Pastoral denuncia omissão em penitenciárias

Representantes da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Belo Horizonte, juntamente com o deputado Durval Ângelo (PT), anunciaram em entrevista coletiva, nesta quarta-feira (1º/11/2000), que não mais participarão do Programa "Perspectiva" da Secretaria de Estado da Justiça e Direitos Humanos. A decisão de se afastar do projeto partiu da Pastoral Carcerária, que não concorda com a "posição omissa" da Secretaria em relação à situação penitenciária do Estado, sobretudo após a rebelião na Penitenciária "Nelson Hungria", em Nova Contagem.

De acordo com o advogado da Pastoral, Valdeci Ferreira, o governo estadual não tem uma política de reintegração do preso à sociedade. Ele salientou que 80% dos presos no Estado são reincidentes, o que chama atenção para a necessidade de ações voltadas para a recuperação para o convívio social. Entre as irregularidades apontadas, está a falta de respeito durante a revista dos familiares que vão até a Penitenciária "Nelson Hungria". "São revistas íntimas, humilhantes e na presença de crianças", informou Durval Ângelo.

Outra situação que, segundo o representante da Pastoral Carcerária, Fábio Santos, reflete o descaso do governo com o sistema penitenciário, é o "Cadeião de Betim", que já está pronto há mais de um mês e ainda não foi inaugurado. Santos comentou que no presídio de Betim, que tem capacidade para 60 detentos, estão cerca de 160 pessoas presas, o que leva a situações limites como o assassinato de um preso na "ciranda da morte".

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