Comissão de Saúde discute prevenção ao câncer de mama

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada nove mulheres do mundo tem a probabilidade de desenv...

21/11/2000 - 17:34
 

 

 

 

 

 

Comissão de Saúde discute prevenção ao câncer de mama

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada nove mulheres do mundo tem a probabilidade de desenvolver o câncer de mama durante sua vida. Para discutir questões relativas à doença, assim como a situação atual do Programa de Prevenção do Câncer de Mama em Minas Gerais, a Comissão de Saúde realizou, nesta terça-feira (21/11/2000), uma audiência pública com a presença de diversos convidados. O autor do requerimento que originou a reunião foi o deputado Carlos Pimenta (PSDB).

Dando início aos trabalhos, o deputado Miguel Martini (PSDB) anunciou seus esforços na formação de uma frente parlamentar de combate ao câncer. O parlamentar lembrou o Dia Internacional de Combate ao Câncer (27 de novembro), para ressaltar a importância do assunto, citando também os diversos avanços da medicina moderna no combate à doença.

O presidente da Associação de Prevenção do Câncer da Mulher (Asprecam), Thadeu Rezende Provenza, destacou os 16 anos de trabalhos realizados pela Asprecam. Ele lembrou a importância das organizações não governamentais (ONGs) no desenvolvimento de programas ligados à área de saúde. "Como ONG, a Asprecam só pode desenvolver projetos em parceria em parceria com outros setores da sociedade", disse.

Para o coordenador da área de Oncologia da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, Sebastião Cabral, o câncer deveria ser tratado como questão de saúde pública. Ele informou que o governo já tem um levantamento do atendimento dado pelo Estado à população e disse que a Secretaria tem problemas de pessoal e material para atuar na prevenção ao câncer de mama. Ele disse que a saúde pública está carente de especialistas em Oncologia, pois os profissionais não estão sendo formados no Brasil.

O diretor clínico do Hospital Luxemburgo, Délzio Bicalho, afirmou que a melhor medida a ser tomada na prevenção do câncer de mama é oferecer a mamografia para a população. Para ele, as orientações sobre o auto exame que as mulheres fazem para verificar o aparecimento de nódulos no seio são válidas, mas o mamógrafo é o instrumento ideal para um diagnóstico eficaz. Ele relacionou o crescimento do câncer no Brasil com o envelhecimento da população e disse que a industrialização e a urbanização contribuíram para a maior incidência da doença.

O médico criticou as campanhas que incentivam o auto exame da mulher. "O câncer de mama não tem prevenção, apenas diagnóstico. Quando algum nódulo é detectado pela mulher, ele já é câncer", opinou. O chefe do serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas, André Murad, discordou de Délzio Bicalho, dizendo que o auto exame é efetivo no diagnóstico precoce da doença. Outras medidas preventivas, segundo André Murad, são uma dieta balanceada e a prática de exercícios por, pelo menos, três vezes por semana.

Durante a reunião, Thadeu Rezende Provenza informou que a Asprecam é uma entidade de utilidade pública federal, estadual e municipal, que oferece suporte para hospitais da rede pública no diagnóstico e tratamento do câncer de mama e colo do útero. Além disso, a ONG trabalha na implementação do Programa de Prevenção do Câncer da Mulher.

MULHERES DE BH NÃO SABEM FAZER O AUTO EXAME

Segundo pesquisa realizada pela Asprecam, em Belo Horizonte, 66,2% das mulheres entrevistadas informaram que sabiam fazer o auto exame da mama, enquanto 63,1% disseram que faziam efetivamente. O dado mais alarmante é que, quando demonstraram aos pesquisadores como se fazia o exame, 100% das mulheres o fizeram incorretamente. "É preciso investir em prevenção", ressaltou Thadeu Rezende, lembrando que o câncer de mama é a segunda maior causa de morte entre mulheres no Brasil.

O presidente da Asprecam também prestou esclarecimentos sobre a campanha "Mamamiga", desenvolvida pela associação junto a hospitais de BH. Ele informou que as mulheres acima dos 20 anos são o público-alvo da "Mamamiga", e o seu objetivo é orientar a mulher dentro de seu ambiente familiar. Thadeu Rezende ressaltou que o projeto foi elaborado para ser autosustentável, por meio de parcerias com o 1º setor (poder público) e o 2º (setor privado).

EDUCAÇÃO

O deputado Cristiano Canêdo (PTB) defendeu o auto exame, embora reconheça que o mamógrafo é um instrumento mais eficiente no combate ao câncer de mama. "Mas como distribuir o aparelho pelo Estado?", lembrou o deputado. O parlamentar lembrou, ainda, que, segundo pesquisas, o câncer de mama tem menos incidência nas mulheres que amamentam. Ele lembrou também que as campanhas educativas devem ser incorporadas ao Programa de Saúde da Família, como forma de conscientização. A deputada Maria José Haueisen concordou com Cristiano Canêdo (PTB). "É preciso uma campanha maciça de educação das mulheres mineiras", afirmou.

PRESENÇAS

Também participaram da reunião os deputados Miguel Martini (PSDB), presidente da Comissão, Cristiano Canêdo (PTB) e Maria José Haueisen (PT), além do diretor da Maternidade Odete Valadares, José Maurício Rosais e do coordenador do Núcleo de Saúde Hospitalar do CEFET/MG, Arnaldo Prata Mourão Filho.

Responsável pela informação - Alexandre Vaz- ACS - 31-32907715