A Comissão de Saúde ouviu nesta quinta-feira (6/9/2001)
representantes da rede estadual de saúde sobre a possibilidade de
deflagração de greve dos servidores da Fundação Hospitalar do Estado de
Minas Gerais (Fhemig). Durante a reunião, houve negociação da Associação
Sindical dos Trabalhadores da Fhemig (Asthemg) com a Secretaria de Estado
da Saúde, no sentido de se atender à pauta de reivindicações desses
trabalhadores. A Secretaria sugeriu a apresentação de uma proposta na
próxima terça-feira (11), em reunião a ser realizada pelas partes. A
proposta seria analisada pela comissão de negociação da Asthemg, em
assembléia geral, que seria realizada ainda na quinta-feira, às 14
horas.
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) possibilitou que
fossem ouvidos os representantes da rede estadual de saúde, por meio da
apresentação de requerimento nesse sentido, aprovado pela Comissão. A
pauta de reivindicação dos servidores inclui aumento salarial de 30%,
implementação de planos de cargos, nomeação de funcionários admitidos por
meio de contratos administrativos, aumento do número de vagas do concurso
público para o setor, além de melhorias nas condições de trabalho. Parte
desses servidores paralisaram as atividades por cerca de dois dias,
retomando-as normalmente na quarta-feira (5). A reunião foi transferida do
Plenarinho II para o Auditório, devido à presença, em grande número, de
trabalhadores da Fhemig.
FALTA DE DIÁLOGO
A presidente da Asthemg, Mônica Abreu, qualificou como
caótica a situação. Segundo ela, a greve teria começado pela
impossibilidade de diálogo com a Secretaria Estadual de Saúde. "Movemos
uma ação judicial para a nomeação de 227 trabalhadores concursados, que
foram contratados sem direitos trabalhistas. A Fhemig entrou com recurso
contra a nomeação dos funcionários, alegando que era de praxe tal atitude.
Conseguimos negociar um acordo com a Procuradoria Geral do Estado, que
retirou o recurso. Há 14 dias, o governo entrou com uma petição,
questionando o acordo", informou. Mônica considerou como traição a atitude
do governo estadual e disse que a tentativa de protelar a nomeação é
absurda, uma vez que se trata de uma reivindicação legítima, sobre a qual
já existe até jurisprudência favorável aos trabalhadores.
Para o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), a situação da
saúde no Estado está se agravando e há necessidade de transformações. Ele
criticou a falta de compromisso do governo estadual com a saúde, dizendo
que falta vontade política para modificar o quadro atual. O deputado
acusou a Secretaria de Estado da Saúde de não estar efetuando o repasse de
medicamentos às instituições hospitalares, e disse que o governo deixou de
investir R$ 100 milhões que, por lei, deveriam ser aplicados no setor.
Segundo Adelmo Carneiro Leão, a administração superior da Secretaria de
Estado da Saúde (25 regionais) é três vezes mais barata que a da loteria
mineira. "A situação é infame e inaceitável. Não se faz saúde no Estado de
Minas Gerais", concluiu.
A deputada Elaine Matozinhos (PSB) disse que a saúde deve
ser olhada de forma especial, com a formulação de políticas públicas na
Secretaria de Estado. Para a deputada, se os profissionais do setor
estiverem com sua saúde psíquica abalada, não podem prestar um bom
atendimento ao público. O deputado José Braga (PMDB) falou que a situação
da saúde é precária. Segundo ele, deve ser definido um modelo para o
setor, bem como sua forma de financiamento. "Está havendo má gestão dos
recursos públicos", completou. O deputado Marco Regis (PPS) presidiu os
trabalhos.
A Comissão de Saúde ainda aprovou parecer, para 2º turno,
do deputado José Braga, sobre o Projeto de Lei (PL) 47/99, do deputado
Adelmo Carneiro Leão, que dispõe sobre o controle e a fiscalização da
produção, transporte, comercialização e distribuição de medicamentos no
Estado.
REQUERIMENTOS
Foram aprovados, ainda, três requerimentos. O primeiro,
do deputado Marco Regis, solicita a realização de reunião para subsidiar o
relator, deputado José Braga, na análise do PL 1.348/2001, do deputado
Márcio Cunha (PMDB), que autoriza a criação do Conselho Estadual de
Acupuntura e Terapias Orientais. O segundo requerimento, do deputado Arlen
Santiago (PTB), pede a inclusão dos municípios do Norte de Minas, na
audiência pública conjunta com a Comissão de Assuntos Municipais e
Regionalização, que irá discutir a proposta de regionalização da saúde no
Estado.
O terceiro requerimento, do deputado Miguel Martini (sem
partido), solicita o envio de convite ao secretário de Estado da Saúde e
ao diretor-geral da Maternidade Odete Valadares, José Maurício Rosais,
para obter esclarecimentos sobre procedimentos abortivos que estariam
ocorrendo naquele hospital.
PRESENÇAS
Participaram da reunião os deputados Marco Regis (PPS),
presidente da Comissão, José Braga (PMDB), vice-presidente, Adelmo
Carneiro Leão (PT), Elaine Matozinhos (PSB), Miguel Martini (sem partido)
e Sargento Rodrigues (PSB), além do secretário geral da Associação dos
Médicos do Hospital João XXIII, Antônio Penido, e o representante da
Asthemg, Carlos Augusto Passos Martins.