pública, diminuindo gastos com internações e remédios.

Regulamentação e Controle - O diretor Paulo de Tarso Amorim, do Instituto de Acupuntura Médica de Minas Gerais (Iammg), disse estar sensibilizado com a questão social dos praticantes de acupuntura não-médicos. Ele qualificou o projeto como precoce, por não definir com exatidão o que é ser acupunturista. Segundo Tarso, a acupuntura não foi regulamentada pelo Congresso Nacional, estando desprovida de respaldo legal. "Apoiamos a criação do Conselho, desde que a questão esteja regulamentada em nível federal. Não compete ao Estado a regularização. Seria uma ingerência local em relação a um assunto da esfera federal", ponderou. Para Paulo de Tarso, é preciso abrir vias de diálogo para se chegar a um denominador comum e atingir um patamar para delinear o perfil dessas atividades. "Deve-se praticar a acupuntura de alto nível para que ela seja acreditada pela sociedade", concluiu.

O presidente da Sociedade Médica de Acupuntura de Minas Gerias, Hildebrando Sábato, disse que a Sociedade Médica não está contra os acupunturistas não-médicos, mas que o Estado deveria dar proficiência à atividade, estabelecendo critérios de controle para o exercício das práticas orientais. De acordo com ele, não há necessidade de criação de um conselho específico estadual, uma vez que já existe um projeto federal, em tramitação no Congresso, que visa regulamentar a questão. Para Hildebrando, a acupuntura é um tratamento cirúrgico invasivo que pode provocar respostas do organismo e, portanto, necessita de um complemento, com os meios modernos da medicina ocidental. "Não há interesse em coibir a prática da medicina oriental pelos profissionais não-médicos; o que visamos é ao controle do exercício dessas atividades", declarou.

Requerimento

Foi aprovado requerimento do deputado Márcio Kangussu (PPS) solicitando a realização de audiência pública para discutir a contaminação de parte da população de Padre Paraíso pela esquistossomose, bem como para obter esclarecimentos das autoridades responsáveis pelo saneamento básico sobre quais medidas estão sendo tomadas para a erradicação da doença. Pede, ainda, que sejam convidados o secretário de Estado da Saúde, o presidente da Copasa, o prefeito de Padre Paraíso, o diretor do Hospital Municipal Nossa Senhora Mãe da Igreja e representantes da Fundação Nacional de Saúde, UFMG e da Secretaria Municipal de Saúde.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Marco Regis (PL), presidente da Comissão, José Braga (PMDB), vice-presidente, Elaine Matozinhos (PSB) e Márcio Cunha (PMDB).

 

 

 

 

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