Cooperativas de trabalho são as que crescem no país
O ramo do cooperativismo que mais cresce no País é o das cooperativas de trabalho, e isso acontece em conseqüência da...
04/04/2000 - 23:49Cooperativas de trabalho são as que crescem no país
O ramo do cooperativismo que mais cresce no País é o das cooperativas de trabalho, e isso acontece em conseqüência da política econômica e do desemprego. A informação é do superintendente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Valdir Colatto, que participou, na tarde desta terça-feira (4/4/00), no Plenário da Assembléia Legislativa de Minas, da última reunião do II Encontro Nacional das Frentes Parlamentares do Cooperativismo.De acordo com Valdir Colatto, considerando-se apenas as instituições cadastradas junto à OCB, em 1999 foram criadas 560 novas cooperativas em todo o País, o que representou um crescimento de 10,78%. No final do ano passado, a OCB registrava a existência de 5.662 cooperativas, divididas em 12 ramos de atuação. O crescimento maior aconteceu nos ramos de trabalho, que passou de 1.025 para 1.661 cooperativas (um aumento de 62%), e de saúde. No ramo de cooperativas de consumo aconteceu o inverso, com uma redução de 192 para 121 cooperativas. Esse encolhimento, segundo o superintendente da OCB, explica-se por questões tributárias e por dificuldades impostas pela legislação atual.
A FORÇA DO COOPERATIVISMO
Dados da OCB apontam a existência de mais de seis milhões de cooperados no Brasil, e um número de 167 mil empregados nas cooperativas. "Isso é uma vez e meia a mão-de-obra empregada pela indústria automobilística, e com a vantagem de serem postos de trabalho espalhados por todo o País", destacou Valdir Colatto, enfatizando a importância do sistema cooperativo. O ramo com maior número de cooperativas é o de trabalho, com 1.661, 293 mil cooperados e 6,4 mil empregados. As cooperativas agrícolas somam 1.437, com 856 mil cooperados e mais de 100 mil empregos. Em termos de número de cooperados, os ramos que mais se destacam são o de consumo, com 121 cooperativas e 1 milhão e 473 mil associados; e o de crédito, com 920 cooperativas e 1 milhão e 407 mil cooperados.
O superintendente da OCB reiterou a necessidade de mudanças na legislação que rege o sistema de cooperativas, para incentivar o setor, e criticou o desconhecimento de governantes e dirigentes de órgãos públicos sobre o funcionamento do cooperativismo. "Precisamos estabelecer novas relações com a área pública", disse, lembrando que esse é um dos temas que serão debatidos no 12º Congresso Brasileiro de Cooperativismo, a ser realizado de 4 a 8 de dezembro, no Rio de Janeiro.
Voz política - Na opinião de Valdir Colatto, apesar de existirem, no Congresso Nacional, 234 deputados e 27 senadores que se dizem cooperativistas, sua atuação é dispersa e o cooperativismo não tem força política, e a formação de novas Frentes Parlamentares do Cooperativismo (Frencoops) é essencial para reverter essa situação e dar voz política ao movimento.
Após a exposição do superintendente da OCB, parlamentares de vários estados relataram as experiências de Frencoops estaduais e municipais. O deputado Paulo Piau (PFL) abordou o trabalho da Frencoop/MG, que foi lançada em outubro de 1997 e tem 50 deputados estaduais associados. Falaram também os deputados Sandra Rosado (PMDB/RN), Roberto Liberato (PL/PE), Giovani Cherini (PDT/RS) e Joarez Ponticelli (PPB/SC). O vereador Jaime D'Bastiani, de Passo Fundo (RS), apresentou moção pedindo mudanças na legislação das cooperativas, que foi aprovada pelos participantes do Encontro, que foi presidido pelo deputado Ivo José (PT).
EXPERIÊNCIAS DE FRENCOOPS MUNICIPAIS
A exposição dos relatos das experiências das Frencoops Municipais contou com o relato do representante da Federação Mineira de Cooperativas Médicas, Helton Freitas, que falou do trabalho da Fecom, que atua na representatividade jurídica dos médicos mineiros. Ele informou que a Fecom conta com 33 filiados e representa os profissionais dentro dos convênios. Outro relato foi o da representante da Cooperativa de Surdos e Mudos/MG, Aparecida Rocha Rossi. O trabalho da Cooperativa visa o desenvolvimento de deficientes surdos e mudos, que conta com 200 cooperados que atuam na área de informática e prestação de serviços gerais. O presidente da Incubadora de Cooperativas Populares do Vale do Aço, José Vitório, também relatou o trabalho na região. A Incubadora apóia os grupos de cooperados na comercialização de seus produtos tendo uma finalidade social.
PARLAMENTARES ASSINAM TERMO DE COMPROMISSO
Durante o Encontro, foi assinado um termo de compromisso, pelos deputados e vereadores, para implantação de Frencoops nos Estados e Municípios que aderiram ao termo. Os deputados da Bahia, Mato Grosso do Sul, Pará, Goiás e Acre assinaram o termo para implantação das Frentes Parlamentares nestes Estados. O termo para implantação das Frentes nos municípios foram assinados pelos representantes de Jaboticatubas/MG, Ouro Branco/MG, Timóteo/MG, Passa Tempo/MG, Passa Quatro/MG e Fronteira/RS. A presidente da Uvemig, vereadora Arlete Nogueira, defendeu a criação das Frentes Parlamentares, ressaltando o trabalho da Frencoop/MG.
Ao final dos trabalhos, foi divulgado que o Estado do Rio Grande do Norte irá sediar o III Encontro das Frentes Parlamentares.
Responsável pela informação: Jorge Possa - ACS - 31-2907715