Excedente da produção leiteira é debatido na CPI
"A atividade leiteira no Brasil vem sendo
historicamente tratada com injustificável desleixo", afirmou o
presidente da Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABVL),
Almir José Meireles, nesta terça-feira (9/10/2001), em reunião da
CPI do Preço do Leite. Ele fez um relato da crise no setor desde o
ano de 1945, com o tabelamento do preço do leite de consumo, e
afirmou que a crise atual nada mais é do que a repetição, em escala
nacional, de outras que já ocorreram por excesso da oferta de leite.
Além da ABVL, os deputados ouviram representantes da Tetra Pak e do
Ipem (Instituto de Pesos e Medidas).
Almir Meireles informou que, segundo dados do IBGE,
a produção de leite recebida pelos estabelecimentos sob inspeção
federal, estadual ou municipal cresceu 12,6% no primeiro semestre de
2001, em comparação com o mesmo período de 2000. Somente em junho de
2001, o crescimento foi de 24,4%, quando a indústria de laticínios
recebeu, diariamente, 6,8 milhões litros de leite a mais que no
mesmo mês do ano anterior. "Com essa ordem de grandeza, a situação
de crise não será superada por esforços exclusivos do setor lácteo",
opinou.
Já o gerente-geral de Marketing "Categoria Lácteos"
da Tetra Pak, Luís Guilherme Campos de Oliveira, traçou um histórico
das atividades da empresa no Brasil e no mundo e comentou as causas
da atual crise do setor leiteiro. "Não há uma política de exportação
de excedentes. É preciso que o Brasil seja inserido no mercado
internacional", defendeu. Segundo ele, a Tetra Pak, que atua na
produção de embalagens e sistemas de processo, envase e distribuição
para alimentos líquidos, viscosos e sólidos, está no Brasil há 43
anos e gera 900 empregos diretos. "Nossa capacidade de produção no
País é de 10,4 bilhões de embalagens por ano", informou. Luís
Guilherme Campos de Oliveira representou o presidente da Tetra Pak,
Nelson Findeis, na reunião.
Variação diminui - A
Comissão, instalada a requerimento do deputado Marcelo Gonçalves
(PDT) e outros, tem a meta de apurar os mecanismos de formação do
preço do leite na indústria e no comércio e investigar indícios
existentes de cartelização. Segundo informações divulgadas, na
reunião, pela Assessoria da Presidência da CPI, o preço do leite,
nesta terça-feira (9), nos supermercados de Belo Horizonte, variou
entre R$ 0,75 e R$ 1,15 - ou seja, 53%. Antes do início dos
trabalhos da Comissão, essa variação era de 83%.
IPEM VAI REMETER À CPI CÓPIA DE PESQUISA
O presidente do Instituto de Pesos e Medidas
(Ipem), Mário Ramos Vilela, falou da importância do leite como
produto predominante na cesta básica. Segundo ele, o instituto está
desenvolvendo, este ano, trabalho específico sobre produtos
pré-medidos no Estado. Vilela informou aos parlamentares que 109
produtos foram verificados em Minas Gerais, constatando-se, em
alguns deles, inconformidade nas medidas. O presidente do instituto
se comprometeu a remeter à CPI uma cópia da pesquisa (que inclui o
leite). "Aqui no Brasil, cinco empresas respondem pelo setor de
supermercados no País", informou, ainda, Vilela, acrescentando que o
número é semelhante ao verificado em países europeus.
Audiências - A CPI aprovou
dois requerimentos, dos deputados José Henrique (PMDB) e Hely
Tarqüínio (PSDB), solicitando a realização de audiência pública da
Comissão nas cidades de Governador Valadares e Patos de Minas,
respectivamente.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados João Batista de Oliveira (PDT), presidente da
Comissão; Paulo Piau (PFL), Luiz Fernando Faria (PPB), relator da
CPI, Antônio Andrade (PMDB), Cristiano Canêdo (PTB), Kemil Kumaira
(PSDB), Márcio Kangussu (PPS), Hely Tarqüínio (PSDB), Jorge Eduardo
de Oliveira (PMDB), José Henrique (PMDB), Alencar da Silveira Júnior
(PDT) e o deputado Anderson Adauto (PL), entre outros
convidados.
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