CPI do Sistema Financeiro ouve presidente da MGI

O presidente da Minas Gerais Participações S/A (MGI), Paulo Roberto de Paula, afirmou, nesta quarta-feira (15/03/2000...

15/03/2000 - 23:44

CPI do Sistema Financeiro ouve presidente da MGI

O presidente da Minas Gerais Participações S/A (MGI), Paulo Roberto de Paula, afirmou, nesta quarta-feira (15/03/2000), à CPI do Sistema Financeiro que a empresa não participou diretamente do processo de privatização do Banco de Crédito Real (Credireal) e do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge). Segundo ele, a MGI foi incumbida, posteriormente, de fazer a cobrança e tentar receber os créditos de liquidação dos bancos (dívidas provenientes de operações de créditos sem garantias, como, por exemplo, cheques sem fundo recebidos). De acordo com Paulo Roberto de Paula, a MGI não tem estrutura e nem competência suficiente para fazer cobranças desta natureza. A empresa foi criada para gerar participações do Estado em outras empresas e não cobrar. "O Estado cometeu um erro grave ao transferir os créditos para a MGI", afirmou.

De acordo com Paulo Roberto de Paula, a MGI pagou um preço simbólico para a transferência de cerca de 30 mil processos referentes a créditos de liquidação - 18 mil do Bemge e 12 mil do Credireal. O presidente informou que os processos representam R$ 410 milhões em dívidas do Bemge e R$ 324 milhões do Credireal. Esses valores são inconsistentes, segundo o presidente, pois muitos documentos se encontram sem as últimas correções monetárias. Foram recuperados, de acordo com ele, R$ 3,760 milhões dos prejuízos do Bemge e R$ 2,129 milhões do Credireal. "Recuperamos 1% depois de um esforço enorme", disse.

Respondendo o deputado Adelmo Carneiro Leão sobre as garantias dos créditos de liquidação, Paulo Roberto de Paula disse que cerca de 10 mil processos do Bemge foram feitos sem qualquer segurança. Ele informou que existem documentos que dão como garantias fazendas que não existem, castiçais de igrejas, vacas, móveis, máquinas agrícolas estragadas, dentre outras.

ACIONISTAS MINORITÁRIOS
O presidente da MGI questionou o direito dos acionistas minoritários do Bemge de receber o dinheiro dos créditos de liquidação já recuperados. Segundo ele, antes da privatização do banco o Estado injetou R$ 861.380.520,00 para capitalizar e sanear os prejuízos. Os sócios minoritários não contribuíram para a capitalização. "Se coube ao Estado recuperar o prejuízo é ele que tem que receber os créditos recuperados", ressaltou.

O relator da CPI do Sistema Financeiro, deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), perguntou se existe alguma forma de regularizar a situação dos sócios minoritários. Paulo Roberto respondeu que a MGI era apenas a gestora dos créditos e dificilmente se consegue mudar os benefícios dos sócios depois do banco privatizado, pois a organização acionária mudou. O deputado Doutor Viana (PDT) disse que os sócios perdem a memória no momento de sanear, mas não se esquecem de cobrar.

REQUERIMENTOS
Durante a reunião foram aprovados três requerimentos do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT). O primeiro deles pede que seja enviado oficio à Secretaria do Estado da Fazenda solicitando cópias dos relatórios da Comissão de Política Financeira apresentados no final dos governos Newton Cardoso (1986-1990), Hélio Garcia (1990-1994) e Eduardo Azeredo (1994-1998). O segundo requerimento solicita que seja enviado ofício ao Bemge pedindo cópias dos relatórios de gestão elaborados no período de 1990 a 1998. O último requerimento pede ao Credireal cópias dos relatórios de gestão elaborados no período de 1990 a 1997.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ronaldo Canabrava (PMDB) - presidente; Adelmo Carneiro Leão (PT) - relator; Doutor Viana (PDT); e Ailton Vilela (PSDB). Também estavam presentes o vice-presidente, o consultor e o assessor da MGI, Antônio Carlos de Carvalho, Roberto Papini e Paschoal Gomes Filho.


Responsável pela informação: Carolina Braga - ACS - 31-2907715