Ex-secretário e perito denunciam falhas em laudo oficial

30/08/2000 - 09:30
 

 

Ex-secretário e perito denunciam falhas em laudo oficial

"Vários episódios comprovam intenções, por parte de grupos de militares, de eliminar o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que lutava pela abertura democrática no País", ressaltou o ex-secretário particular de JK, Serafim Melo Jardim, em reunião da Comissão Especial que acompanha os trabalhos da Comissão da Câmara dos Deputados que busca esclarecer as circunstâncias da morte do ex-presidente, realizada nessa terça-feira (29/08/2000).

Segundo Serafim Jardim, no processo original com o laudo do "suposto acidente" em que morreram JK e seu motorista, Geraldo Ribeiro, constam falhas e erros graves. "Nunca acreditei em acidente, mas em assassinato", disse. O ex-secretário citou vários episódios que comprovam a intenção de assassinar JK: "em carta enviada ao amigo e advogado Jair Leonardo Lopes, em 13/01/67, antes do acidente, o presidente fez uma prévia de seu assassinato, relatando ameaças de grupos políticos militares", comentou. Jardim também destacou a divulgação da falsa morte de JK: "15 dias antes do acidente, recebemos a notícia de que ele havia morrido, e quando checamos vimos que era apenas uma suposição", acrescentou.

De acordo com o ex-secretário de JK, todas as atividades do presidente eram agendadas com o motorista e os telefones de Juscelino e de Geraldo Ribeiro estavam grampeados, facilitando informações sobre os percursos feitos por ambos: "no dia do acidente, JK ia viajar de avião, mas mudou de idéia na última hora, acredita-se que para escapar de uma emboscada".

DEPOIMENTOS NÃO COMPROVAM FALHA DE MOTORISTA

Outra falha no processo apontada por Serafim Jardim são os depoimentos dos passageiros do ônibus da Viação Cometa, que teria abalroado o Opala, onde estava Juscelino e seu motorista: "no ônibus estavam 33 pessoas, sendo que apenas nove prestaram depoimentos e nenhum deles comprovou a denúncia feita contra o motorista Josias Nunes de Oliveira", falou. De acordo com Serafim, se o ônibus tivesse realmente abalroado o Opala, o motorista Josias não teria prestado socorro e muito menos avisado à Polícia Rodoviária.

Sobre o laudo técnico feito pelos peritos do Instituto Carlos Éboli, o ex-secretário destaca que os peritos Haroldo de Ferraz e Sérgio de Souza Leite omitiram dados técnicos relevantes no laudo: "deixaram de anexar as fotografias do acidente, o que é fundamental para se chegar a uma evidência", concluiu.

PERITO CONTESTA LAUDO DE INSTITUTO

O perito Alberto Carlos de Minas também acredita que o ex-presidente JK e seu motorista foram assassinados. Ele listou falhas que podem comprovar imprudência por parte dos peritos do Instituto Carlos Éboli: "ao primeiro laudo foi anexado um outro laudo complementar, que continha informações impossíveis de serem apuradas em menos de 24 horas, como aconteceu".

Outra contestação feita pelo perito foi com relação ao analista que fez o exame de tintas da lataria dos carros: "ele nem sequer assinou o laudo técnico, o que é obrigatório em qualquer perícia". Questionado pelo deputado Márcio Kangussu (PPS) sobre a andamento dos trabalhos da Comissão da Câmara dos Deputados, o perito ressaltou que "falta vontade e interesse político para se apurar esse assassinato".

Durante a reunião, foi aprovado requerimento do deputado Ailton Vilela (PMDB) solicitando que o motorista do ônibus da Viação Cometa, Josias Nunes de Oliveira, compareça a reunião da Comissão, para prestar depoimento.

PRESENÇAS - Participaram da reunião os deputados Bené Guedes (PDT), que a presidiu, Márcio Kangussu (PPS) e Ailton Vilela (PSDB).

 

 

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