CPI ouve testemunhas sobre denúncias contra Lael Varella

As pessoas usadas como "laranjas" em operações comerciais das concessionárias do deputado federal Lael Varella (PFL/M...

07/07/2000 - 19:54

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CPI ouve testemunhas sobre
denúncias contra Lael Varella

As pessoas usadas como "laranjas" em operações comerciais das concessionárias do deputado federal Lael Varella (PFL/MG), segundo depoimento do comerciante Devair Lucas, foram ouvidas nesta sexta-feira (07/07/2000), pela CPI do Narcotráfico. O primeiro depoente foi o lavador de carros Hozane Rodrigues de Oliveira, que, conforme documentos do Detran, já teve registradas em seu nome 35 carretas. Hozane disse que Paulo César Argolo, gerente de vendas da Covepe - concessionária do deputado em Governador Valadares - colocava os veículos em seu nome em troca de R$ 50,00 ou R$ 100,00. Perguntado sobre uma empresa registrada em seu nome, Hozane disse desconhecer o fato.

Antônio Luiz da Mata, motorista aposentado citado no depoimento de Devair e que, segundo o Detran, possuiu nove carretas passadas a ele através do Consórcio Batistela, confirmou que a Copeve, na pessoa do gerente de vendas Paulo César Argolo, passava as carretas para seu nome, recebendo R$ 100,00 pelo registro de cada uma. Ele disse que esse procedimento, além de facilitar financiamentos para os clientes da Covepe, possibilita a compra dos veículos por melhores preços na fábrica. Antônio Luiz também confirmou que o Grupo Varella abriu uma empresa em seu nome, no Estado do Espírito Santo, e que assinou uma procuração em nome da Venac - concessionária de Lael Varella no mesmo Estado. Ele disse que nunca viu as carretas que estiveram em seu nome e que assinou recibos transferindo-as para terceiros. Raimundo de Souza Argolo, traficante que teve em seu nome 58 carretas, confirmou que os registros são feitos para facilitar financiamentos. Raimundo, que é irmão de Paulo César Argolo, funcionário da Covepe, contou que as Scanias eram passadas através do Consórcio Batistela para seu nome, e então revendidas aos clientes. Revelou, ainda, que teve notícia de que dois caminhões foram roubados, tendo que assinar documentos para o pagamentos dos seguros.

Defendendo que o procedimento praticado nas empresas de Lael Varella é comum entre as concessionárias, o despachante Altair Carlos Vieira, que presta serviços para a Covepe há cerca de 20 anos, disse que os documentos de registro dos veículos são totalmente legais. Segundo ele, o uso de terceiros nas negociações é uma forma de vender fora da área da concessionária - prática proibida por um acordo firmado entre as empresas - e facilitar financiamentos.

Paulo César Argolo de Souza, que prestou serviços ao deputado por mais de 28 anos, prestou informações durante reunião secreta. Terminado o depoimento secreto, os deputados disseram que não existem provas que envolvam o deputado Lael Varella com o narcotráfico, mas afirmaram que irão continuar as apurações. Declararam também que, mais cinco "laranjas" foram citados e que, diante das provas apresentadas, não há dúvidas de que atos ilícitos são cometidos nas empresas do deputado, com o seu conhecimento. A matéria será entregue ao Ministério Público e à Receita Federal. O deputado Rogério Correia (PT) disse que o deputado Lael Varella deve ser julgado por quebra de decoro parlamentar e cobrou um posicionamento da Câmara dos Deputados.

No início da reunião, o deputado Durval Ângelo (PT) declarou o apoio incondicional da Mesa diretora da Assembléia aos trabalhos da CPI, avisando que a mesma será prorrogada quantas vezes forem necessárias.

Participaram da reunião os deputados Marcelo Gonçalves (PDT) - presidente, Rogério Correia (PT) - relator, José Henrique (PMDB), Sebastião Costa (PFL) e Bené Guedes (PDT), além de procuradores da República, representante do Banco Central e da Polícia Federal.

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