Prorrogada por mais 30 dias, por decisão do Colégio de Líderes, a CPI do Narcotráfico reuniu-se, nesta terça-feira (14/11/00), para ouvir o depoimento de um policial civil transferido para outro município depois de prender uma traficante com forte influência política. Sobre a prorrogação, o deputado Paulo Piau (PFL), que representou a CPI na reunião do Colégio de Líderes, parabenizou os representantes dos partidos da Assembléia pela decisão de dar mais tempo para a conclusão dos casos ainda pendentes. Ele falou, porém, do compromisso que a Comissão firmou de não apurar novos fatos.

Convidado pela CPI, o detetive Elcimar Geraldo da Silva, transferido do município de Dores do Indaiá para Uberaba, em uma ação, segundo o deputado Sargento Rodrigues (PSB), arbitrária, contou sobre o episódio. Em 1999, o detetive foi transferido logo após prender a traficante Marivan Rúbia da Paz, que portava, no flagrante, mais de 400 gramas de maconha e uma pedra de crack. Elcimar declarou que sua transferência aconteceu a pedido do prefeito eleito, Geraldo Marques da Silva, de quem Marivan da Paz é cabo eleitoral. O detetive, que é vereador eleito pela terceira vez em Dores do Indaiá, disse que não foi consultado sobre a mudança e que procurou explicações para o fato inclusive com o secretário de Segurança Pública, deputado Mauro Lopes. O secretário disse, porém, que Elcimar "não deveria se meter onde não fora chamado", acrescentando que nada poderia fazer.

O deputado Sargento Rodrigues (PSB) leu três cartas escritas pela detenta Marivan, em que ela confirma a amizade com o prefeito eleito e acusa o detetive Elcimar de perseguição. Os deputados, porém, desabonaram essa consideração, apontando a extensa ficha criminal de Marivan, que já esteve envolvida em vários delitos. Em contrapartida, a CPI apresentou o prontuário de Elcimar da Silva que, em 22 anos de carreira policial, nunca foi indiciado em inquéritos ou sindicâncias administrativas.

Amparada por essas denúncias e por todas as outras suspeitas de irregularidades que recaem sobre o secretário Mauro Lopes, a CPI irá elaborar um ofício formalizando o pedido de seu afastamento. Para os deputados, a atuação do secretário nesse caso vai contra a responsabilidade nele investida, uma vez que permitiu e endossou uma represália a um policial que cumpriu seu dever. O presidente da Comissão, deputado Marcelo Gonçalves (PDT), concluiu a reunião dizendo que "não é vaidade da CPI querer afastar o secretário; trata-se de um compromisso com a sociedade".

Durante a reunião foi aprovado requerimento do deputado Paulo Piau (PFL), pedindo ao governador Itamar Franco a transferência do policial civil Elcimar Geraldo da Silva para Dores do Indaiá. Também foi aprovado requerimento do deputado Sargento Rodrigues pedindo que sejam ouvidos pela CPI o prefeito eleito de Dores do Indaiá, Geraldo Marques da Silva, e a detenta Marivan Rúbia da Paz.

PRESENÇAS - Participaram da reunião os deputados Marcelo Gonçalves (PDT) - presidente, Paulo Piau (PFL) - vice-presidente, Rogério Correia (PT) - relator, Sargento Rodrigues (PSB), Marco Régis (PPS), José Henrique (PMDB) e Márcio Kangussu (PPS).

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