Wesley Silva depõe na CPI do Narcotráfico

O empresário e tabelião titular do Cartório do 2º ofício de Notas de Betim, Wesley Silva, afirmou, nesta quinta-feira (02/03/2000), à CPI do Narcotráfico, que não teve nenhum envolvimento com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernando Beira-Mar. Durante o depoimento do traficante, feito por telefone no dia três de janeiro, ele denunciou Wesley Silva, citado como seu ex-sócio em uma casa de bingo na Bahia, de envolvimento com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

De acordo com o tabelião, Fernando Beira-Mar não participou da sociedade do bingo, mas sim Luiz César Morais, identificado como suposto primo do traficante. Wesley informou que Luiz César se apresentou para entrar na sociedade alegando ter recebido uma herança, não mencionando seu parentesco com Fernando Beira-Mar. "Eu não sabia que era testa de ferro", justificou, esclarecendo que participou do bingo apenas como investidor. Sobre seu envolvimento com bingos em Minas Gerais, Wesley Silva afirmou que foi presidente do Teuto Esporte Clube, o qual mantém um bingo.

QUESTIONAMENTOS
O deputado Paulo Piau (PFL) pediu explicações do tabelião sobre o crescimento de seu patrimônio, que atingiu 400% entre os anos de 1994 a 1998. Wesley Silva disse que ocupava o cargo de tabelião substituto no cartório e, depois da morte de seu pai, em 1994, passou a ser o titular, o que aumentou seu patrimônio. Ele informou, ainda, que é proprietário, em Betim, de um hotel que se encontra arrendado. A deputada Maria Tereza Lara (PT), que estava substituindo o relator da Comissão, deputado Rogério Correia (PT), perguntou a Wesley como conheceu o traficante Fernando Beira-Mar. Ele respondeu que Beira- Mar lhe foi apresentando pelo corretor imobiliário Ronaldo Faria de Oliveira Antunes, como um investidor da construção civil que compareceu a seu cartório como qualquer habitante daquele município.

O deputado Sargento Rodrigues (PL) questionou o convidado sobre o seu depoimento prestado no dia 22 de julho de 1996 à Polícia Federal. De acordo com o deputado, no depoimento, Wesley Silva aponta o nome de Luiz Fernando da Costa, e agora, nega envolvimento. O tabelião respondeu que Ronaldo Faria de Oliveira, um corretor de Betim que participou da sociedade do Bingo na Bahia, disse que teria mais um sócio, mas não revelou seu nome. Segundo Wesley Silva, somente tomou conhecimento de que Fernando Beira-Mar era traficante quando o mesmo foi preso.

O presidente da CPI do Narcotráfico, deputado Marcelo Gonçalves (PDT), disse que Wesley Silva foi convidado porque foi citado pelo traficante e é obrigação da CPI esclarecer os fatos. Segundo ele, a Comissão errou ao aceitar o depoimento de Fernando Beira-Mar por telefone. Na opinião do deputado, o traficante quis desviar a atenção do que a CPI estava apurando.

REQUERIMENTOS
Durante a reunião foram aprovados quatro requerimentos. Um deles, do deputado Paulo Piau, convida o vereador e policial civil de Dores do Indaiá, Elcimar Geraldo Silva, para prestar esclarecimentos à CPI sobre o combate do narcotráfico naquele município. Os outros requerimentos, respectivamente dos deputados Sargento Rodrigues (PL), Paulo Piau (PFL) e Marcelo Gonçalves (PDT), solicitam visitas da Comissão às autoridades policiais e entidades afins das cidades de Governador Valadares, Uberlândia e Divinópolis.

PRESENÇAS
Participaram da reunião os deputados Marcelo Gonçalves (PDT) - presidente; Paulo Piau (PFL) - vice-presidente; José Henrique (PMDB); Carlos Pimenta (PSDB); Sargento Rodrigues (PL); a deputada Maria Tereza Lara (PT); o procurador da Justiça André Ubaldino; o ouvidor da Polícia, José Roberto Rezende; o delegado da Polícia Federal, Cláudio Dornelas.

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Responsável pela informação: Carolina Braga - ACs - 31-2907715