As regras de funcionamento dos planos de saúde no Brasil
foram discutidas em reunião conjunta das Comissões de Defesa do Consumidor
e de Saúde da Assembléia, nesta quarta-feira (12/9/2001). O presidente da
Associação Médica de Minas Gerais, José Guerra Lages, destacou que a
mobilização ágil de órgãos de defesa dos consumidores e de profissionais
da saúde foi fundamental para que o Governo Federal editasse a Medida
Provisória 2.177-44, que retirou os pontos mais polêmicos da Medida
anterior, 2.177-43. Assim como ele, o diretor da Federação Nacional dos
Médicos e do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Márcio Costa Bichara,
criticou a preocupação excessiva com a redução de custos dos planos, em
detrimento da prestação de serviços aos pacientes. Bichara mostrou um
vídeo com reportagem de uma TV americana que denuncia um plano de saúde
por forçar os médicos a reduzir exames e hospitalizações para diminuir
custos, o que teria provocado a morte de pelo menos nove pacientes, por
problemas cardíacos.
As medidas mais polêmicas, revogadas pelo Governo
Federal, são a figura do "médico-porteiro", a subsegmentação, que
permitiria a contratação de planos específicos por especialidade médica; a
limitação da área de abrangência dos planos e a desobrigatoriedade de que
as operadoras se cadastrassem nos órgãos reguladores como os conselhos
regionais de Medicina. A maior preocupação dos representantes dos médicos
é a figura do "médico-porteiro", que constava da Medida Provisória
2.177-43. Ele seria um empregado das empresas que faria uma "triagem" dos
pacientes, decidindo se eles deveriam ou não consultar especialistas e
fazer exames mais sofisticados.
Para Márcio Costa Bichara, é muito séria a decisão de
reduzir custos baseados na relação médico-paciente, e a maior discussão
deveria ser sobre a capacitação profissional dos médicos. O presidente da
Associação Médica de Minas, José Guerra Lages, ressaltou que a classe está
consciente da importância do gerenciamento de custos, mas é contra limitar
a atuação dos profissionais. Ele destacou, ainda, que a sociedade tem que
ficar alerta, uma vez que a Medida Provisória 2.177-44 ainda será
analisada pelo Congresso Nacional, como projeto de lei.
O superintendente do Comitê de Integração de Entidades
Fechadas de Assistência à Saúde (Ciefas/MG), Paulo Muradas, defendeu a
discussão da Lei 9.656/98, que dispõe sobre os planos privados de
assistência à saúde. Ele ressaltou que as empresas de autogestão não têm
fins lucrativos e, por isso, não deveriam ser contempladas na legislação.
"É preciso discutir a quem interessa e quem tem que ficar nessa lei, antes
que ela seja definitivamente implantada", afirmou. Paulo Muradas teme que,
sendo colocadas no mesmo nível, os planos de autogestão não consigam
sobreviver. Na opinião dele, é preciso regular não só os planos, mas o uso
da tecnologia e o mercado.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Marco Régis (PPS) - presidente da Comissão de Saúde;
Maria José Haueisen (PT) - presidente da Comissão de Defesa do Consumidor;
Agostinho Patrús (PSDB); Adelmo Carneiro Leão (PT) e Rêmolo Aloise (PFL).
Também participaram os representantes do Ciefas/MG, Sebastião Rabelo
Generoso e Sérgio de Paulo Silva.