A situação de servidores do Instituto de Previdência dos
Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) que participaram da
assembléia geral de 26/6/2001 foi discutida em audiência pública da
Comissão de Direitos Humanos, nesta quarta-feira (26/9/2001), a pedido do
deputado Edson Rezende (sem partido). A presidente do Sindicato dos
Servidores do Ipsemg, Andréa Myrrha Guimarães Almeida, acusou o diretor de
Saúde do Instituto, Roberto Bitencourt, de ser responsável por uma
listagem de apenas 52 nomes de servidores paralisados, enquanto 400 teriam
participado da assembléia. Segundo ela, a lista foi enviada a diversos
setores do Ipsemg, o que causou constrangimento aos servidores.
Ainda de acordo com a presidente do Sindicato, os
servidores que aderiram à assembléia estão sendo punidos, inclusive com
punição extra, que ela julgou "imoral, ilegal e ditatorial", considerando
ser, a paralisação, um direito garantido pela Constituição Federal. Para
ela, "o presidente do Ipsemg tem tentado de todas as formas prejudicar o
Sindicato". Andréa Almeida criticou, ainda, o Programa Ipsemg Família, com
o qual o Instituto gastaria R$ 1,2 milhão por ano em marketing.
O ex-presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg e
atual presidente do Ipsemg, João Diniz Pinto Júnior, disse que não houve
retaliação aos servidores que participaram da assembléia, mas uma postura
firme do Instituto para construir um projeto que beneficie os servidores
em geral, e não uma minoria. Sobre o Programa Ipsemg Família, que, de
acordo com João Pinto Júnior, atua em escolas municipais e estaduais,
domicílios, escritórios, hospitais e clínicas, em 21 cidades do Estado,
com o objetivo de "promover a saúde e ações preventivas", o presidente
disse que são gastos apenas R$ 217 mil, já que o Programa "não precisa de
marketing".
A Associação dos Contribuintes do Ipsemg foi acusada, por
João Pinto Júnior, de "estar de olho no contracheque do servidor",
referindo-se a denúncias de servidores e relativas a credenciamentos de
médicos e dentistas, no interior do Estado, que estariam sendo feitos pela
Associação em nome do Ipsemg. Ele criticou também o Sindicato, "que não
percebeu que a USP estava interessada no processo de privatização do
Ipsemg".
O secretário-geral do Ipsemg, José Augusto Braga, fez a
leitura de um documento no qual o Instituto se manifesta sobre a
assembléia geral dos servidores. O Ipsemg, por meio do documento,
considerou a paralisação um fracasso, devido à adesão de apenas 2,43% dos
2 mil funcionários do Instituto, e julgou as atitudes dos servidores como
"inconseqüentes", por eles não terem mantido os serviços considerados
essenciais à saúde. O secretário-geral disse que os servidores não estão
sendo punidos, mas advertidos.
"Denuncismo" foi o termo utilizado pelo deputado Luiz
Tadeu Leite (PMDB) para definir as denúncias contra a direção do Ipsemg,
dentre as quais, de superfaturamento, de improbidade administrativa e de
truculência, veiculadas pela mídia. Segundo o parlamentar, o presidente do
Ipsemg será lembrado como "alguém que revolucionou o Instituto". Ele
elogiou também o governador Itamar Franco (PMDB), considerando que os
governos anteriores "usavam e abusavam do Ipsemg", inclusive tomando
empréstimos da instituição, o que, de acordo com Luiz Tadeu Leite, é
ilegal. O deputado disse esperar que depois desta audiência pública sejam
dadas condições para o Ipsemg trabalhar.
Na reunião, foram aprovados três pareceres sobre Projetos
de Lei (PL). O deputado Marcelo Gonçalves (PDT) opinou pela aprovação do
PL 1.185/2000, de autoria do deputado Chico Rafael (PSB), na forma do
vencido em 1° turno com emenda apresentada. A proposição, que tramita em
2º turno, dispõe sobre equipamentos obrigatórios de segurança em bancos 24
horas localizados no território do Estado de Minas Gerais.
Foi aprovado também o parecer favorável do deputado
Durval Ângelo (PT) ao PL 1.273/2000, do deputado Dalmo Ribeiro Silva
(PSD). A proposição tramita em 2º turno e altera dispositivos da Lei nº
12.462, de 7 de abril de 1997. A deputada Elbe Brandão (PSDB) opinou pela
aprovação do PL 1.370/2001 na forma do substitutivo nº 1, que apresentou,
e pela rejeição da emenda nº 1 da Comissão de Constituição e Justiça. A
relatora justificou o parecer pelo aumento do número de portadores do
vírus HIV. A proposição, que tramita em 1º turno, dispõe sobre teste de
HIV em exame de sangue, e o parecer foi aprovado.
Foram aprovados ainda seis requerimentos. Dos deputados
Elbe Brandão (PSDB) e Edson Rezende (sem partido), solicitando articulação
institucional para participação da Comissão na "caminhada pela paz", no
próximo dia 12 de outubro, no aglomerado Santa Lúcia, na Capital. A
deputada Elbe Brandão requereu também envio de ofício ao secretário de
Estado de Segurança Pública pedindo proteção de vida a Ricardo Figueiredo,
residente em São Francisco, que alega estar recebendo graves denúncias. O
deputado Marcelo Gonçalves (PDT) solicitou, por meio de requerimento que
recebeu emenda da deputada Elbe Brandão, a realização de audiência pública
da Comissão para ouvir representante do Ministério Público Estadual sobre
o processo de apuração de supostas irregularidades no Ipsemg.
Requerimento do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT),
também aprovado, pediu que fosse retirado de pauta o PL 1.429/2001. O
deputado Edson Rezende pediu, por meio de requerimento, audiência pública
para discutir o PLC 44/2001. Requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva
(PSD), aprovado na forma do substitutivo nº 1 apresentado pelo deputado
Durval Ângelo (PT), solicitou o encaminhamento de ofício à secretária de
Estado de Justiça e Direitos Humanos, reiterando o teor do Ofício
780/2001/DLE desta Assembléia.
Presenças: Participaram da
reunião os deputados Edson Rezende (sem partido), presidente da Comissão,
Durval Ângelo (PT), vice-presidente, Elbe Brandão (PSDB), Luiz Tadeu Leite
(PMDB), Marcelo Gonçalves (PDT), José Braga (PMDB), Doutor Viana (PMDB) e
Adelmo Carneiro Leão (PT), dentre outros, além do presidente do Ipsemg,
João Diniz Pinto Júnior; da presidente do Sindicato dos Servidores do
Ipsemg, Andréa Myrrha Guimarães Almeida; e do secretário-geral do Ipsemg,
José Augusto Braga.