Representantes de empreiteiras que executaram obras municipais financiadas pelo Fundo Somma em Unaí foram ouvidos, nesta quinta-feira (01/06/2000), pelos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura possíveis irregularidades nessas obras. O diretor da Construmil (Construtora e Terraplanagem Ltda), de Goiás, Mauro José de Oliveira, questionado sobre a subempreitada que contratou serviços da Micro Empresa-ME, informou que o todo o processo aconteceu acompanhado por um engenheiro da Prefeitura. A subempreiteira teria realizado obras de sarjetas e meio-fio que, além de apresentarem irregularidades, foram precocemente danificadas.

Segundo Mauro Oliveira, logo que os problemas foram constatados a Construmil providenciou para que tudo fosse refeito, sem nenhum ônus para a Prefeitura. Respondendo ao deputado Rêmolo Aloise (PFL) sobre um realinhamento de preços ocorrido, ele explicou que isto foi feito apenas com o material betuminoso (cerca de 7%). Explicou também que não tinha conhecimento dos valores corretos, porque o documento que firmou o realinhamento de preço do material betuminoso estaria com o engenheiro da empresa, Fernando Aparecido Campos. De acordo com o diretor da Construmil, é Campos quem possui procuração para assinar em nome da empresa.

O diretor da FR Engenharia Ltda, também de Goiás, Dirceu Martins Júnior, afirmou que a empresa foi contratada, através de uma carta-convite, para fiscalizar as obras a partir de 20 de março. O contrato, no valor aproximado de R$ 80 mil, prevê a prestação de serviços de fiscalização, perícia técnica e a elaboração do projeto de infra-estrutura de um terreno de cerca de 200 mil m2. O projeto foi, segundo ele, entregue ao engenheiro da prefeitura, Getúlio Silveira Alves, que o teria repassado ao BDMG. Respondendo indagação do deputado Rêmolo Aloise (PFL) sobre a não-fiscalização das obras, ele disse que não acompanhou a sua execução. Dirceu Martins Júnior disse ainda que a FR Engenharia assumirá todas as responsabilidades pelas obras do Fundo Somma por ela fiscalizadas.

Subempreitadas foram usadas também pela Poli Engenharia Ltda. Seu diretor comercial, Rubens Correia, afirmou que esses contratos eram do conhecimento da Prefeitura e que as obras antes inacabadas, como no caso das bocas de lobo, sofreram correções e foram finalizadas. Para Correia, o ideal seria que todo o trabalho de saneamento e pavimentação fosse feito simultaneamente, o que é impossível. Ele acha que, para evitar danos nas tubulações subterrâneas, deve-se observar o projeto das companhias responsáveis. O engenheiro declarou que não teve problemas em suas obras financiadas pelo Somma.

O assessor da bancada do PPB, Daílton Geraldo Rodrigues Gonçalves, da Câmara de Vereadores de Unaí, também prestou esclarecimentos sobre denúncia de oferecimento de apoio político ao deputado Luiz Fernando Faria (PPB), membro da CPI, logo após a convocação de vereadores daquela Câmara para depor. O parlamentar disse, na reunião, que lhe causou "estranheza" o telefonema de Gonçalves.

Daílton Gonçalves disse que, em 16 de maio, ligou para os deputados do PPB Gil Pereira, Luiz Fernando Faria e Elmo Braz a fim de solicitar a relação de projetos de autoria deles em tramitação na Assembléia. A intenção era analisá-los e verificar quais poderiam ter desdobramentos para o município, mostrando, inclusive, a relação enviada pelo deputado Gil Pereira (PPB). Segundo ele, no gabinete de deputado Luiz Fernando Faria (PPB), conversou com José Dória e fez o mesmo pedido, negando ter mencionado qualquer assunto relacionado à CPI ou oferecido apoio político ao deputado. O servidor completou que não tem nenhum conhecimento das obras, cuja fiscalização é de responsabilidade dos vereadores do PPB, alegando "ajudar prioritariamente na parte de legislar".

Presenças - Participaram da reunião os deputados Rêmolo Aloise (PFL), presidente da CPI; Ivo José (PT); Luiz Fernando Faria (PPB); Aílton Vilela (PSDB); José Henrique (PMDB); Carlos Pimenta (PSDB) e Arlen Santiago (PTB).

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