Houve avanço nas negociações entre os servidores do
Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e as secretarias de Estado da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e de Recursos Humanos e
Administração, na reunião da Comissão do Trabalho, Previdência e Ação
Social, realizada nesta quarta-feira (3/10/2001). Os trabalhadores do IMA
paralisaram suas atividades em 11 de setembro, reivindicando 38% de
reajuste salarial, plano de carreira, pagamento de adicional aos técnicos
que realizam atividades insalubres, e melhoria das condições de trabalho.
Representantes do Poder Executivo admitiram a necessidade de atendimento
às reivindicações dos trabalhadores, respeitadas as limitações do Estado.
Os servidores devem retomar as atividades nos próximos dias.
A presidente da Associação dos Servidores do IMA
(Assima), Míriam Alvarenga, procedeu a leitura de uma carta contendo as
reivindicações dos servidores e apresentou um breve histórico das funções
do Instituto. Segundo ela, os trabalhadores estão há muitos anos sem
reajuste e não podiam mais esperar por uma solução, optando pela greve.
Míriam lembrou que, a permanecer a situação, técnicos do IMA tendem a
abandonar o Instituto, causando um desperdício financeiro ao Estado
referente às despesas com treinamento desses profissionais.
O diretor Sebastião Soares, da União Nacional dos
Servidores Públicos (Unsp), salientou que a greve não é só por melhoria
dos salários, mas representa um brado de alerta à situação do IMA, para
que se discuta a política do Estado em relação ao sistema agropecuário.
Para Sebastião, os servidores demonstraram disposição ao diálogo, tendo
tratado a questão com maturidade e até modificado as propostas em função
das dificuldades técnicas do Governo. "Chega a ser aviltante o que os
servidores do IMA recebem. É preciso ressaltar a importância desses
trabalhadores e respeitá-los", concluiu.
O diretor-geral do IMA, Célio Gomes Floriani, disse que o
diálogo é o melhor caminho para a resolução da questão. Ele reconheceu a
forma ordeira com que foram feitas as reivindicações, dizendo-se grato aos
servidores. Floriani também apresentou dados relativos à administração do
Instituto. "Em 1998, o IMA precisou de R$ 3,3 milhões para o custeio de
suas despesas. A partir de 1999, o Instituto passou a caminhar com as
próprias pernas, equilibrando despesa e receita, e investindo em
equipamentos.
Secretarias reconhecem justiça das reivindicações
O secretário adjunto Hélio Machado, da Secretaria de
Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, reconheceu que o trabalho
dos servidores é essencial e disse que o secretário Raul Belém apoiou as
reivindicações. Porém, segundo ele, os 38% de aumento vão além das
possibilidades do Estado. Machado disse que a agropecuária é responsável
por cerca de 40% do PIB de Minas Gerais.
A superintendente de Cargos, Carreiras e Vencimentos,
Maria Cristina Lages Henriques, da Secretaria de Estado de Recursos
Humanos e Administração, informou que está procedendo a análise técnica e
legal da proposta de plano de carreira dos servidores, prometendo entregar
o resultado até o final da próxima semana. O assessor de Relações
Trabalhistas Eduardo Souza Batista, da mesma Secretaria, disse que o
Governo está empenhado para solucionar o problema, mas que não tem, ainda,
uma posição definitiva sobre o atendimento às reivindicações. De acordo
com Souza, assim que forem concluídos os estudos dos aspectos técnicos e
legais da proposta, será marcada uma reunião com a direção da Assima.
O deputado Dalmo Ribeiro Silva (sem partido) considerou
que o Estado está sendo duramente penalizado com a greve dos servidores do
IMA. "Os prejuízos decorrentes da greve são muitos. A paralisação da
defesa sanitária está deixando o Estado vulnerável em relação às doenças e
à contaminação, por pragas, da produção", comentou. O deputado Bené Guedes
(PDT) disse que a greve, apesar de justa, não é boa para ninguém. Segundo
ele, é preciso sensibilizar o Governo em relação à necessidade de reajuste
salarial para os trabalhadores, por uma questão de proporcionalidade e
justiça. Para o deputado Luiz Menezes (PPS), o salário dos servidores do
Instituto é irrisório, e que o diálogo é o melhor caminho para mudar a
situação.
Presenças
Participaram da reunião os deputados Dalmo Ribeiro Silva
(sem partido), presidente da Comissão, Bené Guedes (PDT) e Luiz Menezes
(PPS).