O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), ex-secretário de Estado da Saúde, reafirmou as denúncias de irregularidades na Secretaria, que protocolou ao Ministério Público (MP) no último dia 19. Os esclarecimentos do deputado foram dados durante depoimento prestado à Comissão Investigativa do Ministério Público, no auditório da Assembléia, nessa terça-feira (04/0/2000). No depoimento, que durou uma hora e meia de portas fechadas e uma hora de portas abertas, Adelmo Carneiro apontou várias irregularidades no setor de transporte da Sescretaria de Estado da Saúde (SES), na compra de alimentos e na contratação de serviços feitas pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). O deputado criticou também a posição do governo frente aos problemas da Saúde no Estado. Segundo ele, essas dificuldades vêm de outros governos, mas ainda hoje o governo estadual não sabe administrá-las. Adelmo Carneiro disse que além contar com um orçamento pequeno, a SES não sabe gerir os recursos que possui. O ex-secretário disse ainda que o governo estadual não conseguiu até hoje criar uma política pública para a saúde.

Uma das irregularidades apontadas pelo ex-secretário diz respeito às contratações feitas, pela SES, de mão-de-obra terceirizada. O deputado revelou que, por meio de um estudo feito por uma dessas auditorias, constatou-se que essas contratações estão 25% acima do valor de mercado, acarretando um prejuízo mensal de R$ 400 mil. Adelmo informou que a Secretária gasta mais de R$ 1,7 milhões com 1000 funcionários terceirizados, distribuídos entre oito contratadoras. O deputado atribuiu a existência das irregularidades a uma incompetência administrativa da Secretária.

O ex-secretário entregou aos promotores do MP resultados de algumas auditorias internas, feitas durante sua gestão. O deputado lembrou que assumiu o órgão em uma época de crise, devidos as denúncias de irregularidade na Fhemig, e, que ao tomar posse encontrou problemas agudos na Secretaria. Uma das dificuldades encontradas foi a inexistência de uma estrutura adequada e ágil para a realização de auditorias. Adelmo Carneiro afirmou que a falta de recursos humanos provocou o atraso dos resultados de várias auditorias e que algumas, ainda em andamento, já deveriam ter terminado. "Essa falta de estrutura para a realização de auditorias compromete quase toda a mão-de-obra da Secretária" disse o deputado. Ele afirmou também que, ao assumir a Secretaria, percebeu inúmeros erros e autorizou auditorias internas, mesmo sabendo das deficiências do sistema de auditoria. O ex-secretário informou que algumas auditorias ainda estão em andamento e revelou que a Secretária possui apenas 70 auditores, que avaliam os serviços e sistemas do órgão e são responsáveis pelos 853 municípios de Minas. O ex-secretário disse que durante sua gestão designou apenas três auditores para a avaliação interna da Secretaria. Participaram também do depoimento os procuradores Evandro Manoel Senra Delgado, Gilvan Alves Franco, José Antônio Baêta de Melo Cançado. O depoimento foi acompanhado pelo procurador-geral de Justiça, Márcio Decat, e pelo deputado Durval Ângelo (PT).

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