Indenização a vítimas de tortura é tema de audiência pública

Representantes de organizações de direitos humanos e de vítimas de tortura lotaram o auditório da Assembléia, nesta q...

11/12/2001 - 17:57
 

Indenização a vítimas de tortura é tema de audiência pública

Representantes de organizações de direitos humanos e de vítimas de tortura lotaram o auditório da Assembléia, nesta quarta-feira (10/10/2001), para discutir, em audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos, o pagamento da indenização às vítimas de tortura, previsto pela Lei 13.187/1999. De acordo com o presidente da Comissão, deputado Edson Rezende (PT), os recursos para atender a lei não estão garantidos no orçamento do Estado para 2002.

O presidente da Comissão de Indenização à Vítima de Tortura, do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh-MG), Robson Sávio Reis Souza, ressaltou que a indenização é importante não pelo valor, que considerou simbólico, mas pelo reconhecimento do erro por parte do Governo Federal. Ele falou sobre o trabalho da Comissão, composta por seis conselheiros do Conedh, de emissão dos pareceres sobre os 613 requerimentos para o pagamento da indenização. Desses, sete já foram votados. Segundo Róbson Sávio Reis Souza, o governador do Estado foi o presidente da República que mais anistiou presos e perseguidos políticos, dando garantias do cumprimento da lei.

Os requisitos da lei foram citados pela secretária executiva da Comissão de Indenização à Vítima de Tortura do Conedh, Caroline Bastos Dantas. De acordo com ela, a lei exige, para o pagamento da indenização, que seja comprovada a tortura, praticada no período de 1961 a 1979, com motivação política. A tortura deve ter sido praticada por agente do Estado. A vítima também deve comprovar que houve seqüela. Para a representante do Movimento Tortura Nunca Mais, Gilse Cosenza, a composição da Comissão de Indenização à Vítima de Tortura do Conedh não é suficiente para atender a demanda. Para ela, o governador deveria investir no aparelhamento de infra-estrutura humana e material. Ela sugeriu, ainda, que os requerentes mais velhos sejam os primeiros a ser contemplados com a indenização.

CONSELHO DA COMUNIDADE NEGRA

Na reunião, foram aprovados três pareceres sobre Projetos de Lei (PL). O deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB) opinou pela aprovação do PL 819/2000 para 2º turno na forma do vencido em 1º turno e com a emenda nº 1, que apresentou. A proposição, da deputada Elaine Matozinhos (PSB), dispõe sobre o Conselho de Participação e Integração da Comunidade Negra, define políticas e dá outras providências. Pela emenda, o Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Minas Gerais será composto por 16 representantes da sociedade civil organizada, com representação que contemple as diversas regiões do Estado, sendo cinco de movimento organizado da comunidade negra; 16 representantes da administração pública estadual; dois da Secretaria de Estado do Trabalho, da Assistência Social, da Criança e do Adolescente e dois do Conselho Estadual de Direitos Humanos.

TRANSPORTE DE PRESO PROVISÓRIO

O deputado Luiz Tadeu Leite opinou, ainda, pela rejeição integral do PL 979/2000, do governador do Estado. O PL revoga disposição legal sobre o transporte de preso provisório ou condenado e está sendo analisado em 1º turno. O PL 1.613/2001, também do governador do Estado, recebeu parecer favorável para 1º turno da deputada Elbe Brandão (PSDB). Ao PL, que dispõe sobre prevenção contra incêndios e pânico no Estado de Minas Gerais, a relatora apresentou emenda que obriga o cadastramento, no Corpo de Bombeiros Militar, das pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela comercialização, instalação, manutenção e conservação dos aparelhos de prevenção contra incêndio e pânico utilizados em edificação de uso coletivo, para o exercício destas atividades.

Foram aprovados, ainda, nove requerimentos, sendo três do deputado Durval Ângelo (PT). O deputado solicitou a constituição de um fórum permanente, no âmbito da Comissão, com a participação de representantes de entidades civis e órgãos públicos, para debater a questão do comportamento das Polícias Civil e Militar frente aos movimentos sociais. O fórum seria para encaminhar denúncias, acompanhar as apurações das denúncias, estabelecer termos de conduta entre as partes e outras ações destinadas a garantir o direito de manifestação dos cidadãos. Ao requerimento, foi aprovada a emenda do deputado Edson Rezende (PT), convidando, ainda, a Ouvidoria da Polícia, representante da OAB/MG e de órgão públicos relacionados com os direitos trabalhistas.

Durval Ângelo solicitou, também, visita da Comissão às portas das fábricas para observar o trabalho da PM na vigilância do movimento grevista dos metalúrgicos, em horários a serem definidos. O outro requerimento do deputado foi para que seja realizada visita ao Batalhão de Eventos da Polícia Militar, para debater a questão do comportamento dos policiais frente aos movimentos sociais, com a presença das entidades presentes na audiência pública.

A deputada Elbe Brandão (PSDB) pediu, por meio de requerimento, que seja enviado ofício à Secretaria de Segurança Pública solicitando proteção à vida do vereador da Câmara Municipal de Luislândia, Generoso Aparecido Rosa, que alega estar recebendo graves ameaças. O deputado Edson Rezende (PT) solicitou visita da Comissão à cadeia pública da cidade de Varginha para constatar possíveis irregularidades envolvendo maus tratos dos presos e indícios de tortura.

Também foram aprovados requerimentos dos deputados Bené Guedes (PDT), Sebastião Navarro Vieira (PFL), Cabo Morais (PL) e Sargento Rodrigues (PDT).

Presenças - Participaram da reunião os deputados Edson Rezende (PT), presidente da Comissão; Durval Ângelo (PT), vice-presidente; Elbe Brandão (PSDB), Luiz Tadeu Leite (PMDB), e Doutor Viana (PMDB), além do presidente e da secretária executiva da Comissão de Indenização à Vítima de Tortura do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh-MG), Robson Sávio Reis Souza e Caroline Bastos Dantas; da representante do Movimento Tortura Nunca Mais, Gilse Cosenza; do representante da Associação Perseguidos Políticos do Brasil, Henrique Roberto, e de outros representantes de organizações de direitos humanos e de vítimas.

 

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