CPI dá voz de prisão a José Carlos Belilo

O presidente da CPI do Narcotráfico, deputado Marcelo Gonçalves (PDT), deu voz de prisão ao balconista José Carlos Be...

11/12/2000 - 11:34

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CPI dá voz de prisão a José Carlos Belilo

O presidente da CPI do Narcotráfico, deputado Marcelo Gonçalves (PDT), deu voz de prisão ao balconista José Carlos Belilo, na noite de quinta-feira (07/12/00), depois de mais de seis horas de depoimentos, em razão de ter ele se negado a fornecer à CPI informações que afirmava ter. Gonçalves disse que deu várias oportunidades, inclusive em reunião secreta, à testemunha de dizer o nome da pessoa que digitou documento, registrado em cartório, em que Belilo afirmava ter feito uso de cocaína em companhia do deputado Rogério Correia (PT). A Polícia Militar foi acionada para encaminhar a testemunha à delegacia de Polícia.

Na mesma reunião da CPI também prestaram depoimento o ex-assessor do gabinete do deputado Rogério Correia (PT), Edilberto José da Silva, e a mulher de José Carlos Belilo, Simone Sheila dos Santos. Edilberto falou sobre a fita apresentada em redes de TV em que ele usa cocaína diante dos filhos, e sobre seu envolvimento com José Carlos Belilo, que gravou a fita e a entregou à imprensa. O ex-assessor negou que tivesse feito uso de cocaína junto com Belilo na presença do parlamentar. Ele declarou também que não acredita no envolvimento do deputado com entorpecentes.

Edilberto Silva disse que conheceu José Carlos Belilo quando este era balconista de uma farmácia que mantinha convênio com a Câmara Municipal. Nesta época, Edilberto já trabalhava com o deputado Rogério Correia, então vereador. Segundo ele, desde que veio trabalhar na Assembléia, acompanhando o deputado, nunca mais viu Belilo, que o contactou, ultimamente, para pedir o empenho na execução de uma obra junto à Urbel. Edilberto afirmou que, durante os telefonemas, ora para o gabinete, ora para seu celular, Belilo lhe prometia presentes caso a obra fosse executada. Ele disse ter cheirado cocaína com Belilo nas duas vezes em que a droga lhe foi oferecida, gratuitamente, dizendo ser um usuário esporádico, não dependente.

Quanto à gravação, Edilberto afirmou que quando chegou à casa de Belilo, para ver a situação do imóvel e encaminhar o pedido à Urbel, já havia ali um prato com a droga. Segundo ele, seus filhos, inicialmente, estavam fora do local onde cheiravam, sendo conduzidos até lá, por Belilo que insistia que eles estivessem por perto. Ele reconheceu sua irresponsabilidade e acredita que foi envolvido, propositalmente, no caso. Edilberto contou, ainda, que quando se despedia, Belilo lhe deu uma outra porção da droga para levar para casa, perguntando, em seguida, se "o deputado Rogério Correia cheirava".

Simone Sheila dos Santos, mulher de José Carlos Belilo, garantiu nunca ter visto antes o deputado Rogério Correia (PT), nem seu assessor, Edilberto. Ela relatou que, em 20 de novembro, ao chegar em casa, estranhou a presença em seu quarto de uma televisão e de um vídeo-cassete que seriam, segundo Belilo, de um amigo. Simone contou que o companheiro está desempregado há cerca de dois meses e sempre está "enrolado e sem dinheiro", principalmente, por ser dependente de drogas. Ela garantiu não saber que José Carlso Belilo era informante da Polícia e que só ficou sabendo que o material de filmagem era dele, quando este contou que havia comprado com o dinheiro que havia recebido em seu acerto de contas.

José Carlos Belilo, responsável pela gravação da fita e pela entrega à imprensa, contou que procurou Edilberto logo que ele saiu da Câmara para cobrar uma dívida que ele teria feito na Drogaria Roel, fato desmentido pela proprietária da farmácia, Rosana Machado, em depoimento à Polícia Federal. Belilo confirmou ser dependente de drogas e disse já tê-las usado, por várias vezes, na companhia de Edilberto e do deputado Rogério Correia. Ele disse que resolveu gravar a cena em que o assessor cheirava cocaína, para provar aos policiais civis que falava a verdade quando denunciou o deputado e seu assessor como usuários da droga. Planejando o flagrante, Belilo afirmou ter encomendado, na Praça Sete, de um desconhecido, um aparelho de filmagem, que lhe foi entregue semanas depois, pelo vendedor que se dirigiu à sua casa. Neste momento, José Carlos entrou em contradição pois dissera, inicialmente, ter ido para sua casa de táxi com o vendedor, afirmando, depois, que o mesmo havia chegado sozinho. O balconista disse ter pago, pelo equipamento, R$ 500 em dinheiro e um revólver, avaliado em R$ 300 e que revendeu o material, após usá-lo, por R$ 500 para a mesma pessoa de quem o havia comprado. O deputado Sargento Rodrigues (PSB) esclareceu que, à época do afastamento, à pedido da CPI, do delegado Odimar, Belilo compareceu durante toda uma semana à Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes.

Sargento Rodrigues disse também que outro depoente afirmou, na Polícia Federal, ter visto Belilo chegar em casa, no dia em que levou o equipamento, de carro e acompanhado de duas pessoas, o que, para Rodrigues, confirma o testemunho de Devair Lucas, que disse ter ouvido, na Secretaria de Segurança Pública, sobre uma "armação contra o deputado Rogério Correia".

Edilberto José da Silva e José Carlos Belilo foram acareados durante a reunião, com acusações e negativas de parte a parte. Ambos estavam acompanhados de suas advogadas.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Marcelo Gonçalves (PDT) - presidente, Paulo Piau (PFL) - vice-presidente, Rogério Correia (PT) - relator, José Henrique (PMDB), Sargento Rodrigues (PSB) e Marco Régis (PPS).

 

 

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