Trabalhadores rurais denunciam violência no Triângulo

Representantes de sindicatos de trabalhadores rurais da região do Triângulo Mineiro e do município de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, participaram, nesta quarta-feira (01/12/1999), da reunião da Comissão de Direitos Humanos para discutir a violência e a tensão social que perturbam os moradores rurais da região. O coordenador do Grupo Especial de Acesso à Terra (Geat), Marcos Helênio Pena, afirmou que os produtores rurais estão sendo vítimas de agressões físicas e ameaças de morte por jagunços contratados pelos fazendeiros locais.

A diretora de Política Agrária da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Maria Antônia Costa Nogueira, falou sobre a violência que vem sendo praticada nas zonas rurais de Minas Gerais, assim como nas cidades. Para ela, denunciar é uma tentativa de combate às agressões e ameaças. De acordo com o diretor regional da Fetaemg no Triângulo Mineiro, Jairo Darcy, os fazendeiros estão despejando, com forças próprias, famílias que se alojaram em suas terras. "A situação é muito grave", avaliou. Segundo ele, os proprietários das terras contrataram pistoleiros para expulsá-los e três trabalhadores já foram baleados nestes constantes confrontos. Ele sugeriu aos deputados Comissão de Direitos Humanos que façam uma visita na região para ver a gravidade do problema.

O diretor regional da Fetaemg denunciou, ainda, que a Polícia Militar tem contribuído com os fazendeiros, não estando presente ou se ausentando nos momentos de conflito. Ele contou que, recentemente, ao intermediar uma negociação de grupos de trabalhadores, foi atacado por pistoleiros que o agrediram e danificaram seu veículo. Jairo Darcy disse que registrou ocorrência e encaminhou suas denúncias ao Incra, à Secretaria da Justiça e também à Comissão de Direitos Humanos. Para o membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Vitória, Cícero Lino, que também já foi agredido por jagunços, os fazendeiros mandam no município de Santa Vitória, que fica a 794 quilômetros de Belo Horizonte. "O prefeito obedece os fazendeiros", disse.

Segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores de Almenara, Aécio José da Silva, o principal problema do município são as barreiras feitas pelos fazendeiros nas estradas. Ele disse que não veio à Comissão pedir terras, mas reivindicar o seu direito de ir e vir. Aécio da Silva contou que já foi ameaçado pelos outros proprietários locais por dar serviço aos trabalhadores sem terra.

O deputado João Leite (PSDB) disse que a Comissão fará o possível para ir à região antes do recesso parlamentar. Ele afirmou, ainda, que encaminhará as denúncias ao Comando da Polícia Militar, à Secretaria de Segurança Pública e também à Polícia Federal.

Ministro extraordinário da Política Fundiária
A diretora de Política Agrária da Fetaemg, Maria Antônia Costa Nogueira, pediu que a Comissão de Direitos Humanos se manifestasse contra a ida do ministro extraordinário da Política Fundiária, Raul Jungmann, ao Triangulo Mineiro. Segundo a diretora, no dia 9 de outubro deste ano o ministro proibiu o ouvidor agrário do Incra de tomar qualquer providência contra os conflitos no Triângulo e, nesta quinta-feira (02/12/1999), fará uma visita à região sem avisar nenhum órgão do governo. O deputado João Leite assegurou à diretora que os deputados se manifestarão contra a atitude do ministro.

Violência contra menores
Antes da discussão sobre a violência no Triângulo Mineiro e em Almenara, o deputado João Leite (PSDB) permitiu que o cidadão Maurício Noronha fizesse uma denúncia. Noronha disse que foi testemunha de uma agressão de policiais militares contra dois menores em Raul Soares. Segundo ele, os policiais, aleatoriamente, espancaram os menores Cristiano Peixoto e Nielson de Paula Lopes na saída de um clube no município. Durante a denúncia, Maurício Noronha se emocionou e pediu o apoio da Comissão de Direitos Humanos.

Presenças
Participaram da reunião os deputados João Leite (PSDB) e Marcelo Gonçalves (PDT).

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Responsável pela informação: Carolina Braga - ACS - 31-2907715