Debate Público discute aumento de violência a taxistas
O aumento da violência na região metropolitana envolvendo motoristas de taxi foi o tema do Debate Público "Segurança ...
30/11/1999 - 07:06Debate Público discute aumento de violência a taxistas
O aumento da violência na região metropolitana envolvendo motoristas de taxi foi o tema do Debate Público "Segurança dos Taxistas: Sinal Vermelho para a Violência", realizado pela Comissão de Direitos Humanos, nesta segunda-feira (29/11/1999), no Plenário da Assembléia Legislativa. O coordenador do evento, deputado João Leite (PSDB), afirmou que a categoria dos taxistas é uma das que mais são vulneráveis à violência crescente. "A crise econômica faz com que os motoristas dobrem a carga de trabalho e isso facilita a abordagem do assaltante", argumentou o deputado.Para o superintendente geral da Polícia Civil, Newton Ribeiro, um dos fatores que dificultam o trabalho policial é a omissão de fatos. "Qualquer detalhe é importante para a apuração" defendeu. Ele afirmou que as polícias Civil e Militar têm realizado um trabalho conjunto e obtido resultados satisfatórios, mas, no entanto, a sociedade tem que colaborar. "Uma denúncia pode não resolver um problema imediato, especificamente, mas pode ajudar a prevenir uma tragédia", afirmou o superintendente, referindo-se às mortes de taxistas.
O comandante do Policiamento da Capital, coronel Augusto Severo Neto, disse que a PMMG está desenvolvendo estratégias de prevenção para diminuir a incidência de crimes contra os taxistas. Ele afirmou que Belo Horizonte tem uma frota de 5.792 taxis comuns e que, segundo estatísticas da PMMG, estes veículos realizam aproximadamente de 92.672 viagens por dia, resultando em 16 corridas por dia para cada veículo.
A PMMG constatou que os sábados, domingos e as segundas-feiras das 18 às 6 horas da manhã, o número de assaltos de Belo Horizonte corresponde a 87% dos casos, sendo que os meses de fevereiro e março tiveram a maior número de assaltos. O jornalista da Rádio Itatiaia, Eduardo Costa, elogiou o trabalho da PMMG e lamentou a ausência de mais taxistas no Plenário da Assembléia para a discussão de um assunto tão importante.
OPERAÇÃO PEDÁGIO
O comandante disse ainda que está sendo realizada a "Operação Pedágio", um trabalho conjunto entre os militares e a comissão de segurança dos taxistas, baseado na vivência dos motoristas de taxi. Segundo ele, o programa estruturou dez pontos de pedágio em BH onde os motoristas podem procurar ajuda de maneira mais rápida. "Os pontos darão maior segurança aos taxistas e sempre estará alternado de modo que somente os motoristas saibam", revela o comandante.
O coronel Augusto Severo disse que os bairros Vera Cruz, Estoril, São João Batista, Glória e Carlos Prates têm os maiores números de assaltos da cidade. "Além disso as avenidas Pedro II, Barão Homem de Melo, Antônio Carlos, Raja Gabaglia e Padre Pedro Pinto estão entre as vias prediletas dos assaltantes", avisa o comandante.
Para o representante do Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários, Taxistas e Trasportadores (Sincavir), Isaías Pereira, a PMMG tem oferecido uma o importante contribuição aos motoristas de taxi, garantindo sua segurança. Mas, segundo ele, o apoio ainda é insuficiente, levando em conta o crescente aumento da criminalidade. Na opinião de Isaías, é preciso unir forças para combater a violência ao profissional do volante, assim como a todos os cidadãos.
COMISSÃO DE SEGURANÇA DOS TAXISTAS
De acordo com o representante da Comissão de Segurança dos Taxistas, José de Fátima Furbino, a crise econômica que o País vem enfrentando impulsionou a violência e a criminalidade. Segundo ele, a morte de alguns taxistas foi a motivação para a legitimação da Comissão de Segurança dos Taxistas (CST), que tem como um de seus objetivos a criação de mecanismos que efetivamente garantam mais segurança aos motoristas. Como exemplo, ele citou o desenvolvimento de um sistema de comunicação mais eficaz.
O representante da Associação dos Condutores Auxiliares de Táxi (Acat), Eduardo Lima Caldeira, defendeu a situação daqueles quer não são proprietários de veículos e de placas de táxi, os motoristas auxiliares. Segundo o representante da classe, os auxiliares estão mais expostos aos assaltos, pois, como não são donos do carro, pagam uma diária e também a gasolina, tendo que recompensar o gasto aceitando todo e qualquer passageiro. " 86% dos assaltos são praticados contra condutores auxiliares", afirmou.
LINHA DIRETA
Para tentar coibir a ação dos assaltantes e dar mais segurança aos taxistas, o representante das Centrais de Rádio Táxi, Josué Cláudio de Souza Filho, afirmou que a Polícia Militar irá implantar um canal de rádio para interligar as centrais e cooperativas de táxi diretamente com o Comando da PM (Copom). Outra medida, que já está sendo implantada pelos motoristas, é adoção dos cartões de crédito como forma de pagamento das corridas. Desse forma, afirma Josué Cláudio, os taxistas ficariam menos vulneráveis às ações dos assaltantes, porque não estariam transportando dinheiro ou cheques.
Após a exposição do representante das Centrais de Rádio Táxi, foi aberto a fase de debates, quando foram discutidas as ações que devem ser adotadas para coibir a violência e melhorar o trabalho dos motoristas. O taxista Gerson Silvestre apresentou protótipo de um veículo equipado com dispositivos de segurança. De acordo com o modelo apresentado, o motorista de táxi, sempre que suspeitasse de passageiros, poderia acionar uma luz externa, que piscaria intermitentemente, indicando que algo estaria errado.
Responsável pela informação: Renata Ramos - ACS - 31-2907715