O vice-reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), Paulo Ferreira Pinto, sugeriu, nesta quinta-feira (27/9/2001), que
a Assembléia Legislativa crie uma comissão permanente para discutir a
situação das universidades no Estado. Para ele, isso permitiria a
formulação, avaliação e revisão periódicas das políticas para o ensino
superior e um avanço na busca de um modelo para o Estado. Segundo o
professor, Minas Gerais não pode simplesmente copiar modelos como os de
São Paulo - calcado nas instituições estaduais -, Rio Grande do Sul ou
Paraná. O vice-reitor foi ouvido pela Comissão Especial do Ensino
Superior, criada para proceder a estudos sobre a política de educação
superior do Estado de Minas Gerais, que começou seus trabalhos no dia 18
de junho.
Paulo Ferreira Pinto acredita que a escola que pensa no
futuro nunca estará pronta. "A universidade que fala que está pronta é uma
universidade falida", afirmou. Ele ressaltou que o número de matrículas no
ensino superior particular teve um crescimento de 59% no período de 1994 a
1999, enquanto as matrículas no ensino público cresceram apenas 21%. Por
outro lado, a inadimplência nas escolas particulares é de 55% a 60%.
Segundo ele, o problema é que raramente as instituições privadas investem
nas atividades de pesquisa e extensão, dando prioridade a cursos de custo
mais baixo.
O vice-reitor também criticou a política de avaliação
instituída pelo Governo Federal. Segundo ele, são cometidas duas faltas de
responsabilidade: a concessão para abrir cursos sem condições de
funcionamento e, depois, simplesmente fechar os cursos, sem definir o que
fazer com os alunos. Ele defendeu investimentos maiores na formação e
capacitação do corpo docente e criticou afirmações do Governo Federal
sobre o gasto com pessoal. Segundo ele, os valores "astronômicos" não
revelam que 45% dos recursos dispendidos pelo Ministério da Educação com
pessoal referem-se ao pagamento de inativos. "É preciso discutir a questão
da forma mais clara e aberta possível", defendeu.
POLÍTICAS COMPENSATÓRIAS
Paulo Ferreira Pinto também abordou a falta de uma
política que dê condições ao aluno carente de freqüentar a universidade.
Ele comentou que a UFJF criou o projeto da bolsa-moradia, que identifica
os alunos carentes e dá a eles uma ajuda de R$ 100,00 ao mês. Outras
políticas compensatórias citadas pelo professor são biblioteca,
computadores, moradia estudantil e restaurante universitário. A deputada
Maria José Haueisen (PT) defendeu a garantia de uma dotação orçamentária
para as políticas compensatórias, numa política de longo prazo, que
independa das mudanças de governo.
Presenças - A reunião foi
presidida pelo deputado Paulo Piau (PFL) e contou também com a presença da
deputada Maria José Haueisen (PT). Paulo Ferreira Pinto representou a
reitora da UFJF, Margarida Salomão.