Falta de financiamento inviabiliza passe livre intermunicipal

A Reunião Conjunta das Comissões do Trabalho, da Previdência e da Ação Social e de Transporte, Comunicação e Obras Pú...

11/12/2001 - 17:57
 

Falta de financiamento inviabiliza passe livre intermunicipal

A Reunião Conjunta das Comissões do Trabalho, da Previdência e da Ação Social e de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, realizada nesta terça-feira (9/10/2001), discutiu o descumprimento da Lei 10.419/91, que concede passe livre no transporte coletivo intermunicipal aos portadores de deficiência física, mental e visual e às pessoas com mais de 65 anos. A incapacidade de conseguir fontes de financiamento para subsidiar o benefício concedido foi colocada como o grande obstáculo ao cumprimento da lei por alguns convidados.

A advogada Zaira Carvalho Silveira, do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais (Sindpas), informou que a lei só poderá ser cumprida se houver previsão de recursos por parte do Estado ou se os encargos decorrentes forem repassados ao valor das tarifas. Segundo a advogada, seriam beneficiadas cerca de 634 mil pessoas por mês, a um custo médio de R$ 13,25 por passageiro, o que daria um custo total equivalente a R$ 8,4 milhões. O volume total da arrecadação tributária seria de R$ 6,7 milhões, havendo um déficit de quase R$ 3 milhões. No caso de repasse dos encargos para o valor das passagens, haveria um aumento de 27,6% no preço. Zaira qualificou como delicada a situação e disse que a lei fere o princípio da igualdade, beneficiando um segmento da sociedade em detrimento dos demais.

Subsídio - "É preciso uma política de subsídio face ao custo gerado pela medida. A proposta é de alto alcance social, mas deve-se buscar fontes de financiamento para viabilizá-la. Alguém paga pela gratuidade", completou o assessor da Diretoria de Transportes do DER/MG (Departamento de Estradas de Rodagem), Lindibergue Ribeiro Garcia. Para o assessor, o Estado deveria firmar um convênio com as empresas para ressarcimento dos custos, uma vez que as passagens cobradas são a única fonte de receita do sistema de transportes - que, segundo ele, não suportaria custear as despesas oriundas da concessão. Lindibergue encerrou sua exposição dizendo que considera polêmica a questão.

MINISTÉRIO PÚBLICO IMPETROU AÇÃO, JULGADA IMPROCEDENTE

A promotora de Justiça Ana Letícia Martins de Souza, da Promotoria de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência e Idosos, informou que o Ministério Público impetrou uma ação civil para obrigar o Estado a cumprir a lei, mas que a ação foi julgada improcedente pelo Tribunal de Justiça, sob a alegação de falta de previsão orçamentária. "Deveriam ser garantidos, além do benefício, os recursos para sua viabilização", afirmou. O presidente da Federação dos Aposentados e Pensionistas de Minas Gerais, Ermério Soares Campos, declarou-se estarrecido com o tratamento recebido pelos aposentados e portadores de deficiência. "Cria-se a expectativa para, em seguida, frustrá-la. Quando a lei se refere à ajuda aos necessitados e ao povo, torna-se mais difícil a sua implementação", opinou.

Solução - O deputado Dinis Pinheiro (PL), autor do requerimento que originou a reunião, disse que o Estado tem que se sensibilizar com a situação dessas pessoas. "Não é possível que a concessão de um ou dois assentos irá inviabilizar o sistema de transportes", questionou. De acordo com o deputado, falta desprendimento, objetividade e ousadia para solucionar o impasse. Dinis Pinheiro ressaltou, ainda, que o poder público tem a responsabilidade de apresentar uma solução para o impasse e que os portadores de deficiência e aposentados é que não podem ficar no prejuízo. Para o deputado João Leite (PSB), a Assembléia tem que tomar uma posição frente ao não-cumprimento da lei.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PPB), Arlen Santiago (PTB), Dinis Pinheiro (PL), Bené Guedes (PDT), João Leite (PSB) e Doutor Viana (PMDB). Compuseram a Mesa o coordenador-geral da Coordenadoria de Apoio e Assistência às Pessoas Deficientes (Caade) e o chefe de gabinete da Secretaria de Estado do Trabalho, José Rodrigues Maciel.

 

 

 

 

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