Procuradora defende garantia de direitos previdenciários

"O Estado deve garantir todos os direitos sociais e previdenciários de seus servidores, como o Estado de Minas Gerais...

10/11/2000 - 15:57

Procuradora defende garantia de direitos previdenciários

"O Estado deve garantir todos os direitos sociais e previdenciários de seus servidores, como o Estado de Minas Gerais, que mantém regime único para os titulares de cargos efetivos, com direitos mantidos pela Constituição, e para titulares de cargos não efetivos", defendeu a procuradora-geral do Estado, Misabel de Abreu Machado Derzi. Ela foi a primeira expositora do Fórum Técnico "Seguridade Social do Servidor Público", promovido pela Assembléia Legislativa e aberto na manhã desta quinta-feira (09/11/2000), com apoio de sindicatos e associações de servidores e a participação de cerca de 1.500 inscritos, de 120 municípios mineiros. Para a procuradora-geral, a tendência dos direitos fundamentais e sociais está expressa na Constituição Federal e deve ser expandida, não se exaurindo na própria Constituição. "Nenhum Estado pode contrapor sua própria autonomia em detrimento dos seus servidores públicos", declarou.

NÃO À PRIVATIZAÇÃO

Misabel Derzi defendeu a forma de financiamento de aposentadoria por meio de capitalização de recursos, com a formação de um fundo que garanta a futura aposentadoria do servidor, ao contrário do que ocorre hoje, quando o servidor da ativa custeia os aposentados. Ela disse, ainda, que é contra a privatização dos sistemas previdenciários "porque não existem reservas suficientes para indenizar as seguradoras privadas que participariam da gestão previdenciária". A procuradora defendeu a formação de fundos mais fortes para a manutenção de sistemas previdenciários, sem sacrificar as próximas gerações de servidores.

EMENDA

O 2º-vice-presidente da Assembléia, deputado Durval Ângelo (PT) coordenou os trabalhos e abriu o Fórum ressaltando que a realidade socioeconômica mundial modificou-se radicalmente nos últimos cinqüenta anos, originando o surgimento de novas exigências previdenciárias. Para ele, o avanço tecnológico e científico trouxe melhor qualidade de vida e acentuou a longevidade, engrossando a legião de aposentados e pensionistas e aumentando, conseqüentemente, os gastos com os correspondentes benefícios. "Mas no Brasil - acentuou o deputado - a prolongada crise econômica agravada pela globalização e pelas práticas neoliberais em nada ajudaram a atenuar o desequilíbrio, provocando a inadiável necessidade de se modificar o sistema previdenciário". A mudança foi feita pela Emenda 20 à Constituição Federal, que definiu novos critérios previdenciários para o servidor público. Ele deixou para os expositores seguintes a abordagem positiva ou negativa da Emenda 20.

EXCLUSÃO E CUSTEIO DA SAÚDE

Outro expositor, membro do Conselho Estadual da Previdência Social, José Prata Araújo, entende que "a reforma previdenciária preconizada pelo Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso busca dificultar a vida do trabalhador". Ele disse que é preciso estabelecer no Brasil uma nova cultura previdenciária, "onde os governantes passem a se preocupar mais com a saúde, a educação e o bem-estar da população, em vez de dar prioridade a obras viárias".

José Prata alertou, ainda, para o fato de que no Brasil é grande a exclusão de trabalhadores, uma vez que mais de 50% da população ativa não possui carteira de trabalho assinada. Ele defendeu a legalização da situação de 150 mil servidores que trabalham em serviços temporários; a garantia de pensão integral para todos que têm direito e o repasse do custeio previdenciário pelo INSS ao Estado de Minas Gerais, que já chega a R$ 1 bilhão.

Prata criticou, também, a tendência de se impor contribuição diferenciada para custear a saúde do trabalhador, por entender que quando a questão da saúde for considerada facultativa, será decretada a falência do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e a destruição da solidariedade do sistema.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da Previdência Social, Carlos Domingos Mota Coelho, elogiou a realização do Fórum "considerando-o como uma das mais expressivas manifestações de servidores de que já participou". Ele deixou apreensivos os participantes do Fórum ao revelar o teor do Projeto de Lei Complementar nº 9, do deputado federal José Carlos Aleluia (PFL/BA), que tramita no Congresso Nacional. A matéria, segundo o expositor, pretende jogar todos os servidores públicos federais, estaduais e municipais, exceto os militares, em um regime único de previdência complementar, sujeitos ao fator previdenciário, com aposentadoria única de R$ 1.230,00, com os recursos gerenciados por empresas privadas, provavelmente multinacionais, que irão operar e administrar o fundo de contribuição. Mota Coelho revelou que cerca de 300 representantes de sindicatos e entidades ligadas aos servidores públicos estão lutando no Congresso Nacional para que a matéria não seja aprovada.

PRÓXIMOS DEBATES

Na tarde de quinta-feira (09/11/2000), o Fórum aborda o tema "Seguridade Social: a experiência dos outros Estados", a partir das 14 horas.

MESA

Compuseram a mesa dos trabalhos, além do 2º-vice-presidente da Assembléia, deputado Durval Ângelo (PT), a procuradora-geral do Estado, Misabel de Abreu Machado Derzi; o membro do Conselho Estadual da Previdência Social, José Prata Araújo; o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da Previdência Social, Carlos Domingos Mota Coelho; o presidente do Ipsemg, João Diniz Pinto Júnior, e o diretor de Saúde do Ipsemg, Oswaldo Fortini Levindo Coelho.

 

Responsável pela informação - Eustáquio Marques - ACS - 31-32907715