Comissão debate agressões de PMs a estudantes da UFMG

As agressões praticadas por policiais militares contra alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante...

26/09/2001 - 09:38

 


Comissão debate agressões de PMs a estudantes da UFMG

 

As agressões praticadas por policiais militares contra alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante manifestação de apoio de estudantes ao movimento reivindicatório dos servidores da universidade, no último dia 28 de agosto, foram tema de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos nesta terça-feira (25/9/2001).

O estudante Jorge Augusto Roque Souza, uma das vítimas do conflito entre a PM e os estudantes, relatou o dia do conflito. Segundo ele, a passeata, que ocorria normalmente, foi "invadida brutalmente" por policiais militares. "Eu e outros dois estudantes fomos algemados e levados ao 16º Batalhão, onde sofremos vários tipos de agressões", afirmou. Jorge, que classificou a manifestação como pacífica, falou da necessidade dos fatos serem esclarecidos e lembrou que cerca de 300 estudantes participaram do movimento.

O deputado Edson Rezende (sem partido), autor do requerimento que motivou a reunião, lembrou que os estudantes agredidos no conflito procuraram a Comissão anteriormente para mostrar as lesões corporais. "A Polícia Militar, enquanto agente público, deve ser voltada para a preservação dos cidadãos", afirmou o deputado. O tenente-coronel Musso José Veloso lamentou os acontecimentos e disse que foi instaurado um inquérito policial-militar para apurar os fatos e verificar as responsabilidades dos policiais envolvidos.

O presidente do Diretório Central dos Estudantes, Cristiano Scarpelli Aguiar Pacheco, também relatou as agressões praticadas pelos policiais. Segundo ele, a passeata já estava chegando ao local de destino, que era a portaria principal da UFMG, quando o tumulto começou. "Policiais tomavam agressivamente as faixas das mãos dos estudantes. É preciso que eles saibam dialogar e compreender os movimentos sociais", disse.

O estudante Roberto Malcher Kaanitz disse que os policiais que estavam na manifestação tinham seus nomes tampados nas fardas. "Questiono sobre quem os teria mandado até lá, já que não estávamos fazendo nada de errado", disse. Segundo ele, é humilhante que um cidadão honesto e que paga seus impostos seja obrigado a correr da polícia.

Ronan Araújo Contijo, que esteve representando o reitor da Universidade, falou da surpresa e da decepção diante os acontecimentos. "Foi preciso que a UFMG encaminhasse diversas autoridades universitárias para hospitais, atrás de informações sobre estudantes que estavam desaparecidos e que poderiam estar feridos", lamentou. Contijo disse, ainda, que a Universidade quer a apuração profunda dos fatos e a punição dos responsáveis.

Requerimento - A Comissão aprovou, ainda nesta terça-feira, dois requerimentos. Um, da deputada Elbe Brandão (PSDB), convidando os secretários de Segurança e de Administração para apresentarem relação de prédios públicos que poderiam, mediante adaptações, abrigarem o excesso de presos existentes nas delegacias. Outro, do deputado Edson Rezende (sem partido), convocando a comparecer, em audiência pública da Comissão, o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais; representantes da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos e da Secretaria de Estado de Segurança Pública; assim como representantes dos servidores e estudantes da UFMG, do reitor da Universidade e da Ouvidoria da Polícia Militar, com o objetivo de discutir a denúncia, trazida à Comissão, por alunos da UFMG, das agressões praticadas por policiais militares contra estudantes.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Edson Rezende (sem partido), presidente da Comissão, Durval Ângelo (PT), Doutor Viana (PMDB) e Elbe Brandão (PSDB).

 

 

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