Hélio Luz: CPIs fazem trabalho que polícia devia fazer
O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro e atualmente deputado estadual Hélio Luz (PT/RJ) disse, nesta sexta-fei...
22/05/2000 - 14:57
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Hélio Luz: CPIs fazem trabalho que polícia devia fazer O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro e atualmente deputado estadual Hélio Luz (PT/RJ) disse, nesta sexta-feira (18/02/2000), à CPI do Narcotráfico da Assembléia Legislativa, que as investigações que estão sendo feitas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito são obrigação policial. "As CPIs solicitam quebras de sigilos bancários, fiscais e telefônicos e cruzam os dados, uma investigação básica que a polícia não faz. Se começa a fazer, interrompe por interesses escusos ou políticos", afirmou. Hélio Luz ressaltou, entretanto, a importância dos trabalhos das CPIs, por estarem tornando públicos fatos que "estavam escondidos embaixo do tapete". Para ele, o problema do narcotráfico não se limita às conseqüências da pobreza, concentra-se nos poderes da República. De acordo com Hélio Luz, que também foi secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro, a maior parte do tráfico de drogas no país se concentra nas fronteiras do centro-oeste, conhecidas como "fronteira seca". "Se estancassem estes 400 Km de fronteira seca, sentiríamos o efeito a médio prazo", ressaltou. Segundo ele, o tráfico não é um problema de favela - onde só estão os gerentes -, ao contrário, os grandes traficantes movimentam ações na bolsa, praticam lavagens de dinheiro e financiam as armas das favelas. "É inadmissível a circulação e a fabricação de armas neste país", criticou. POLÍCIAS CIVIL E MILITAR Questionado pelo relator da CPI, deputado Rogério Correia (PT), sobre a unificação das Polícias Civil e Militar, o ex-chefe da Polícia Civil disse que elas não foram preparadas para defender a sociedade, só garantem a segurança das grandes instituições, que sustentam a impunidade. Para ele, a unificação não vai resolver o problema da segurança pública, caso ela continue a ocupar o segundo plano. O ex-secretário lembrou que a instituição policial foi criada em 1808 para controlar os escravos no País. Segundo ele, depois de 200 anos, ela não tem feito outra coisa senão o mesmo controle social. O deputado José Henrique (PMDB) perguntou o que poderia ser feito para melhorar a segurança pública no Brasil. Hélio Luz acredita que somente a verdadeira distribuição de renda poderia resolver o problema e também que uma polícia com qualidade só existirá quando não houver mais corrupção. "Eles não tem interesse em fazer investigações, a impunidade sempre será garantida pelas instituições. Quando se forma polícia, temos que dar um salário compatível", defendeu. Mas, segundo ressaltou, o maior problema do País é a corrupção, não a Polícia Civil. Para o ex-secretário, a Polícia tem que ser transparente e fiscalizada. "Quem tem uma arma na cintura tem que ter a vida transparente", disse. Ele criticou, ainda, o Ministério Público, responsável pelas investigações destes órgãos, que estaria "deixando a desejar". "A integração com o poder balança. O Ministério Público está voltado para o Estado ou para a sociedade?" , questionou. Para ele, o Estado se constituiu em um "clube", com o comprometimento de todos os poderes. "Um finge que governa, o outro finge que investiga e ninguém toca em ninguém", exemplificou. Para acabar com a prática do crime, segundo ele, é preciso que as investigações sejam permanentes. CPI VAI A MONTES CLAROS Foi aprovado um requerimento, do deputado Rogério Correia (PT), para que a CPI vá até Montes Claros, no Norte de Minas, no dia 24 de fevereiro, para visitar a CPI do Narcotráfico da Câmara Municipal. PRESENÇAS Participaram também da reunião os deputados Marcelo Gonçalves (PDT) - presidente; Rogério Correia (PT) - relator; Paulo Piau (PFL) - vice-presidente; José Henrique (PMDB); e Marco Régis (PPS); o ouvidor de Polícia do Estado de Minas Gerais, José Roberto Resende; a representante do Conselho de Defesa Social, Neila Batista; e o procurador do Ministério Público, André Ubaldino..
Responsável pela informação: Carolina Braga - ACS - 31-2907715
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