Criada para estudar o processo histórico de capitalização
e a situação financeiro-orçamentária atual do Banco de Desenvolvimento do
Estado de Minas Gerais (BDMG), a Comissão Especial do BDMG reuniu-se,
nesta terça-feira (02/10/2001), para ouvir o presidente da Federação das
Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Stefan Salej e o presidente
do Conselho de Política Tributária e conselheiro fiscal da Fiemg, Edwaldo
Almada de Abreu.
"O BDMG é um mero repassador de recursos federais, não
possui finanças próprias", afirmou Stefan Salej. Segundo ele, os bancos
mineiros não representam o poder financeiro do Estado e 87% da poupança de
Minas são aplicados fora do território mineiro. "Minas Gerais precisa
crescer 6% ao ano, durante 37 anos, para se igualar a São Paulo",
comparou. Salej criticou as altas taxas de juros cobradas no Estado, o que
justifica a falta de empresas capitalizadas, segundo ele. Outra crítica do
presidente da Fiemg foi a "abertura inconseqüente" do mercado, o que
impede a atuação de empresas competitivas e gera inadimplência.
Stefan Salej salientou que não é pretensão da Fiemg
proteger inadimplentes, "somos solidários com os empresários que não têm
condições de pagar as dívidas, devido a questões políticas impostas". Ele
afirmou, ainda, que falta no Estado um programa de desenvolvimento e
criticou a inexistência de diálogo por parte do BDMG, com as unidades de
classes, o que impede a coleta de dados e informações para resolver os
problemas das empresas. Segundo ele, a Fiemg não divulga dados do
financiamento. Salej propôs uma discussão da política econômica e
financeira do Estado e defendeu que "a base do desenvolvimento é a
poupança e investimento local".
EMPRESAS CORREM RISCO DE PERDER BENS
O presidente do Conselho de Política Tributária e
conselheiro fiscal da Fiemg, Edwaldo Almada de Abreu, afirmou que ser
empresário em Minas é uma tarefa difícil, devido ao sistema financeiro e
tributário do Estado. Edwaldo Abreu disse que, segundo dados do Poder
Judiciário, cerca de mil empresas mineiras estão com ações ajuizadas, o
que pode levar à tomada dos bens e inviabilização de suas atividades. Ele
defendeu que a Assembléia peça ao Judiciário que as ações sejam
paralisadas durante o trabalho da Comissão, o que já foi proposto pelo
deputado Durval Ângelo (PT), e pediu que seja analisada a capacidade de
pagamento de cada empresa.
O deputado Durval Ângelo (PT) fez referências às dívidas
brasileiras e afirmou que dois terços dos recursos orçamentários da União
são usados para pagá-las. Ele criticou a dependência das empresas ao
"capital volátil", o que leva à especulação. O deputado Antônio Carlos
Andrada (PSDB) criticou o governo estadual por falta de uma política de
desenvolvimento e de investimentos na área.
Ainda durante a reunião foram aprovados cinco
requerimentos. Dois do deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), solicitando
que seja realizada audiência pública da Comissão em Juiz de Fora, em razão
do interesse que o empresariado local tem manifestado sobre os trabalhos
em andamento; e pedindo que seja enviado pedido de informação ao
presidente do BDMG requerendo relação dos valores emprestados, por
município, com indicação do setor de atividade, abrangendo um período de
10 anos, além da relação do volume de créditos inadimplentes por
município, com indicação do setor de atividade, abrangendo o mesmo
período.
Requerimentos do deputado Rêmolo Aloise (PFL) solicitam
que o BDMG e a Fiemg mantenham um representante permanente acompanhando os
trabalhos da Comissão. Requerimento no mesmo sentido fez o deputado Durval
Ângelo em relação ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público. Os
deputados também decidiram fazer uma visita ao Tribunal de Contas para
discutir assuntos de interesse da Comissão
PRESENÇAS
Participaram da reunião os
deputados Rêmolo Aloise (PFL), presidente da Comissão, Luiz Fernando Faria
(PPB), vice-presidente, Durval Ângelo (PT), relator; Antônio Carlos
Andrada (PSDB), Ivair Nogueira (PMDB) e Irani Barbosa (PSD).