Sindicato dos Bancários fala à CPI do Sistema Financeiro

A privatização do Bemge prejudicou o trabalho social desempenhado pelo banco no Estado. A afirmação é do presidente d...

03/12/1999 - 07:09

Sindicato dos Bancários fala à CPI do Sistema Financeiro

A privatização do Bemge prejudicou o trabalho social desempenhado pelo banco no Estado. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, Fernando Neiva, que participou, nesta quinta-feira (02/12/1999), da 2a reunião ordinária da CPI do Sistema Financeiro. A Comissão, no prazo de 120 dias, vai investigar o processo de ajuste e as transformações do Sistema Financeiro Público Estadual, na década de 90, com destaque para a privatização do Bemge, em setembro de 1998.

De acordo com o presidente do sindicato, o maior interesse de um banco privado é o lucro, não sendo interessante atender pessoas de baixa renda ou manter agências em regiões pouco desenvolvidas. Segundo ele, o sindicato lutou contra a privatização, tanto do Credireal quanto do Bemge, mas a classe não conseguiu ter acesso a nenhum documento com dados oficiais das privatizações. Fernando Neiva informou que o Bemge foi vendido por R$ 583 milhões, mas, antes da privatização, os governos Federal e Estadual investiram cerca de R$ 1,5 bilhão para sanar todas as dívidas do banco.

Segundo Neiva, a quantidade de demissões que sucederam à privatização é impressionante. Ele informou que, em 1997, o banco contava com 7.104 funcionários. Destes, cerca de 2.000 foram demitidos depois da venda e os demais estão sendo constantemente pressionados, pois novas dispensas virão. "Eles querem produzir lucro e demitir", afirmou. De acordo com o presidente do sindicato, além do problema das demissões, os funcionários que permaneceram no quadro de pessoal estão enfrentando o desprezo por parte dos empregados do Itaú, banco que comprou o Bemge. "Os funcionários do Bemge estão sendo caracterizados de ociosos e lentos", lamentou.

Fernando Neiva criticou, ainda, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, o presidente está entregando o patrimônio nacional, com a política neoliberal que vem sendo praticada. "O presidente disse que com a venda das estatais teríamos mais investimentos em educação e saúde, por exemplo. Está acontecendo o contrário", ressaltou.

Liquidação
O deputado Sebastião Costa (PFL) questionou o convidado quanto à liquidação de bancos como a Minascaixa e Agrimisa. Neiva respondeu que a liquidação destes estabelecimentos foi conseqüência de má administração. Ele afirmou, ainda, que o sindicato brigou contra as liquidações, mas os protestos foram em vão.

Requerimentos
Durante a reunião também foram aprovados dois requerimentos. Um deles, dos deputados Mauro Lobo (PSDB) e Sebastião Costa (PFL), convida o ex-secretário adjunto da Secretaria da Fazenda, Luiz Antônio Athayde Vasconellos, para prestar esclarecimentos à CPI. O outro requerimento, do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), relator da CPI, solicita que seja contratado para assessorar os trabalhos da Comissão o especialista na área em questão, Hugo Eduardo Araújo da Gama Cerqueira, tendo em vista a complexidade da matéria investigada.

Presenças
Participaram da reunião os deputados Ronaldo Canabrava (PMDB), que a presidiu; Adelmo Carneiro Leão (PT); Doutor Viana (PDT); Sebastião Costa (PFL) e Eduardo Daladier (PDT); além do presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, Fernando Neiva.


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