O presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado Anderson Adauto (PMDB), participou, neste domingo (28/01/2001), do Fórum Mundial Parlamentar, que acontece simultaneamente ao Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS). Em discurso para 400 parlamentares de todo o mundo, Adauto criticou a posição do governo brasileiro frente ao processo de globalização e voltou a defender a formação de uma aliança de centro-esquerda para a conquista da presidência da república e a maioria parlamentar em 2002.

O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso se caracterizou, nestes seis anos, segundo disse Anderson Adauto, pelas privatizações que dilapidaram o patrimônio nacional, pela realização da maior transferência líquida de capitais de toda a história e, ainda, por ter quintuplicado a dívida pública nacional. O presidente da Assembléia lembrou também que partiu de Minas, logo após a posse do governador Itamar Franco, a reação à política do governo federal, que, para gerar recursos para o sistema financeiro internacional, quebrou o pacto federativo e sufocou economicamente os Estados.

Anderson Adauto falou durante o painel "O papel do parlamento e a articulação parlamentar internacional". O Fórum Parlamentar discute questões como a desregulamentação de mercados, o endividamento, transações financeiras especulativas, os riscos à democracia face à globalização e um conjunto de outros temas, como a articulação do parlamento com a sociedade.

Estão presentes também em Porto Alegre os deputados estaduais Alberto Pinto Coelho (PPB), Gil Pereira (PPB), Doutor Viana (PDT), Marco Régis (PPS), Sávio Souza Cruz (PSB) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Da Bancada Federal, participam os deputados Virgílio Guimarães, Tilden Santiago, Nilmário Miranda, todos do PT, e Zaire Rezende (PMDB). Uma comitiva formada por representantes de quase cem entidades mineiras da sociedade civil também participa do Fórum social Mundial.

Esta é a íntegra do discurso do presidente Anderson Adauto

"Companheiros,

Em nome do povo mineiro, representado em sua Assembléia Legislativa, cuja presidência exerci na última legislatura, saúdo os militantes do mundo inteiro que se reúnem em Porto Alegre, com o projeto político de construir um mundo melhor.

A escolha desta cidade, que vem, sendo governada há doze anos por uma coligação de esquerda, tem suas razões. Aqui, os cidadãos participam efetivamente do governo do município; sentem-se senhores de sua casa. Mas, ao mesmo tempo, Porto Alegre se encontra no Brasil, o país que mais se submeteu aos da globalização, em todo o mundo.

O atual Presidente da República se destacou, nestes seis anos, em demolir o Estado Nacional, em entregar às empresas multinacionais o patrimônio construído em 500 anos, em realizar a maior transferência líquida de capitais de toda a história e, obstante tudo isso, em quintuplicar a dívida pública nacional.

Nós mineiros, que sempre nos unimos aos gaúchos, na defesa dos interesses nacionais, temos oferecido a resistência mais tenaz e mais conseqüente à política de submissão do governo central. O Governador de Minas Gerais, nisso, com o apoio de todo o povo do Estado, foi o primeiro a denunciar, nas primeiras horas do seu mandato, essa política que concentra, no governo central, os recursos tributários, sufocando as unidades da Federação, a fim de gerar recursos para o sistema financeiro internacional. A suspensão dos pagamentos da dívida do Estado não foi só um ato de coragem. Foi um imperativo do dever, que o Governador Itamar Franco cumpriu com determinação e serenidade.

Infelizmente, naquele momento decisivo, os mineiros não puderam contar com a efetiva solidariedade de outros Estados poderosos, o que teria sido importante para conter a ânsia entreguista do governo central.

A Assembléia Legislativa de Minas - em nome do povo mineiro - deu todo o seu apoio àquela atitude política do Governador e começamos a realizar sucessivos debates, em encontros realizados em nossas dependências, sobre as alternativas de políticas macroeconômicas para o Brasil, com a presença de personalidades de renome internacional. Algumas delas encontram-se também aqui, como Bernard Cassen e Susan George, entre outras.

Senhores e senhoras,

Minas esteve sempre na vanguarda da defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana, e na defesa intransigente da autodeterminação dos povos. Em Minas se estabeleceu, em 1708, o primeiro governo autônomo sobre uma região latino-americana, com a administração rebelde dos emboabas.

Nós, mineiros, sentimo-nos plenamente identificados com as teses basilares do Fórum Social Mundial. Estamos certos de que, conforme resumiu Ramonet, o novo século começa aqui, em Porto Alegre. O novo século e o mundo novo que serão edificados sobre a solidariedade internacional de todos os povos, cada um deles independente, autônomo, soberano, dentro de suas próprias fronteiras históricas.

Estamos, os que representamos, dentro dos quadros políticos, o pensamento brasileiro de resistência contra a mundialização da economia e do poder, empenhados em unir as nossas forças partidárias, a fim de conquistar a Presidência da República e a maioria parlamentar nas eleições de 2002. As forças nacionais, amparadas sobre um amplo arco de centro-esquerda, serão capazes de vencer o pleito e dar a sua contribuição efetiva à construção de um novo mundo, oferecendo o Brasil como ponto efetivo de apoio à luta dos povos de todos os países, na defesa da vida e da dignidade dos homens.

Muito Obrigado."

Responsável pela informação: Francisco de Morais Mendes - ACS - 31-32907715