As agressões praticadas por policiais militares contra
alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante
manifestação de apoio de estudantes ao movimento reivindicatório dos
servidores da universidade, no último dia 28 de agosto, foram tema de
audiência pública da Comissão de Direitos Humanos nesta terça-feira
(25/9/2001).
O estudante Jorge Augusto Roque Souza, uma das vítimas do
conflito entre a PM e os estudantes, relatou o dia do conflito. Segundo
ele, a passeata, que ocorria normalmente, foi "invadida brutalmente" por
policiais militares. "Eu e outros dois estudantes fomos algemados e
levados ao 16º Batalhão, onde sofremos vários tipos de agressões",
afirmou. Jorge, que classificou a manifestação como pacífica, falou da
necessidade dos fatos serem esclarecidos e lembrou que cerca de 300
estudantes participaram do movimento.
O deputado Edson Rezende (sem partido), autor do
requerimento que motivou a reunião, lembrou que os estudantes agredidos no
conflito procuraram a Comissão anteriormente para mostrar as lesões
corporais. "A Polícia Militar, enquanto agente público, deve ser voltada
para a preservação dos cidadãos", afirmou o deputado. O tenente-coronel
Musso José Veloso lamentou os acontecimentos e disse que foi instaurado um
inquérito policial-militar para apurar os fatos e verificar as
responsabilidades dos policiais envolvidos.
O presidente do Diretório Central dos Estudantes,
Cristiano Scarpelli Aguiar Pacheco, também relatou as agressões praticadas
pelos policiais. Segundo ele, a passeata já estava chegando ao local de
destino, que era a portaria principal da UFMG, quando o tumulto começou.
"Policiais tomavam agressivamente as faixas das mãos dos estudantes. É
preciso que eles saibam dialogar e compreender os movimentos sociais",
disse.
O estudante Roberto Malcher Kaanitz disse que os
policiais que estavam na manifestação tinham seus nomes tampados nas
fardas. "Questiono sobre quem os teria mandado até lá, já que não
estávamos fazendo nada de errado", disse. Segundo ele, é humilhante que um
cidadão honesto e que paga seus impostos seja obrigado a correr da
polícia.
Ronan Araújo Contijo, que esteve representando o reitor
da Universidade, falou da surpresa e da decepção diante os acontecimentos.
"Foi preciso que a UFMG encaminhasse diversas autoridades universitárias
para hospitais, atrás de informações sobre estudantes que estavam
desaparecidos e que poderiam estar feridos", lamentou. Contijo disse,
ainda, que a Universidade quer a apuração profunda dos fatos e a punição
dos responsáveis.
Requerimento - A Comissão
aprovou, ainda nesta terça-feira, dois requerimentos. Um, da deputada Elbe
Brandão (PSDB), convidando os secretários de Segurança e de Administração
para apresentarem relação de prédios públicos que poderiam, mediante
adaptações, abrigarem o excesso de presos existentes nas delegacias.
Outro, do deputado Edson Rezende (sem partido), convocando a comparecer,
em audiência pública da Comissão, o comandante-geral da Polícia Militar de
Minas Gerais; representantes da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos
Humanos e da Secretaria de Estado de Segurança Pública; assim como
representantes dos servidores e estudantes da UFMG, do reitor da
Universidade e da Ouvidoria da Polícia Militar, com o objetivo de discutir
a denúncia, trazida à Comissão, por alunos da UFMG, das agressões
praticadas por policiais militares contra estudantes.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Edson Rezende (sem partido), presidente da Comissão,
Durval Ângelo (PT), Doutor Viana (PMDB) e Elbe Brandão (PSDB).