Os representantes das associações microrregionais do Vale
do Jequitinhonha e do Norte de Minas Gerais apresentaram reivindicações,
na reunião conjunta das Comissões de Saúde e de Assuntos Municipais e
Regionalização desta quinta-feira (13/9/2001), para o processo de
regionalização da Saúde no Estado, com ênfase na necessidade de maiores
investimentos. A norma de organização da assistência à saúde proposta pela
Secretaria de Estado da Saúde para essas regiões não teve ainda sua
regulamentação finalizada devido ao alto número de solicitações para sua
revisão.
A diretora do Centro de Planejamento da Secretaria de
Estado da Saúde, Ivêta Malaquias, disse que a regionalização já está
acontecendo em Minas Gerais, ainda que de maneira lenta. Segundo ela, em
junho deste ano foi criada uma comissão central, com a participação do
Conselho Estadual de Saúde e da Superintendência Operacional de
Planejamento da Secretaria. De acordo com a diretora, não há condições
para, a curto prazo, realizar investimentos nas cidades-pólo do Estado.
Ivêta falou ainda, que, para conseguir uma melhoria no sistema de atenção
básica, seriam necessários investimentos, avaliação das capacidades
instaladas e um bom funcionamento dos conselhos e planos municipais de
saúde.
A presidente do Colegiado de Secretários Municipais de
Saúde (Cosems), Myriam Araújo Tibúrcio, defendeu a criação de uma política
de critérios técnicos de saúde para melhorar a assistência básica. Para
ela, "o poder político falhou" na destinação de recursos para o setor.
Myriam Tibúrcio disse, também, que as normas de organização à assistência
à saúde só podem ser implantadas com a viabilização de recursos por parte
do governo estadual. "O problema da saúde vai muito além das doenças.
Existe uma inter-setorialidade nesse processo. É preciso mudar as práticas
sanitárias e a qualidade de vida da população", comentou.
ORÇAMENTO PARA O JEQUITINHONHA
O presidente da Associação Microrregional dos Municípios
do Médio Jequitinhonha (Ameje), Edson Honorato Figueiró, questionou a
capacidade da Secretaria de Estado da Saúde de defender os interesses do
Vale do Jequitinhonha. Para ele, o Vale é discriminado pelo governo do
Estado e deveria ser tratado, "no mínimo", de forma igualitária à das
demais regiões. O presidente da Ameje informou que o Vale do Jequitinhonha
representa 9,1% do território do Estado e 5,45% de sua população, não
fazendo sentido a destinação de apenas 1,3% do orçamento estadual para a
região. Também informou que a renda percapta da região representa a quarta
parte da renda per capta do Estado. "Não vamos mais aceitar pacificamente
essa situação. Queremos participar das decisões e dos estudos. Não vamos
nos calar mais", afirmou Figueiró.
A secretária executiva de Consórcio de Saúde do Médio
Jequitinhonha, Maria de Jesus Murilo Rocha, disse que os investimentos
devem priorizar as regiões mais pobres do Estado. Segundo ela, a proposta
da Secretaria de Estado prevê a divisão do nível de complexidade no Vale
do Jequitinhonha em três microrregionais e dois pólos (Pedra Azul e
Diamantina), enquanto a reivindicação da região é para a criação de sete
microrregionais e três pólos (Diamantina, Araçuaí e Almenara). Maria de
Jesus contestou os critérios de distribuição dos recursos estaduais,
dizendo que deveria-se priorizar as regiões mais desfavorecidas como o
Vale, onde mais de 90% da população é usuária do Sistema Único de Saúde
(SUS).
PRESENÇAS
Compareceram à reunião os deputados Marco Régis (PPS),
presidente da Comissão de Saúde; José Braga (PMDB), vice-presidente; Dimas
Rodrigues (PMDB), presidente da Comissão de Assuntos Municipais e
Regionalização; Adelmo Carneiro Leão (PT); Carlos Pimenta (PSDB); Márcio
Kangussu (PPS); Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB); Edson Rezende (sem
partido); Marcelo Gonçalves (PDT); Arlen Santiago (PTB); Maria José
Haueisen (PT); e Geraldo Rezende (PMDB).
Mesa - Também participaram da
reunião o presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da
Sudene (Amams), Ronaldo Mota Dias; o presidente da Associação
Microrregional dos Municípios do Baixo Jequitinhonha, Marcos da Cunha
Peixoto; o presidente da Associação Microrregional dos Municípios do Alto
Jequitinhonha (Amaje), Marcos Joseraldo Lemos; o assessor político da
Associação dos Pequenos Municípios do Estado de Minas Gerais (Aspemg),
Danilo Mayrink; o vice-presidente da Ambaje, Alvimar Alves Moreira; e a
secretária executiva da Aspemg.