Assembléia debate Estrada Real e seu potencial turístico

"A Estrada Real é um novo destino turístico que viabiliza o acesso à importante e histórica região do ouro". Essa afi...

29/08/2000 - 09:45

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Assembléia debate Estrada Real e seu potencial turístico

"A Estrada Real é um novo destino turístico que viabiliza o acesso à importante e histórica região do ouro". Essa afirmação é do secretário de Estado do Turismo de Minas Gerais, Manoel Costa, que participou, nesta segunda-feira (28/08/2000), de um Debate Público no Plenário da Assembléia, para discutir a Estrada Real. O programa, que envolve 156 municípios mineiros, sete do Rio de Janeiro e sete de São Paulo, visa implementar e valorizar o potencial turístico da travessia, que se inicia no Porto Estrela, na Praia de Guanabara.

Manoel Costa explicou que a Turminas, instrumento de ação da Secretaria e órgão gestor do Programa Estrada Real, promoverá o mapeamento de todo o trecho da estrada, a divulgação das áreas abrangidas, bem como a realização de pesquisas acerca da cultura e folclore locais, além da viabilização de recursos para atividades políticas relacionadas com a Estrada Real.

O secretário destacou como prioridades no Projeto a definição do trecho e a necessidade de se fazer um inventário completo da Estrada Real; a conscientização da comunidade local; a capacitação da mão-de-obra; e a promoção e divulgação da região. Para tudo isso, contudo, Costa lembrou que é indispensável a participação da iniciativa privada e o apoio do Governo Federal.

O representante da Companhia de Turismo do Rio de Janeiro, Pedro Camões, além de reforçar as considerações do secretário, apresentou o plano de ação a ser seguido pelo Estado do Rio de Janeiro. Entre as principais intervenções, estão o apoio no desenvolvimento turístico dos municípios, a recuperação e proteção do meio ambiente, o incentivo ao ecoturismo e a execução de um projeto de sinalização facilitando o acesso e demarcando os percursos.

PROJETO DEVE SER COORDENADO ENTRE SEGMENTOS

Na opinião do presidente da Câmara de Indústria de Turismo da Fiemg, Eberhard Hans Aichinger, o projeto turístico envolvendo a Estrada Real deve ser coordenado, para que não corra o risco de se transformar em uma "colcha de retalhos". Ele ressaltou que a Fiemg vem trabalhando em conjunto com a Secretaria de Estado do Turismo e salientou as vantagens que um projeto bem estruturado pode trazer. Entre elas, atrair cerca de 2,5 milhões de turistas por ano e trazer benefícios econômicos para os municípios mineiros que se encontram ao longo do percurso. "A Estrada Real pode se tornar o maior complexo turístico do país", entusiasmou-se Eberhard.

Ele apresentou para o público o Instituto Estrada Real, entidade criada por iniciativa da Fiemg para criar planos de desenvolvimento do complexo turístico em torno do percurso. Entre as ações necessárias para implementação do projeto, Eberhard apontou o levantamento de parcerias potenciais, cadastramento do patrimônio cultural e histórico da Estrada Real, capacitação de profissionais e levantamento de linhas de crédito. Segundo o dirigente da Fiemg, o programa traz ótimas oportunidades para a iniciativa privada, com a exploração de serviços de hotelaria, agências de turismo, seguradoras, entre outras. Para maiores informações sobre o Instituto Estrada Real, o presidente divulgou o endereço da entidade na Internet: www.estradareal.org.br.

TURISMO DEVE INCORPORAR PATRIMÔNIO HISTÓRICO

O representante da Secretaria de Estado da Cultura, Flávio Carsalade, afirmou que "o turismo é a forma de sustentabilidade da cultura moderna". Nesse sentido, ele ressaltou que todo programa de incentivo ao turismo em Minas deve incorporar o patrimônio histórico-cultural. "O patrimônio histórico deve se inserir no desenvolvimento econômico e social do Estado", lembrou Flávio Carsalade.

O representante da Secretaria de Cultura fez questão de ressaltar as diferenças entre o turismo na Estrada Real e aquele feito no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. "O turismo no percurso Real envolve toda a região que o compõe, não se reduzindo apenas ao trajeto", afirmou ele. Carsalade lembrou a importância de se envolver as comunidades locais ao programa turístico, como comerciantes, pequenos produtores rurais e sociedade civil. Além disso, ele ressaltou que é preciso haver uma mudança no conceito de "estrada", para implementação do programa. "No Brasil, ligamos estrada ao automóvel. Para o projeto, é preciso ampliar os horizontes, incorporando o passeio de bicicleta, a cavalo e à pé", reiterou o representante.

