A Audiência Pública para discutir o cumprimento das
condições resultantes de acordo firmado entre a Companhia Vale do Rio Doce
(CVRD), Ministério Público e a prefeitura de Itabira, para liberação de
Licença de Operação Corretiva (LOC), lotou o Auditório da Assembléia nesta
terça-feira (2/10/2001). O assunto foi debatido na Comissão de Meio
Ambiente e Recursos Naturais. O representante da CVRD, João Bosco Dutra
Ferreira, lembrou que a Vale tem a Licença de Operação Corretiva desde
junho de 2000 e, que sua validade é de 4 anos, podendo ser renovada.
Segundo ele, são 52 condicionantes beneficiando o
município de Itabira, divididas em inventário de fauna e flora da área do
município, reabilitação de áreas ligadas a mineração, monitoramento da
qualidade do ar, obras na comunidade, como parques e passarelas sobre a
ferrovia, e programa de educação ambiental, entre outras. "São 19
condicionantes concluídas em um ano e três meses. Isso pode ser
considerado um avanço", afirmou.
O deputado Luiz Menezes (PPS), autor do requerimento que
motivou a reunião, lembrou que desde 1942 a Vale do Rio Doce está presente
em Itabira. "Durante este tempo muito do patrimônio histórico, cultural e
ambiental da nossa cidade foi perdido em nome do desenvolvimento", disse.
Segundo o deputado, os resultados da "mineração mal controlada"
comprometeram os recursos hídricos e o ar do município, além da saúde da
população itabirana. Sobre as condicionantes da Licença de Operação
Corretiva , Luiz Menezes disse ser um avanço "inestimável". "Acredito que
o cumprimento das condicionantes poderá melhorar em muito a qualidade de
vida de Itabira", afirmou.
O secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, Paulino Cícero, disse que pela primeira vez, desde 1942, a
CVRD tem licenciadas todas as suas atividades dentro do Estado. Segundo o
secretário, não foram apenas "injustiças" deixadas pela mineração, mas,
também o desenvolvimento das cidades. "O patrimônio de Ouro Preto, Mariana
e Itabira representa a segunda safra da mineração", afirmou.
POLUIÇÃO AINDA É PROBLEMA
A promotora de Justiça Curadora do Meio Ambiente, Sumaia
Chamon Junqueira Morais, informou que recebe, diariamente, mais de 10
reclamações da população referentes à poluição e a rachaduras nas casas.
Segundo ela, apesar da LOC ser um avanço para o município, ainda há muito
o que ser feito. Sumaia Chamon classificou a herança deixada pela CVRD ao
município de Itabira, nestes quase 60 anos de atividades, como um "triste
fenômeno à paisagem itabirana. O cumprimento das condicionantes tem sido
lento e muitas vezes não satisfatório à população, disse a promotora.
O presidente da Federação Estadual de Meio Ambiente
(Feam), Ivon Borges Martins, disse que a Federação está atenta ao
licenciamento da Vale do Rio Doce e ao cumprimento das condicionantes pela
mesma.
Durante a audiência pública foi apresentado pela
Companhia Itabirana de Teatro, a poesia cantada "O maior trem do mundo",
de Carlos Drumond de Andrade.
PRESENÇAS
Participaram da reunião os deputados José Milton (PL),
presidente da Comissão; Luiz Menezes (PPS) e a deputada Maria José
Haueisen (PT), entre outras autoridades e representantes da comunidade de
Itabira.