Educação em valores humanos é tema de debate
As Comissões de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e de Direitos Humanos promoveram, na manhã desta sexta-feira ...
02/06/2000 - 18:20
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Educação em valores humanos é tema de debate As Comissões de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e de Direitos Humanos promoveram, na manhã desta sexta-feira (2/6/00), um Debate Público sobre o tema "Educação em Valores Humanos", com exposições de representantes da Fundação Peirópolis e do Instituto Arapoty de Resgate dos Valores da Tradição Indígena Brasileira. A reunião aconteceu no Plenário, com participação de diversos deputados, servidores, educadores e adeptos da Fundação Peirópolis. Um dos autores do requerimento que deu origem à reunião, deputado Edson Rezende (PSB), abriu o debate fazendo uma reflexão sobre os valores humanos. Para ele, "o avanço tecnológico se desenvolve com tamanha rapidez que está colocando os seres humanos como que desgarrados de suas bases, de suas raízes". Na sua concepção, o homem está se deixando prender em seus apartamentos, nos computadores, na televisão, na forma capitalista de viver, esquecendo-se dos valores éticos e das inter-relações humanas. Edson Rezende acredita que os avanços tecnológicos estão levando o homem a relegar a segundo plano a paz, os bens espirituais, a prática da não-violência, o direito à vida e os aspectos da espiritualidade que conduzem as pessoas a lutar pela construção de um mundo mais humano e próspero. A primeira expositora foi a ex-atriz de teatro e televisão, Marilu Martinelli. Ela é fundadora da Fundação Peirópolis e coordenadora das "tradições espirituais e formação do educador em valores humanos". Ela explicou aos presentes a origem do Programa de Educação em Valores Humanos criado pelo educador indiano Sathya Sai Baba, há 35 anos, na Índia, centrado em conceitos como a verdade, a ação correta, a paz, o amor, a não-violência e a verdade como base de renovação dos valores da humanidade. Marilu Martinelli acredita que existem saídas para esse desligamento do homem, que vem trazendo tanta dor e inquietação nos dias atuais; e que a solução está na capacidade do homem em descobrir onde está seu próprio erro. A ex-atriz condenou a erotização em massa, por intermédio dos meios de comunicação, que "está separando o amor do sexo; Deus do mundo". Ela defende a proposta de Sathya Baba de defesa dos princípios que alimentam o amor humano e de reverência à vida. "Para Baba, só existe uma religião, a do amor; um só idioma, o do coração; e um só Deus, onipotente", destacou Marilu Martinelli. Ela acredita que, dentro da pedagogia do amor, a honestidade é o valor relativo da verdade, e que "ser honesto é não ferir a própria consciência". E sustenta que é possível construir um mundo melhor através da verdade, "porque a verdade só pode ser exposta se for para construir". A diretora da Fundação Peirópolis, Regina de Fátima Migliolli, falou sobre as potencialidades da mente humana diante das possibilidades de criação, que aguardam apenas um gesto de vontade do homem. Condenou a tensão vigente no século atual, responsável pela separação do mundo espiritual, antes inserido no mundo material. Para ela, o acentuado grau de competitividade do mundo atual está gerando a total ausência de solidariedade entre os homens". Regina Migliolli acredita em uma reflexão sobre os destinos da humanidade, para que as pessoas possam se definir e se conceituar como seres humanos. E sustenta que "o que está por traz de tudo é o amor, padrão de construção e de união entre os homens". Ela falou, ainda, da responsabilidade de cada um na construção da realidade. Ela disse que o uso dos conhecimentos e dos valores individuais são importantes para a construção desta realidade. O ENSINAMENTO DOS VALORES HUMANOS O diretor do Instituto Arapoty de Resgate dos Valores da Tradição Indígena Brasileira, o índio txucarramãe Kaká Werá, falou sobre como são formados e organizados os valores humanos dentro das nações indígenas. Ele afirmou que esses valores são milenares e passados de geração a geração, e que um desses valores é o respeito às diferenças culturais, o que, segundo ele, não tem sido praticado pelo ser humano nos dias de hoje. O representante indígena disse, também, que os índios costumam tirar seus conhecimentos da natureza, e que é por meio dela que são fundamentados seus valores. Durante o debate, Kaká Werá afirmou que os índios querem hoje o respeito aos seus valores. "Os índios não querem terra porque seja alguma indicação de poder aquisitivo, mas porque ela é o sítio de seus ritos sagrados", declarou. Representando a Secretaria de Estado da Educação, a assessora da secretária adjunta Gilva Alves Guimarães comentou a importância da escola na formação e organização dos valores humanos. Segundo ela, uma de suas funções é formar cidadãos críticos e conscientes, que respeitem a vida e os valores humanos. Robson Sávio Reis Souza, representante da Secretaria de Estado da Justiça e de Direitos Humanos, também mostrou sua preocupação com a educação em direitos humanos. "É importante não só aprender os valores humanos, mas também vivenciá-los" afirmou. O deputado João Leite (PSDB), presidente da Comissão de Direitos Humanos e um dos autores do requerimento solicitando o debate público, abordou a questão da falta de segurança pública. Ele criticou os grandes investimentos de alguns governos em armas e questionou se, de fato, o aumento dos armamentos são em uma solução para a crescente violência. Segundo o deputado, a resposta à violência está na escola e na educação. "É preciso valorizar a escola e principalmente os educadores, dando condições de se trabalhar o cidadão do futuro", afirmou o deputado. MESA A reunião foi presidida pelo deputado João Leite (PSDB), presidente da Comissão de Direitos Humanos, e coordenada pelo deputado Edson Rezende (PSB), que compuseram a Mesa com Marilu Martinelli, Regina Fátima Migliolli, o índio txucarramãe Kaká Werá, a representante da Secretaria de Estado da Educação, professora Gilva Alves Guimarães, e do representante da Secretaria de Estado da Justiça, Robson Sávio Reis Souza. R esponsável pela informação: Eustáquio Marques - ACS - 31-2907715 |
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