O superintendente de pesquisa do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), Fabiano Lopes de Paula, falou sobre as ações empresariais na Estrada Real. Ele explicou que a Estrada faz parte não só dos caminhos históricos do Estado, como também das suas variantes. O projeto, inicialmente, abrange o trecho, de 20 quilômetros, que liga Ouro Preto a Ouro Branco, antiga Estrada da Corte. Ele compreende a estrada, a paisagem, os núcleos urbanos e a ocupação lindeira. "As diretrizes do programa incluem também os bens culturais, recursos naturais, infra-estrutura dos núcleos urbanos, as tradições orais e documentais.

Fabiano de Paula disse que os grandes objetivos são a preservação e a interação com a comunidade. Segundo ele, é preciso identificar, registrar e divulgar a Estrada Real para protegê-la. O superintendente salientou que é preciso desenvolver um projeto paisagístico, a apropriação dos trechos isolados por desvios, a ocupação e uso da região e educação patrimonial e ambiental de usuários e da comunidade como medida de conservação da Estrada.

Hélio Rabelo, presidente da Associação Mineira de Ecoturismo (Amo-te), falou sobre o grande potencial turístico que Minas oferece e que não é explorado. Ele ainda disse que a Estrada Real não será apenas mais um atrativo para caminhantes e ciclistas, mas para todo o tipo de turista. "É hora do mineiro conhecer e valorizar Minas, e é função da Associação facilitar o processo", salientou.

ECOTURISMO E POTENCIAL TURÍSTICO

O sétimo expositor do Debate Público foi o presidente da ONG Sociedade Estrada Real, Márcio Santos, que falou sobre o tema "A Importância da Ação da Sociedade Civil na Estrada Real". Segundo Santos, a história da Estrada pode ser interpretada como um fenômeno multifacetado, onde se entrelaçam rotas históricas através das minas de ouro e de diamante. Para o presidente da ONG, os governos têm papel de destaque quando o assunto é incentivo ao ecoturismo e à preservação cultural.

Márcio Santos ressaltou que a Estrada Real atua como fator de desenvolvimento humano e também manutenção da economia dos povos habitantes nas cidades por onde a estrada passa. O presidente da ONG lembrou, ainda, a importância da preservação das rotas, tanto do caminho velho quanto do novo. O expositor citou a Mostra de Fotos e Esculturas "Imagens, cores e formas na Estrada Real", que ilustram a paisagem de destaque dos 1.200 quilômetros da Estrada.

"Apesar de toda essa beleza, há trechos desse paraíso natural que estão ameaçados e em péssimo estado de conservação", comentou. Para Márcio Santos, expedições com a finalidade de pesquisar áreas do percurso constituem o objetivo da Sociedade Estrada Real.

INTERESSE DO SETOR HOTELEIRO

Durante os debates o presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Minas Gerais (Fhoremg), Paulo César Marcondes Pedrosa, ofereceu todo apoio ao Projeto e colocou a Fhoremg à disposição para o incentivo à construção de hotéis e restaurantes ao longo do percurso. O vice-presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagem (Abav/MG), Raimundo Cícero Lage, questionou a falta de estrutura do percurso, analisando questões como saneamento básico e serviço médico. Avaliou ainda que, todo o ônus recairá sobre a iniciativa privada. Em resposta, o secretário disse que o Estado tem recursos para investir na Estrada, porém deve-se definir a forma ideal da aplicação do dinheiro público e a divisão de responsabilidades. Ele parabenizou, ainda, a iniciativa da Comissão de Turismo, Indústria e Comércio pela discussão com diversos segmentos da sociedade para implementar leis do setor.

Autor do guia "Estrada Real para caminhantes", Raphael Olivé comentou a multiplicidade de interesses em torno da valorização e implementação da Estrada Real. Falando de sua experiência percorrendo o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, ele disse que aquela é uma experiência que deu certo e que pode servir de exemplo no caso da estruturação da Estrada Real.

Destacando a importância da Secretaria de Estado do Turismo e do Governo Estadual no desenvolvimento do potencial daquele que ficou conhecido como caminho do ouro, o professor de Turismo do Unicentro Newton Paiva, Cristiano Henrique Lopes, disse que o maior desafio é conceber a Estrada Real como atrativo turístico. Para tanto, Lopes reforçou é essencial adotar um plano diretor e fazer um inventário turístico da região. Finalizando, o professor defendeu o investimento no turismo mineiro colocando-o em destaque no cenário nacional.

O deputado Fábio Avelar (PPS), presidente da Comissão de Turismo, Indústria e Comércio presidiu o Debate Público.

 

 

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