Transposição com Revitalização do Rio São Francisco
O Ciclo de Debates sobre a transposição das águas do Rio São Francisco foi encerrado na manhã desta terça-feira (20/6...
21/06/2000 - 19:02
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Transposição com Revitalização do Rio São Francisco O Ciclo de Debates sobre a transposição das águas do Rio São Francisco foi encerrado na manhã desta terça-feira (20/6/2000), quando os expositores abordaram o tema "Expectativas e Demandas dos Estados Envolvidos". Todos defenderam a recuperação do rio antes da implementação do projeto que levará água doce ao Nordeste, através de um canal de dois mil quilômetros de extensão. Ao abrir a reunião, o deputado Gil Pereira (PPB) afirmou que o assunto deve ser analisado com cautela, "sem o açodamento de medidas tomadas em ano eleitoral". Ele se referia ao fato da decisão sobre a transposição das águas já estar tomada pelo Governo Federal, com a transposição dupla, ou seja, canalização do Rio Tocantins para o São Francisco e deste para a região árida do Nordeste. Como membro do grupo de trabalho designado para analisar o processo de transposição do Rio São Francisco na Câmara dos Deputados, o deputado federal mineiro Cleuber Carneiro (PFL) criticou a posição do relator do projeto, deputado federal Marcondes Gadelha, em cujo parecer simplesmente omite a participação do Estado de Minas Gerais e nem sequer fala em revitalização do rio. RELATÓRIO MINEIRO Cleuber Carneiro conclamou os presentes a tomarem posições firmes em defesa do Rio São Francisco, antes da transposição. "Precisamos entregar um relatório mineiro da situação, mostrando a realidade de um rio que está morrendo", disse. E citou como exemplo da degradação e assoreamento do rio, a queda cada vez mais constante da geração de energia na represa de Três Marias e em outras hidrelétricas implantadas no "Velho Chico". Cleuber Carneiro concluiu sua exposição dizendo-se " a favor da transposição, mas com o rio vivo, recuperado, sem assoreamento e revitalizado". O deputado Ronílson Ramos, representante da Assembléia Legislativa de Pernambuco, afirmou que "a transposição das águas preocupa porque não possui convencimento técnico; trata-se de uma imposição política que compromete o futuro do rio e das gerações futuras". Ele defendeu a participação de todos os estados envolvidos na discussão do projeto e repudiou o "projeto demagógico imposto pelo Governo Federal". Outro deputado, Augusto Bezerra, da Assembléia Legislativa de Sergipe, lamentou a situação do rio em seu estado e em Alagoas, que recebem dejetos, esgotos, metais pesados de mais de 500 cidades ribeirinhas. Ele também defendeu a recuperação do rio antes da transposição, "pois não se pode tirar sangue de anêmico", referindo-se às péssimas condições do São Francisco. O diretor da Fundação Cearense de Recursos Hídricos, Jackson Vasconcelos, acha que a transposição é uma necessidade para o Nordeste, principalmente para o Ceará, extremamente penalizado com um déficit hídrico alarmante. Ele entende que não pode haver transposição sem ações que garantam o controle das ações de um rio extremamente exaurido. Vasconcelos defendeu, também, a necessidade de garantia de estrutura de monitoramento na fase de operação do projeto, com amplo acompanhamento das ações ambientais. Encerrando a fase de palestras, a presidente do Comitê de Qualidade da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Cassilda Teixeira de Carvalho, disse que a transposição é uma necessidade, diante da realidade do Nordeste. Ela também condenou o relatório do deputado Marcondes Gadelha, que considera "coisa ultrapassada", ao colocar o Exército Brasileiro como executor das obras de transposição, para evitar licitações públicas. Ao final dos debates, foi emitido um relatório contendo as sugestões e críticas dos participantes do Ciclo de Debates. MESA A reunião foi presidida pelo deputado Gil Pereira (PPB), que compôs a Mesa com o deputado federal por Minas Gerais, Cleuber Carneiro; deputado estadual por Pernambuco, Ronilson Ramos; deputado estadual por Sergipe, Augusto Bezerra; presidente da Abes, Cassilda Teixeira Carvalho; diretor da Fundação Cearense de Recursos Hícricos, Jackson Vasconcelos; ex-deputado federal Paulo Romano; e o diretor da Sudene-MG, ex-deputado Roberto Amaral. Responsável pela informação: Eustáquio Marques - ACS - 31-2907715 |
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