Assembléia festeja os 500 Anos da Chegada dos Portugueses
Com a presença de deputados, representantes das Forças Armadas, oficiais e praças da Polícia Militar de Minas Gerais ...
02/05/2000 - 23:47Assembléia festeja os 500 Anos da Chegada dos Portugueses
Com a presença de deputados, representantes das Forças Armadas, oficiais e praças da Polícia Militar de Minas Gerais e alunos do Colégio Militar de Belo Horizonte, a Assembléia Legislativa realizou Reunião Especial na noite de quinta-feira (27/04/00), em comemoração à chegada dos portugueses no Brasil e para homenagear a comitiva de professores da Universidade do Minho, de Portugal.Autora do requerimento que deu origem à solenidade, a deputada Elbe Brandão (PSDB) lembrou em seu discurso que "22 de abril de 1500 é a data oficial da chegada da esquadra do português Pedro Álvares Cabral ao litoral do Brasil, quando jogaram suas âncoras num porto construído pela natureza e muito seguro. De lá até hoje uma história é vivida e contada como saga de uma gente que ainda não sabe compreender o limite da razão e da emoção, entre o que foi, o que é e o que quer ser. Uma verdade sabemos: somente a ação imperativa será capaz de alterar nossos rumos e transformar este País numa nação ideal", disse.
Para a deputada, a nossa complexa visão de passado e futuro compreendida por diversificadas culturas persiste em existir no País, que não esquece sua condição de ex-colônia, mantendo algumas mazelas e erros superlativos antagônicos que sempre ostentou. "Gigante pela própria natureza, gigante em pobreza, monstro na desigualdade e na concentração de renda nas mãos de poucos, grande em potencial de tudo, na mesma proporção em que a fragilidade é percebida e imposta pela riqueza que um dia nos pertenceu", afirmou a deputada. E acentuou - "no momento em que fazemos uma consistente reflexão da nossa história, precisamos reconhecer que Portugal alavancou um novo processo histórico na criação do Brasil, mesmo que os contextos temporais estabelecidos sejam analisados na ótica da atualidade".
Presidindo a reunião, o 1º-secretário, deputado Dilzon Melo (PTB) ressaltou em seu discurso a importância da descoberta portuguesa, salientando que "de um mergulho na História, sempre podemos tirar lição proveitosa. O passado se sedimenta no presente, projetando-se no futuro. Dos erros ou acertos em que se incorre, vem uma definição: ou se confirma que devemos persistir naquele caminho, ou se conclui que devemos evitá-lo. Nessa linha de pensamento, podemos considerar, primeiramente, que a presença portuguesa no Brasil foi um dos grandes acertos da história da humanidade. E, em segundo lugar, que cumpre-nos valorizar tal acerto, estreitando sempre os vínculos com a terra de nossos avós".
Ele entende que vivemos hoje uma época de transformações. "A conscientização dos povos quanto à justiça social se fortalece a cada dia. Neste país - onde as desigualdades se traduzem no privilégio de poucos e na exclusão de muitos - temos a natural tendência de supervalorizar os problemas. Ao fazê-lo, esquecemos aspectos positivos de nosso patrimônio, como o legado político-cultural que recebemos dos irmãos portugueses", disse. Dilzon Melo concluiu seu discurso agradecendo a participação dos representantes do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, do Consulado de Portugal em Belo Horizonte e do Centro da Comunidade Luso-Brasileira.
AGRADECIMENTO
O professor Justino Pereira Guimarães falou em nome da delegação da Universidade do Minho. Para ele, os 500 anos de história do Brasil constituem um processo em que "achamento e descobrimento são absorvidos pela construção. A história do Brasil constitui uma colossal vitória da racionalidade humana numa aventura que alia a inteligência à força mímica, à intuição, à utopia. Uma profunda articulação da espiritualidade e da simpatia autóctones, com a espiritualidade, o rigor e a ciência européias e com a resistência e a docilidade africanas, que fizeram e fazem deste País uma, senão a maior, potência do Hemisfério Sul, associação maior do pensar, do dizer, do fazer", afirmou o professor.
Em nome do Institututo Histórico e Geográfico de Minas Gerais, o presidente, Miguel Augusto Gonçalves de Souza agradeceu a participação da instituição na solenidade. Ele destacou em seu discurso a força dos antepassados portugueses, desde os tempos pré-históricos até os dias atuais, "onde tribos procedentes do Norte europeu, do Vale do Danúbio e até do Oriente Próximo, sempre à procura de terras mais ensolaradas, lutando entre si, caminharam na direção sudoeste do continente, ultrapassaram o magnífico acidente orográfico que é a cordilheira dos Pirineus, e avançaram através da península Ibérica até as praias do então intransponível Atlântico, onde, por impossível continuar, detinham-se nos acolhedores solos lusitanos. Assim o fizeram os lígures, iberos, celtas, fenícios, gregos, cartagineses, romanos, álamos, vândalos, suevos, visigodos e árabes".
Como Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, vislumbro, em nosso sofrido passado colonial, as esperanças de que o Brasil não seja apenas, e já é muito, a 9ª economia, o 5º em extensão territorial e o 6º em população do universo, mas, também, nação socialmente mais justa, cristã e baluarte da lusofonia, pois todos nós somos possuídos do mais sincero apreço por nossa ancestralidade portuguesa, e da qual muito nos orgulhamos.
PLACAS
Sete placas alusivas ao evento foram entregues ao padre Antônio Franclim Sampaio Neiva, a Justino Pereira de Magalhães, a Miguel Teixeira Alves Monteiro, representantes da Universidade do Minho. Ao presidente do Instituto Histórico e Geográfico, Miguel Augusto Gonçalves e ao empresário Joaquim Gaspar Ventura, presidente do Centro da Comunidade Luso-Brasileira. Os deputados Dilzon Melo e Elbe Brandão também foram agraciados com placas do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. A solenidade foi abrilhantada pela Orquestra Sifônica de Polícia Militar de Minas Gerais, sob a regência do maestro major João Bosco Oliveira Rocha.
MESA
Compuseram a Mesa da solenidade o 1º-secretário da Assembléia Legislativa, deputado Dilzon Melo; deputada Elbe Brandão; o professor da Universidade do Minho, padre Antônio Fraclim Sampaio Neiva Soares; o professor Justino Pereira de Magalhães; o professor Miguel Teixeira Alves Monteiro; presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Miguel Augusto de Souza; vice-consul de Portugal, Otacílio Ferreira Cristo; comandante da Academia da PMMG, coronel Ary de Abreu; representante do Centro de Instrução da Aeronáutica - CIAR, capitão Edson Carlos Gonzaga.
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