A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais realizou
audiência pública, nesta terça-feira (25/9/2001), para discutir os
problemas relativos à circulação de águas pluviais nas áreas cársticas
(próprias de regiões calcárias) vizinhas ao Aeroporto Internacional
Tancredo Neves - especialmente nas Lagoas de Confins e de Santo Antônio,
em Pedro Leopoldo, que tiveram seus sumidouros assoreados. A Lagoa de
Confins possui algas azuis venenosas, que contaminam animais e a própria
população, além de as enchentes serem constantes. Moradores e autoridades
acreditam que o problema de invasão das águas aconteça por causa da
construção do Aeroporto de Confins nas imediações da cidade. Não só a
Lagoa, como também o município, estão localizados em área calcária, o que,
segundo estudos, contribui para a imprecisão dos aumentos e das baixas do
nível das águas. A reunião ocorreu a pedido do deputado Fábio Avelar
(PPS), vice-presidente da Comissão.
Prejuízos - Fábio Avelar iniciou a audiência falando
da necessidade de se buscarem soluções emergenciais e parcerias, além do
compromisso da Assembléia de coordenar a campanha pela resolução do
problema. A apresentação de imagens do local e de gráficos demonstrando os
níveis da Lagoa de Confins foi
conduzida pelo superintendente da Infraero, Ricardo José da Rosa. Ele
falou de projetos da empresa em defesa do meio ambiente e de um convênio
firmado com a Embrapa que agirá em prol de questões ambientais. As
drenagens e os assoreamentos feitos no local foram relatados pelo assessor
da Infraero, Fábio Marton. Ele afirmou, ainda, que o Aeroporto Tancredo
Neves ocupa 3,3% da Bacia da Lagoa e que, desde 1980, há construções no
leito histórico dela. Fábio Marton afirmou que os desequilíbrios
existentes não são capazes de gerar prejuízos irreversíveis. "Só uma
catástrofe inundaria Confins", disse.
POTENCIAL HÍDRICO DEVE SER ALVO DE CUIDADOS
O representante da Copasa, Ronaldo de Luca, assim como
Ricardo Rosa e Fábio Marton, apresentou, por meio de imagens, a situação
de Confins. "O potencial hídrico de Confins representa uma proposta
estratégica para sustentar Belo Horizonte no futuro, mas precisa ser
cuidado", afirmou. O representante do Projeto Manuelzão, Edézio Teixeira
de Carvalho, pronunciou-se a respeito de cársticos e da disposição do
projeto Manuelzão em participar das discussões pertinentes aos problemas
enfrentados pela comunidade de Confins. O coordenador das Promotorias de
Meio Ambiente, Jarbas Soares Júnior, disse que o Ministério Público está
aberto às questões e citou a criação da Promotoria do Rio das Velhas, que,
segundo ele, vai cuidar de assuntos de toda a região. A deputada Maria
José Haueisen (PT) ressaltou, ainda, a importância de debates sobre a
saúde das águas.
Plano Diretor - O prefeito de
Confins, João Batista da Silva, falou do Plano Diretor posto em prática em
Confins há algum tempo e que tem controlado o crescimento populacional,
principalmente aos arredores da Lagoa. João Batista atribuiu os problemas
de contaminação e enchentes a descuidos na construção do Aeroporto. "Na
época das chuvas, as águas descem do Aeroporto e inundam as casas. Não
adiantam drenagens e nem contenções; a água desce direto por caneletas",
afirmou.
SITUAÇÃO DA LAGOA DE SANTO ANTÔNIO É RELATADA
Falou sobre a situação da Lagoa de Santo Antônio o chefe
da Divisão de Meio Ambiente de Pedro Leopoldo, Mauro Lobato. Ele ressaltou
que é necessária e urgente a adoção de um Plano Diretor pelo município,
principalmente para as áreas da região calcária. "Precisamos congregar os
órgãos responsáveis para criar um plano de gestão eficiente", disse.
O procurador do município de Confins, José Geraldo
Fagundes, mencionou o perigo que as algas azuis representam para a
população, reafirmando a necessidade de mobilização da comunidade e de
autoridades competentes para reverter a situação. "As algas foram
examinadas nos Estados Unidos. São altamente mortais, não podemos conviver
com isso", disse. Paulo Maciel, representante do Comitê da Bacia do Rio
das Velhas, disse ser grave o problema. Um zoneamento eficaz foi apontado
por ele como medida a ser implementada.
A audiência seguiu com apresentação de imagens atuais de
Confins e com debate.
Projeto de Lei - A Comissão de
Meio Ambiente e Recursos Naturais aprovou, ainda, parecer do deputado José
Milton (PL) pela aprovação, em 2º turno, do Projeto de Lei (PL)
1.392/2001, do deputado Wanderley Ávila (PPS), que declara o trecho
mineiro do Rio São Francisco, de sua nascente até a divisa com o Estado da
Bahia, patrimônio paisagístico e turístico.
Presenças- Além dos convidados,
participaram da reunião o diretor do Instituto Mineiro de Gestão Ambiental
(Igam), Roberto Vasconcelos, e o capitão da Polícia Militar Arley
Gomes.